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Estado de Minas

Ap�s assalto com dois mortos, moradores de Santa Margarida lamentam inseguran�a

Enquanto se despedem de PM e vigia executados por ladr�es de banco, moradores de cidade da Zona da Mata atacada por bando criticam baixo efetivo policial e lamentam inseguran�a


postado em 12/07/2017 06:00 / atualizado em 12/07/2017 07:50

Santa Margarida – Uma cidade de luto, abalada e ref�m do medo. O assalto a duas ag�ncias banc�rias em Santa Margarida, que na segunda-feira resultou na morte de um cabo da Pol�cia Militar e de um seguran�a do Banco do Brasil, deixou apavorados moradores do munic�pio de 18 mil habitantes da Zona da Mata, a 300 quil�metros de Belo Horizonte. Exp�s ainda um problema comum a v�rias localidades do estado: o d�ficit de policiamento e de equipamentos das for�as de seguran�a p�blica.

“Esta viatura n�o recebe manuten��o adequada. A Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) recomenda um policial a cada 500 moradores. Aqui s�o sete, quando deveria haver 36”, reclamou um militar em trabalho na cidade. Ele e outros cerca de 250 companheiros de farda foram enviados para Santa Margarida para ca�ar nas montanhas da regi�o o foragido Daniel Rodrigues Aguiar, de 34 anos, que escapou do cerco policial montado horas depois dos assaltos.

Outros tr�s acusados de participar do ataque foram presos em �rea de mata anteontem. A pol�cia ainda n�o sabe quem atirou na cabe�a do cabo Marcos Marques da Silva, que tinha 36 anos, e nas costas do seguran�a Leonardo Mendes, de 54. O corpo do militar foi enterrado na manh� de ontem, na cidade vizinha de Manhua�u, em clima de uma grande como��o. Uma multid�o tamb�m se despediu, em Santa Margarida, do vigilante.

“O sonho do meu irm�o era ver o ca�ula formado em odontologia. N�o deixaram”, lamentou o gesseiro L�ni Mendes, parente do seguran�a do Banco do Brasil. Ele � tio de um dos ref�ns usados pela quadrilha para impedir que os policiais da cidade atirassem contra os criminosos durante o assalto. “Pegaram ele logo ali e o fizeram carregar o dinheiro do Sicoob e quebrar a entrada de vidro do Banco do Brasil. Ele viu o meu irm�o, que � tio dele, morrer”, completou, indignado, L�nio.

Ver galeria . 18 Fotos Corpo do Cabo Marcos Marques de Souza, de 36 anos, está sendo velado e será enterrado em ManhuaçúDivulgação/Bombeiros
Corpo do Cabo Marcos Marques de Souza, de 36 anos, est� sendo velado e ser� enterrado em Manhua�� (foto: Divulga��o/Bombeiros )
A como��o tomou conta dos moradores da cidade. Peda�os de tecido preto foram pendurados em algumas fachadas, em alus�o ao luto. Em frente ao im�vel em que o militar foi atingido, o cabo da reserva Ant�nio Henrique Pereira, de 60, se ajoelhou, na manh� de ontem, e rezou pelo ex-amigo de farda. Depois, foi � ag�ncia do Banco do Brasil e fez o mesmo pela mem�ria do vigilante.

“Pedi a Deus que ilumine o cora��o dos pol�ticos, para que governem o Brasil com honestidade. Para que isso n�o volte a se repetir aqui nem em outro lugar. Que Jesus ilumine aqueles que nos governam, porque isso n�o podia ter ocorrido. Eu era amigo dos dois. Estou muito sentido”, disse o militar reformado.

Ele n�o � exce��o: Santa Margarida � uma cidade pequena, rodeada por montanhas, onde quase todos se conhecem, ainda que de vista em muitos casos. Oficialmente, a criminalidade l� n�o � alta. Dados da Secretaria de Estado de Seguran�a P�blica informam que, de janeiro a maio deste ano, �ltimo dado dispon�vel, ocorreram 12 crimes violentos. No mesmo per�odo de 2016 foram 11. Entretanto, moradores afirmam que muitas ocorr�ncias n�o s�o registradas pela PM. “O problema aqui � o tr�fico de drogas. Da� ocorrem furtos e arrombamentos”, contou um morador que prefere o anonimato.

Refor�o de tr�s militares


At� o in�cio do ano a cidade contava com quatro militares. Em janeiro, recebeu o refor�o de tr�s. Essa n�o foi a primeira vez que criminosos invadiram uma ag�ncia banc�ria no munic�pio. No in�cio de 2016, estouraram os caixas eletr�nicos do Banco do Brasil. “A ag�ncia ficou fechada por um ano mais ou menos. Abriu em 2017. E agora aconteceu isso”, reclamou o aposentado Jos� Dutra, de 73, que era amigo do militar e do vigilante mortos no ataque de segunda-feira.

Ali�s, Jos� faz quest�o de contar, o seguran�a do Banco do Brasil entrou em seu lugar quando ele se aposentou. “Fui eu que o indiquei para o gerente. Depois que me aposentei, fiquei mais nove meses de servi�o, para dar tempo de o Leonardo fazer o curso de vigilante e ocupar o meu lugar. �ramos amigos”, disse, enquanto observava, incr�dulo, funcion�rios colocando tapumes de madeira na porta de vidro estilha�ada pelos criminosos.

