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Estado de Minas

Demora para liberar tr�nsito no Anel Rodovi�rio ap�s acidente exp�e falhas recorrentes

Novo tombamento de carga com fechamento do tr�fego por horas exp�e dificuldade de autoridades e empresas para intervir com rapidez e efici�ncia em acidentes do tipo


postado em 25/07/2017 06:00 / atualizado em 25/07/2017 07:29

Ver galeria . 18 Fotos O acidente ocorreu no sentido Vitória. A pista principal está fechada sem previsão de liberação e o trânsito é desviado pela marginalPaulo Filgueiras: EM/DA Press
O acidente ocorreu no sentido Vit�ria. A pista principal est� fechada sem previs�o de libera��o e o tr�nsito � desviado pela marginal (foto: Paulo Filgueiras: EM/DA Press )

Quatro horas de interdi��o e uma fila de mais de sete quil�metros em um dos sentidos do Anel Rodovi�rio de Belo Horizonte: esse foi o saldo de mais um acidente envolvendo produtos perigosos nas estradas que cortam o estado, que bloqueou o caminho de milhares de motoristas no hor�rio de pico da manh� de ontem. Desta vez, uma carreta bitrem com cerca de 48 toneladas de res�duos usados para alimentar fornos de uma f�brica de cimento ficou sem controle e parte da carga tombou no asfalto. Segundo os bombeiros, o produto � t�xico e pode se tornar corrosivo em contato com a �gua, o que motivou o fechamento do tr�nsito no sentido Vit�ria at� que fosse feita limpeza pr�via da pista.

Em cinco meses, � o quinto acidente a expor esse tipo de dificuldade do poder p�blico e a atrapalhar a rotina de quem precisa transitar pelas rodovias. Autoridades afirmam que o principal motivo para a demora � a dificuldade de contrata��o pelos respons�veis pela carga de empresas especializadas na remo��o. O fato � que a nova ocorr�ncia revela a inefic�cia de um plano que seja capaz de dar resposta r�pida e minimizar os reflexos desse tipo de ocorr�ncia.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, o acidente ocorreu por volta das 2h30 da madrugada de ontem. O motorista Victor Hugo Rodrigues cumpria parte dos 1,3 mil quil�metros do trajeto de ida e volta entre Rio Claro, no interior de S�o Paulo, e Pedro Leopoldo, na Grande BH, para onde levava uma mistura de res�duos s�lidos para serem queimados em fornos de uma f�brica de cimento da cidade.

Quando passava nas imedia��es do cruzamento do Anel  com a BR-040, o condutor n�o conseguiu controlar o caminh�o e uma das duas carrocerias virou. “A roda pegou na valeta e n�o teve como segurar”, afirmou o caminhoneiro. Uma das possibilidades para a causa do tombamento � o estouro de um dos pneus.

Por volta das 5h30, todo o tr�nsito sentido Vit�ria teve que ser fechado para o trabalho de limpeza, coordenado pelos bombeiros e executado por funcion�rios da Via-040, concession�ria respons�vel pelo trecho onde ocorreu o acidente. Segundo o tenente Cristiano Soares, do Corpo de Bombeiros, a interdi��o foi necess�ria porque o material poderia se espalhar. “A gente interditou a via porque os ve�culos passando por cima levantariam poeira e piorariam a situa��o”, disse o militar. Um t�cnico do N�cleo de Emerg�ncia Ambiental (NEA) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel esteve no local para avaliar os impactos. Segundo a pasta, o produto � perigoso: “Os  poss�veis danos ambientais  ainda est�o sendo avaliados pela equipe do NEA”. A documenta��o apresentada pelo motorista da carreta estava correta, mas foram pedidos novos documentos para an�lise, informou a secretaria em nota.

O tenente Pedro Barreiros, comandante do policiamento do Anel pela Pol�cia Militar Rodovi�ria (PMRv), informa que, em caso de acidente com produto considerado perigoso, � imprescind�vel que seja seguido um protocolo para que n�o ocorra nenhum tipo de contamina��o de pessoas que passem perto do local do acidente. “A empresa respons�vel pelo material � tamb�m respons�vel por fazer esse transbordo e esse transporte. Esse � um dos principais problemas que a gente tem em um acidente com produtos perigosos, assim como outras quest�es de limpeza da pista, principalmente. Muitas das vezes, a empresa � de S�o Paulo, do Rio de Janeiro ou de outros estados, e a gente pede at� para entrar em contato com outra empresa em munic�pios vizinhos, param fazer esse transbordo”, afirma o militar, ressaltando que a legisla��o n�o prev� nenhum mecanismo que obrigue a presen�a de um novo caminh�o em um tempo espec�fico.

