PRF flagra um motorista ou passageiro sem cinto de seguran�a a cada 12 minutos nas BRs mineiras

A morte de um motorista de 41 anos ap�s o carro que ele dirigia atingir com viol�ncia a traseira de uma carreta na BR-040 em Congonhas, na Regi�o Central de Minas Gerais, na quarta-feira, chama a aten��o para um perigo silencioso que est� presente em larga escala todos os dias nas estradas mineiras.

De acordo com a Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF), o condutor n�o usava cinto de seguran�a no momento da batida, situa��o que foi decisiva para sua morte, j� que o interior da cabine se manteve relativamente preservado e a causa mais prov�vel do �bito foi a pancada de sua cabe�a no para-brisa do carro.

A cada 12 minutos, a PRF flagra um motorista ou passageiro sem o cinto de seguran�a nas BRs do estado, condi��o ideal para que uma batida que poderia ocorrer sem nenhum ferido se transforme em uma verdadeira trag�dia. A situa��o se mostra ainda mais preocupante quando analisados os dados da fiscaliza��o dos dois �ltimos anos que j� tiveram os balan�os fechados. Em 2015, a PRF multou 33,4 mil ve�culos que levavam pessoas sem a prote��o essencial. No ano passado, a fiscaliza��o apertou o cerco e esse n�mero cresceu 31%, ultrapassando a casa das 43,7 mil autua��es.

Especialistas e a pr�pria PRF s�o taxativos ao ressaltar que o uso do equipamento obrigat�rio tanto nos bancos da frente quanto nos de tr�s � decisivo para salvar uma vida e, portanto, poderia minimizar a carnificina registrada ano ap�s ano no Brasil. Pesquisa da Associa��o Brasileira de Medicina (Abramet) indica que o uso do cinto nos bancos dianteiros reduz em 45% o risco de morte em caso de acidente, �ndice que chega a 75% no banco traseiro.

O agente da PRF Eduardo Machado, que trabalha no posto da corpora��o em Congonhas, informou que as condi��es da batida que vitimou o motorista na quarta-feira ainda ser�o analisadas pela per�cia e pela investiga��o da Pol�cia Civil, mas as an�lises feitas no local indicam que a carreta transportadora de min�rio atingida pelo carro tinha feito uma manobra de entrada na BR-040 momentos antes da colis�o. Ela ainda estava em acelera��o, portanto, em uma velocidade mais baixa. A batida ocorreu por volta das 4h, na faixa da direita da estrada. “A marca da cabe�a da v�tima batendo no para-brisa e estufando o vidro para frente indica que o que causou a morte provavelmente foi esse impacto”, afirma o policial.

Acostumado com o trabalho de fiscaliza��o e atendimento de acidentes na BR-040, o agente diz ser comum encontrar motoristas e passageiros sem cinto diariamente na estrada federal. “Mais comum do que se imagina. A falta de consci�ncia � muito grande, se a gente parar as outras demandas apenas para fiscalizar o cinto vamos achar em torno de 30 casos todos os dias, apenas aqui na �rea de abrang�ncia do posto”, completa o policial.

O inspetor Aristides J�nior, que � chefe do N�cleo de Comunica��o Social da PRF em Minas, acrescenta ainda que normalmente quem comete esse tipo de infra��o s�o as pessoas que t�m costume de andar em pequenas dist�ncias nas rodovias, que pensam que o trajeto ser� r�pido, e tamb�m caminhoneiros, iludidos por uma falsa sensa��o de seguran�a dos ve�culos mais pesados. “O uso do cinto de seguran�a � o que vai definir se a pessoa vai sair viva ou n�o em acidentes, especialmente em casos de colis�es traseiras e capotamentos”, diz o inspetor.

Ele diz ainda que a fiscaliza��o est� atenta a esse problema. Prova disso, cita, � o aumento na quantidade de autua��es na compara��o entre 2015 e 2016. No ano passado, foram 35.565 motoristas e 8.225 passageiros flagrados nessa situa��o, o que significa um a cada 12 minutos, contra 25.681 condutores e 7.726 acompanhantes em 2015, m�dia de um a cada 15 minutos. “� um n�mero preocupante, porque demonstra acomoda��o das pessoas”, completa J�nior.

O mestre em engenharia de transportes Paulo Rog�rio Monteiro concorda que h� uma neglig�ncia muito grande do pr�prio motorista ou passageiro ao assumir um p�ssimo comportamento e n�o colocar o cinto. Mas ele tamb�m destaca que a mudan�a de atitude � motivada pela combina��o da fiscaliza��o com a educa��o. Quanto mais o motorista tem a certeza da impunidade, mais flex�vel e tolerante ele � em rela��o ao cumprimento das regras. O risco � todo do motorista ou do passageiro, mas quando eles sofrem o acidente isso gera um custo coletivo de atendimento de tr�nsito e de sa�de que � imputado � sociedade”, afirma.

Eduardo Biavati, que � mestre em sociologia e especialista em educa��o e seguran�a no tr�nsito, lembra que as campanhas que foram feitas pelos �rg�os p�blicos na �poca da aprova��o do C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB), no fim da d�cada de 1990, foram muito importantes para em uma parcela significativa da popula��o a percep��o de que o cinto de seguran�a salva vidas. “O problema � que na �ltima d�cada esse assunto ficou soterrado e n�s perdemos um �timo momento de ades�o surpreendente para aproveitar e encaixar os outros assuntos que tamb�m matam no tr�nsito, como o uso de bebidas alco�licas e o excesso de velocidade”, afirma.

Sete mortos na BR-040

Uma crian�a, que provavelmente estava sem cinto de seguran�a no colo de outro passageiro, foi arremessada para fora do carro durante um grave acidente ontem na BR-040 em que morreram cinco pessoas, por volta do meio-dia, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. De acordo com informa��es da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF), dois carros de passeio bateram de frente na pista sentido Rio de Janeiro. Um deles invadiu a contram�o. Tr�s ocupantes dos ve�culos foram socorridos em estado grave e outro sofreu ferimentos leves. Entre as v�timas, est� uma gr�vida. Os socorristas a levaram para o hospital na tentativa de salvar a vida do beb�. Mais cedo, duas pessoas morreram em outro acidente na BR-040, em Itabirito, Regi�o Central do estado. Segundo a PRF, o carro em que as v�timas estavam invadiu a contram�o e bateu de frente com uma carreta. Os dois ocupantes do Ford Ka, um homem e uma mulher, morreram na hora. J� o motorista da carreta sofreu ferimentos leves e foi encaminhado para o hospital Bom Jesus de Congonhas.