
Um dos autores do estudo, Ricardo Louren�o, chefe do Laborat�rio de Mosquitos Transmissores de Hematozo�rios do IOC, explicou que a inten��o do trabalho era avaliar o risco de a virose, restrita ao meio rural desde a d�cada de 1940, voltar a se tornar uma doen�a das cidades. No Brasil, neste ano, foram registrados 797 casos da doen�a no Brasil, com 275 mortes, mas todas as v�timas foram picadas por mosquitos silvestres ao entrarem em �reas de matas.
Para avaliar o risco de reurbaniza��o, foram testados mosquitos urbanos (Aedes aegypti e Aedes albopictus) do Rio de Janeiro, onde n�o era registrada a doen�a havia 70 anos, de Manaus e de Goi�nia. E foram estudadas tamb�m diferentes linhagens do v�rus – a que circulava anteriormente no Brasil, a que est� circulando atualmente e a que foi isolada na �frica.
A metodologia foi adotada porque a diversidade das popula��es de mosquitos e as transforma��es dos v�rus ao longo das d�cadas poderiam ter afetado a capacidade de os insetos transmitirem a doen�a. “O v�rus vai evoluindo no tempo, produzindo muta��es, criando adapta��es. Por isso, precis�vamos fazer a compara��o. E, de fato, a chance de transmiss�o dos v�rus � muito grande pelos insetos do Rio de Janeiro e de Manaus. A transmiss�o ocorre nos mosquitos de Goi�nia em menor grau”, afirmou Louren�o.
Foram avaliados ainda mosquitos silvestres das esp�cies Haemagogus leucocelaenus e Sabethes albiprivus. O trabalho analisou tamb�m insetos Aedes aegypti e Aedes albopictus coletados em Brazzaville, no Congo, onde a febre amarela silvestre � end�mica.
ALERTA PARA O RIO DE JANEIRO Os insetos foram divididos por g�nero, e f�meas foram alimentadas com amostras de sangue contendo v�rus da febre amarela de diferentes linhagens. A presen�a de part�culas de v�rus na saliva dos insetos ap�s 14 dias foi o indicador do potencial de transmiss�o da doen�a. Todos os mosquitos tinham capacidade de transmitir a febre amarela, com exce��o do Aedes albopictus de Manaus, que n�o transmitiu o v�rus africano.
“A capacidade de o Aedes aegypti do Rio de Janeiro transmitir a febre amarela chega a 60% com a linhagem que circula agora e a 40% com a linhagem do passado ou do oeste africano. � maior do que o a do mesmo mosquito de Goi�nia, onde emergem casos de macacos infectados, e do que o de Manaus, que � �rea de febre amarela end�mica”, disse o representante do IOC.
Para o pesquisador, diante da real possibilidade de reintrodu��o da febre amarela no ambiente urbano, � preciso que as autoridades de sa�de intensifiquem o combate ao mosquito e imunizem a popula��o. “A transmiss�o urbana j� pode estar acontecendo, e a gente n�o sabe. Na d�cada de 1930, descobriram que havia a febre amarela silvestre porque houve caso no Esp�rito Santo e n�o acharam nenhuma larva ou adulto de Aedes aegypti”, alertou.
Surto provocou quase 160 mortes em Minas
Desde o in�cio do ano, Minas Gerais confirmou 159 mortes em decorr�ncia da febre amarela silvestre, com 446 pessoas comprovadamente infectadas pelo v�rus, no maior surto j� registrado pelo Minist�rio da Sa�de. Segundo a Secretaria de Estado de Sa�de, apesar de uma estabiliza��o do n�mero de casos da virose no estado, h� ainda sob an�lise 18 �bitos e 138 notifica��es suspeitas de contamina��o pelo v�rus.
De acordo com a secretaria, o �ltimo paciente com cont�gio confirmado por febre amarela nos limites do estado teve o in�cio dos sintomas em 18 de abril. Desde ent�o, houve um registro em 10 de maio, de um paciente de 79 anos, morador de Belo Horizonte, que foi infectado pelo v�rus durante um retiro no Mato Grosso. O �ltimo balan�o referente � doen�a em Minas foi divulgado em 26 de junho.
Segundo a secretaria, a vigil�ncia sobre a febre amarela continua ativa em Minas, assim como as estrat�gias de preven��o e controle dentro da rotina, conforme previsto nas diretrizes do Programa Nacional de Vigil�ncia, Preven��o e Controle da Febre Amarela. A pasta informa que “seguir� investigando e finalizando os casos j� notificados que ainda est�o em sem defini��o, ou novos registros”. Por�m, n�o atesta que os riscos de contamina��o estejam afastados, apesar do bloqueio vacinal realizado no estado no primeiro semestre.

Diante desse cen�rio, a Secretaria de Sa�de, entre outras medidas para conter o avan�o da doen�a, refor�ou a campanha de vacina��o por meio do Sistema �nico de Sa�de, primeiramente na regi�o Leste, a mais atingida pelos primeiros casos da doen�a, e depois nas demais �reas do estado.
OUTROS MALES amb�m transmitido pelo Aedes aegypti, o v�rus da febre chikungunya segue avan�ando em Belo Horizonte e em Minas. De acordo com balan�o divulgado ontem pela Secretaria Municipal de Sa�de, j� foram confirmados 60 pacientes infectados este ano na capital, quase o dobro dos 12 meses de 2016, quando houve 31 registros da doen�a na cidade. No estado a situa��o tamb�m � cr�tica, com 16.738 casos prov�veis e a primeira morte confirmada pela virose na hist�ria, em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Em rela��o � dengue, BH tem 697 pacientes com a doen�a e 1.145 casos pendentes de resultados, al�m de 14 casos de zika e 94 notifica��es para a doen�a.