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Estado de Minas

Casal que est� junto h� 70 anos vai renovar os votos do matrim�nio

Dila e Francisco de Abreu voltar�o ao altar na semana do Dia dos Namorados para celebrar a uni�o ao lado dos 10 filhos, 16 netos e sete bisnetos


postado em 12/06/2017 06:00 / atualizado em 12/06/2017 08:19

Dila, de 90 anos, e Chico, de 92, se conheceram ainda crianças em Dom Lara, no Vale do Rio Doce. Seguiram caminhos diferentes e voltaram a se encontrar anos depois(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A PRESS)
Dila, de 90 anos, e Chico, de 92, se conheceram ainda crian�as em Dom Lara, no Vale do Rio Doce. Seguiram caminhos diferentes e voltaram a se encontrar anos depois (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A PRESS)
No dia que antecede as comemora��es de Santo Ant�nio, o “santo casamenteiro”, os amantes de hoje celebram o 12 de junho com jantares e drinques, namorando noite afora. Mas no in�cio do s�culo 20, o romance era bem diferente. Antes do matrim�nio, o flerte era na base do olhar, sem conversas, sob a vigia da fam�lia e significava compromisso s�rio.

“A gente se olhava tanto que a vista at� tremia”, conta Francisco de Abreu, de 92 anos, acrescentando que pegar na m�o e andar de bonde juntos n�o eram permitidos a ele e Dila de Abreu, de 90, que est� a seu lado h� sete d�cadas. Os eternos apaixonados voltar�o nesta semana ao altar para renovar os votos e celebrar o amor. O casal narra como foi a vida a dois ao longo desses 70 anos, que rendeu a eles uma grande fam�lia com 10 filhos, 16 netos e sete bisnetos, em Belo Horizonte.

Em um casar�o constru�do com muita dificuldade, no Bairro Bonfim, na Regi�o Leste, os anfitri�es espalharam sobre a mesa de jantar, com a ajuda de filhas e netos, os registros da longa jornada e remontam mem�rias que tra�am um amor � moda antiga. Dila sempre sorridente, vestindo um conjunto azul-celeste, graceja ao lado do esposo Chico, que, com uma boina na cabe�a, conta como foram os primeiros encontros amorosos.


Eles se conheceram ainda crian�as em Dom Lara, no Vale do Rio Doce. Por�m, na juventude, seus caminhos seguiram separados. Aos 17 anos, Francisco foi consertar sapatos em Inhapim, uma cidade vizinha, enquanto Dila se mudou para outro vilarejo para trabalhar na casa de um fazendeiro. “Ela era apaixonada por mim e eu n�o tinha inten��o de me casar com ela. Mesmo assim, ela escolhia sempre as melhores frutas do quintal para me dar”, confessa Chico que o amor nem sempre � � primeira vista.


Com a descoberta de uma doen�a, � �poca diagnosticada como epilepsia, Chico se sentiu solit�rio pelo preconceito e viu em Dila um porto seguro pois ela permaneceu ao lado do amado. Seu altru�smo, fidelidade e do�ura despertaram o amor de Chico e o interesse em despos�-la. Contudo, o noivado s� engatou depois que Dila cansou de esperar uma iniciativa do par e deu o ultimato: “Se voc� n�o casar comigo, eu volto pra casa”. Mas havia uma pedra no caminho para o altar: a m�e de Francisco n�o aprovava a uni�o dos “pombinhos” e prometeu que o expulsaria de casa se ele contrariasse sua vontade. Como Chico � teimoso, por pr�pria defini��o, ele desafiou a matriarca e em maio de 1947, perante Deus, eles juraram amor eterno at� que a morte os separe.


“No meu cora��o, eu tinha que casar, mesmo contra a vontade de mam�e. Comprei um terno, marquei a cerim�nia e casei. Casamos muito pobres, com 500 reais emprestados. Nem alian�a consegui comprar”, descreveu Chico. “Tive que casar de vestido curto, j� que o meu pai n�o tinha dinheiro para comprar mais tecido”, ressaltou Dila, lembrando-se das dificuldades que eles enfrentaram para come�ar uma vida juntos. O primeiro beijo, como pensava a fam�lia, n�o foi dado em frente ao pastor. Na v�spera da cerim�nia, Dila arriscou uma r�pida bitoca na bochecha de seu futuro marido, fato que arrancou gargalhadas da fam�lia que n�o sabia do epis�dio. Um ano depois de casados “veio o primeiro filho, no segundo anos mais um, no terceiro mais um, no quarto mais um, no quinto mais um, no sexto vieram dois, at� inteirar 11. A �ltima morreu ainda beb�”.


Com a idade avan�ada, se aproximando do centen�rio, n�o faltam hist�rias para contar. Enfrentando as doen�as da vida, o casal segue como exemplo de uni�o. “A nossa hist�ria, n�o � s� uma hist�ria de amor, eu tenho convic��o que Deus a escreveu”, disse Chico. Com uma rotina muito religiosa, no qual frequentam a igreja e fazem estudos b�blicos, o futebol tamb�m tem seu espa�o. Cada um com seu “radinho”, deitados lado a lado na cama de casal, os dois acompanham as partidas e torcem juntos pela vit�ria do Cruzeiro.

Registros da longa jornada foram espalhados pelo casal sobre a mesa de jantar, resgatando memórias de um amor que sobrevive há sete décadas(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A PRESS)
Registros da longa jornada foram espalhados pelo casal sobre a mesa de jantar, resgatando mem�rias de um amor que sobrevive h� sete d�cadas (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A PRESS)

SEGUNDO CASAMENTO A poucos dias das bodas de vinho, Dila e Francisco creditam a felicidade do relacionamento ao companheirismo, paci�ncia e respeito. “Nunca tivemos uma briga, nem levantamos a m�o para o outro. �s vezes a gente tem um aborrecimento, um sai chateado, mas a gente aprendeu a se entender. Eu mudei muito, era um burro xucro, aprendi com ela a ser mais manso”, declarou Chico.
Ainda maquiada e arrumada da �ltima prova do vestido, que desta vez ser� longo, god� e de renda cor champanhe, Dila prepara ansiosa o discurso que ser� declamado ao amado no seu segundo casamento. No dia, trocar�o as t�o esperadas alian�as que n�o puderam fazer da primeira vez. O evento, marcado para o pr�ximo dia 16, convida a todos a celebrar um amor a dois. J� diz o convite: “Amar n�o � olhar um para o outro, � olhar juntos na mesma dire��o”. Por eles, se olhariam por mais 70 anos.

*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram


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