
“No Norte de Minas, h� uma verdadeira farra do transporte clandestino, realizado livremente entre os munic�pios. A regi�o tamb�m � rota de viagens irregulares entre o Nordeste e S�o Paulo”, afirma a assessora jur�dica do Sindicato das Empresas do Transporte de Passageiros de Minas Gerais (Sindipas), Zaira Carvalho Silveira.
Ela salienta que a fiscaliza��o do transporte clandestino � “insuficiente e desproporcional � gravidade do problema”, com o servi�o irregular sendo raramente fiscalizado. “Esse ambiente faz com que as viagens sejam realizadas de forma totalmente prec�ria, sem pr�via autoriza��o do poder p�blico”, afirma.
Zaira Carvalho chama aten��o para os riscos enfrentados pelos passageiros diante da falta de fiscaliza��o sobre as condi��es do transporte “Em viagens clandestinas, muitas vezes, n�o se sabe sequer o nome do respons�vel, se o ve�culo est� em perfeito estado, se o motorista est� apto. A pessoa p�e a vida em risco em uma viagem clandestina e n�o tem nenhuma garantia de responsabiliza��o do transportador”, comenta advogada.
O pre�o da passagem de �nibus � muito inferior ao valor do bilhete do �nibus de linha regular. Por isso, a clientela dos “gen�ricos” � formada por pessoas de baixa renda, que muitas vezes s�o obrigadas a encarar os riscos por n�o ter como pagar mais caro. Esse � o caso da maioria dos passageiros que estavam no �nibus que tombou ontem na BR-251. Eles sa�ram de S�o Paulo com destino a Euclides da Cunha, cidade de 60,5 mil habitantes, no Nordeste da Bahia, a 325 quil�metros de Salvador.
Devido � car�ncia dos passageiros, na tarde de ontem a Prefeitura de Salinas teve de providenciar um local para fornecer comida e hospedagem para os passageiros que ficaram feridos no acidente e tiveram alta do hospital. Conforme a diretora do Hospital Municipal de Salinas, L�cia Lima, o munic�pio providenciou a alimenta��o e encaminhou os sobreviventes para uma unidade da Secretaria Municipal de Assist�ncia Social.
A empresa dona do �nibus envolvida no acidente, em cumprimento a medida legal, ficou de enviar um outro �nibus para completar a viagem de Salinas at� Euclides da Cunha (em torno de 800 quil�metros de dist�ncia). Mas, o coletivo n�o havia chegado at� o fim da tarde. A empresa fica na cidade baiana.
Morreram no acidente seis homens, tr�s mulheres e duas crian�as: uma menina de aproximadamente 9 anos e uma beb� de 2 meses. Com exce��o de um homem que morreu no hospital de Salinas, os corpos das v�timas que morreram no local foram levados para necr�psia no Instituto M�dico Legal (IML), onde, at� a noite de ontem, ainda n�o tinham sido identificados.
Como o motorista do �nibus fugiu, n�o foi encontrada sequer a lista de passageiros. O delegado Renato Nunes Henriques, chefe do 11º Departamento de Pol�cia Civil de Montes Claros, disse que a for�a-tarefa formada no IML para identifica��o ser� obrigada a recorrer a exames de compara��o de DNA e de digitais para a identifica��o dos corpos.
AN�LISE DA NOT�CIA
�reas de perigo
Boa parte dos acidentes envolvendo gen�ricos ocorre no Norte de Minas e nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, rotas para o Nordeste do pa�s. Todos os anos, milhares de nordestinos que foram ganhar a vida em S�o Paulo, de onde partem muitos coletivos irregulares, retornam � terra natal nesta �poca do ano, para as tradicionais festas juninas. As viagens ficam mais perigosas n�o s� pela falta de fiscaliza��o e pela manuten��o inadequada nos �nibus, mas tamb�m pela prec�ria malha vi�ria que corta a regi�o onde ocorrem os acidentes. (PHL)