Museu que homenageia Dona Beja, em Arax�, pode reabrir em 2018

Arax� – Fechado desde 2014 por decis�o do Minist�rio P�blico, diante de den�ncias envolvendo problemas na estrutura do teto e na rede el�trica, o museu Dona Beja ser� restaurado, com possibilidade de ser reaberto em 2018, no 145º anivers�rio de morte de Ana Jacinta de S�o Jos� (1800-1873). Beja – tamb�m chamada de Beija – nasceu em Formiga, no Centro-oeste mineiro, e se mudou ainda crian�a para Arax�, no Alto Parana�ba, onde fez fortuna.

O museu que a homenageia � um sobrado colonial de dois pavimentos. Foi erguido no Centro de Arax�, em frente ao agora teatro municipal, h� cerca de 200 anos. Foi fundado em 1965 pelo empres�rio e jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968), criador do grupo Di�rios Associados, do qual o Estado de Minas faz parte. Tr�s anos antes de morrer, o empres�rio da comunica��o passou uma temporada no munic�pio para se recuperar de dois derrames nas �guas termais do Grande Hotel do Barreiro.

Chateaubriand era apaixonado por artes. Tanto que fundou, em 1947, o Museu de Artes de S�o Paulo (Masp). Em Arax�, um busto dele foi fixado no p�tio interno do museu. “A princ�pio, a previs�o � de que nosso cart�o-postal seja reaberto ao p�blico em 2019. Contudo, acredito que devamos concluir a obra em 2018”, antecipou o prefeito de Arax�, Aracely de Paula.

“O museu ser� restaurado sob nova proposta museol�gica e museogr�fica, com adapta��es de acessibilidade, com projeto que est� sendo elaborado pela S�culo 30, empresa de Belo Horizonte. Depois, ser� enviado ao Minist�rio da Cultura para aprova��o, com incentivo por meio da Lei Rouanet e, consequentemente, capta��o de recurso da nossa parte”, pontuou Annette Akel, presidente da Funda��o Cultural Calmon Barreto de Arax�, respons�vel pelo museu.

Boa parte do acervo do museu � formada por mob�lias antigas, mas o que mais chama aten��o dos visitantes s�o os longos vestidos usados pela atriz Mait� Proen�a na novela Dona Beija (com “i” mesmo). O folhetim, exibido em 1986, foi sucesso de audi�ncia e ajudou a divulgar o museu no Centro de Arax�.

Por�m, � importante deixar claro que o sobrado n�o foi resid�ncia de Beja. Ali�s, n�o h� documentos oficiais que comprovem a data exata da constru��o do im�vel. � bem poss�vel, contudo, que a edifica��o seja uma das duas que o bot�nico e viajante franc�s August de Saint-Hilaire (1779-1853) mencionou existirem em frente � antiga pra�a quando esteve na cidade, em 1819.

Em pesquisa feita em diversas fontes, a presidente da Funda��o Calmon Barreto cita que, embora os pesquisadores n�o tenham descoberto o ano exato da constru��o do sobrado, documentos antigos informam que o pr�dio foi propriedade do capit�o Ant�nio Jos� de Ara�jo, um dos primeiros criadores a requerer terras no sert�o dos Arax�s, em 1830. Posteriormente, o sobrado foi ocupado por fam�lias tradicionais do munic�pio, como Affonso Teixeira, Rodrigues Valle e Ver�osa.

TOMBAMENTO A Lei 2.041, de 1986, municipalizou o museu. J� em 28 de dezembro de 1990, por meio da Lei 2.410, o casar�o e o acervo foram tombados. A reforma do local � importante para resgatar a hist�ria de Beja e da cidade, cuja forma��o � a mais antiga do chamado Sert�o da Farinha Podre, que re�ne atualmente o Tri�ngulo Mineiro e o Alto Parana�ba.

Amada e odiada

Ana Jacinta de S�o Jos� se mudou com a m�e e o av� para Arax� aos 5 anos de idade. Jamais conheceu o pai. Relatos orais contam que sua beleza incomodava mulheres e atra�a gal�s. O apelido, dado pelo av�, se deveria � compara��o com a do�ura e a beleza da flor-beijo. Aos 15 anos foi raptada pelo ouvidor Joaquim In�cio. Viveu como amante dele, no Rio de Janeiro, por dois anos. De volta a Arax�, foi hostilizada pelas damas da alta sociedade. Construiu a Ch�cara do Jatob�, cuja localiza��o exata � desconhecida. Mas era l�, segundo a tradi��o oral, que dormia com v�rios homens, engravidando de um deles. Acumulou riqueza. Em 1853, se mudou com a filha para Barragem, hoje Estrela do Sul. L� morreu e foi enterrada.