As ag�ncias invadidas, uma ao lado da outra, ficam na Pra�a Celestino Pereira Lima, a principal da cidade. Do outro lado dela ficam o hospital e uma creche. Na lateral direita, uma escola estadual. O assalto foi filmado por moradores e o v�deo viralizou nas redes sociais. Imagens mostram o p�nico de testemunhas ao perceber que o vigilante e o policial haviam sido atingidos. “Queremos paz”, resumiu a moradora Neuza Santos, de 63.

Na esquina em que o cabo foi baleado, marcas de tiros na parede dão a dimensão da violência do ataque. Faixa de tecido preto foi estendida em sinal de luto(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Na esquina em que o cabo foi baleado, marcas de tiros na parede d�o a dimens�o da viol�ncia do ataque. Faixa de tecido preto foi estendida em sinal de luto (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)


250 PMs em ca�ada que virou quest�o de honra

A Pol�cia Militar montou uma for�a-tarefa entre v�rios batalh�es para capturar o foragido Daniel Rodrigues Aguiar, de 34 anos, especializado em artefatos explosivos, segundo o prontu�rio na corpora��o. “H� mais ou menos 250 policiais envolvidos no cerco”, contou o tenente-coronel S�rvio, que ajuda a comandar a opera��o de uma base na �rea rural do munic�pio.

O refor�o conta com tr�s helic�pteros. A PM acredita que o foragido esteja armado, pois, apesar de a corpora��o ter apreendido farto armamento de grosso calibre com tr�s suspeitos j� presos, uma equipe encontrou um cartucho com muni��o ponto 40 na mata. “N�o apreendemos arma desse calibre com os demais”, informou o oficial.

Cerco em rodovias que cortam a zona rural é aposta de militares empenhados na prisão de criminoso que fugiu (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Cerco em rodovias que cortam a zona rural � aposta de militares empenhados na pris�o de criminoso que fugiu (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Militares tratam a pris�o como mais do que uma resposta da PM � comunidade: � quest�o de honra. “Ele matou um her�i. O cabo n�o atirou porque havia ref�ns na carroceria da caminhonete e ele n�o colocou a vida de inocentes em risco”, desabafou um amigo de farda.

Santa Margarida � cercada de altas montanhas. Ao mesmo tempo em que a PM vai fechando o cerco ao criminoso, trabalha com a possibilidade de que ele possa ficar fraco por falta de alimenta��o. Muitos moradores, assustados, acompanham o vaiv�m de viaturas pela regi�o. Blitzes foram montadas em encruzilhadas estrat�gicas das estradas de ch�o que cortam a Zona da Mata.

A PM, contudo, n�o tem certeza se o assalto contou com apoio de outros criminosos que eventualmente tenham debandado da cidade ap�s o tiroteio, e que possam tamb�m ter dado aux�lio a Daniel na fuga. Mas acredita que o fugitivo n�o tenha apoio, tampouco esteja preparado para lidar com os riscos da mata.

Mais aparato e intelig�ncia


Com a certeza de que os ataques a bancos no interior exigem aparato especializado, a PM est� investindo em recursos humanos, infraestrutura, integra��o e intelig�ncia para frear a a��o de quadrilhas especializadas. De acordo com o chefe da Sala de Imprensa da corpora��o, major Fl�vio Santiago, � determina��o do comando-geral que todos os esfor�os sejam feitos para melhor proteger as pequenas cidades.

Para isso, segundo ele, houve aumento do efetivo ou garantia de manuten��o do n�mero  de policiais nos destacamentos, destina��o de novas viaturas e refor�o do armamento, com  fuzis, pistolas e escopetas para fazer frente � investida de criminosos. Estrat�gias de intelig�ncia tamb�m t�m se intensificado, com envolvimento de outras ag�ncias de pol�cia e seguran�a.

As medidas s�o tamb�m destacadas por comandantes de batalh�es no interior, que confirmam o aumento de efetivo e da frota, al�m de detalhar outras provid�ncias. Na 15ª Regi�o da PM, o coronel Marcelo Fernandes afirmou que na �poca das ocorr�ncias de explos�o de caixas eletr�nicos em cidades sob seu comando foram desenvolvidas a��es conjuntas com as pol�cias Civil e Rodovi�ria Federal, al�m de opera��es como bloqueio, blitzes e policiamento a�reo.

Na 16ª Regi�o, o coronel Rodrigo Braga ressalta que os �ltimos soldados formados neste ano foram todos enviados a cidades mais distantes da sede do batalh�o, em Una�. “Essa � uma determina��o do alto comando, de potencializar os destacamentos, e isso tem ocorrido, com uniformidade no n�mero de policiais. Tamb�m recebemos 46 viaturas neste ano e a frota foi redistribu�da entre as unidades”, afirmou.

Ainda de acordo com o major Santiago, o estado pretende implantar, at� o ano que vem, c�meras e esc�neres em 86 pontos das divisas de Minas com outros estados, para auxiliar nos trabalho de combate, identifica��o e pris�o de infratores. (VL)


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