Por volta das 9h30, depois que a carga foi removida para a beirada da pista do Anel e coberta com uma lona, duas faixas foram liberadas. O gerente industrial Nivaldo de Paula Ara�jo, da Eco Primos, empresa respons�vel pela carga, argumentou que o material � de baixo potencial poluidor e baixo risco � sa�de, proveniente de res�duos industriais como pl�stico, papel�o e embalagens, com tra�os de �leo, tinta e solvente, que passam por um processo de tritura��o e depois s�o enviados para a ind�stria cimenteira como fonte de energia alternativa. “Colocamos toda estrutura � disposi��o para fazer o carregamento da carga que foi recolhida. Por quest�o de seguran�a, as autoridades de Minas Gerais optaram por n�o carregar durante o dia, e sim ap�s as 22h, quando o fluxo no Anel Rodovi�rio � menos intenso”, disse. A informa��o foi confirmada pela PMRv e pelo Corpo de Bombeiros.

Lista de testes de paci�ncia


Apesar de todas as justificativas, a sequ�ncia de casos de interdi��o prolongada de rodovias exp�e o desafio – ainda sem solu��o – de liberar rapidamente as pistas em casos do tipo. Nos �ltimos cinco meses, quatro ocorr�ncias parecidas impuseram grandes bloqueios em rodovias mineiras . Em fevereiro deste ano, a BR-116, em Dom Cavati, no Vale do Rio Doce, ficou interditada por aproximadamente 28 horas, ap�s acidente com um caminh�o que transportava produto altamente inflam�vel e t�xico. Um desvio teve que ser feito pela BR-381, em Ipatinga.

Em mar�o, o tombamento de uma carreta com 18 bombonas de �cido para uso na minera��o fechou a BR-040 por mais de 12 horas em Nova Lima, na Grande BH, causando uma fila de mais de 22 quil�metros na estrada, que � concedida � iniciativa privada. No fim de maio, a BR-262, em Juatuba, (Grande BH), tamb�m concedida, ficou quase 24 horas fechada ap�s o tombamento de uma carreta carregada com 44 mil litros de �leo diesel. Na sexta-feira, uma carreta que transportava �cido sulf�rico tombou na AMG-150, na altura do km 2, em Nova Lima, e tamb�m imp�s um bloqueio que testou a paci�ncia dos motoristas.

POR QUE PAROU?

Os motivos que levam a frequentes interdi��es em rodovias devido a acidentes com carga

» Na pr�tica, falta efic�cia a um plano de conting�ncia que estipule quais setores devem atuar em cada caso, o que cada qual deve fazer e em que momento, de forma que uma a��o imediata nos casos de acidentes evite longas interdi��es de vias

» �rg�os de seguran�a t�m que seguir protocolo, com par�metros espec�ficos que requerem tempo. A falta de um plano de conting�ncia eficaz agrava essa demora

» Por lei, as empresas s�o respons�veis pela desobstru��o das vias em acidentes com cargas perigosas ou que exijam transportes especiais. Em muitos casos, as transportadoras t�m que buscar ajuda em cidades ou at� estados diferentes daqueles onde aconteceu o acidente

» Cargas diferentes exigem cuidados tamb�m diversos. Cada tipo de material transportado precisa de servi�os espec�ficos para ser retirado. Por isso, � necess�rio um tempo vari�vel para avaliar a situa��o e encontrar a melhor forma de manuseio

O bloqueio: Um dos reboques da carreta bitrem que transportava produtos tóxicos tombou e derramou a carga na pista da rodovia que corta BH(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
O bloqueio: Um dos reboques da carreta bitrem que transportava produtos t�xicos tombou e derramou a carga na pista da rodovia que corta BH (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
O resultado: Enquanto era feita limpeza preliminar, uma fila quilométrica de carros se formou, e motoristas tiveram de esperar por até quatro horas(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
O resultado: Enquanto era feita limpeza preliminar, uma fila quilom�trica de carros se formou, e motoristas tiveram de esperar por at� quatro horas (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)

Responsabilidade e desafios de cada um


A legisla��o prev� que a responsabilidade pela retirada dos produtos perigosos da pista quando h� acidentes � da empresa dona da carga, da transportadora ou da receptora do material, dependendo do contrato. Por�m, a falta de servi�os especializados interfere no tempo de resposta, segundo as autoridades. “Os respons�veis pela carga s�o obrigados a ter uma equipe de emerg�ncia contratada, mas ela n�o fica a cada quil�metro. Ent�o, �s vezes, uma empresa de S�o Paulo tem um problema em Minas, e existe a dificuldade de fazer toda a movimenta��o para mitigar o impacto. Por isso h� demora”, argumentou o policial rodovi�rio Wilton Filgueiras de Paula, agente da PRF de Minas e especialista em produtos perigosos.

Outro ponto levantado por ele diz respeito ao n�mero de produtos cadastrados. Atualmente, s�o 4 mil, distribu�dos em nove classes, como explosivos, gases, inflam�veis, oxidantes, radioativos e corrosivos. “� preciso um estudo para fazer a retirada desses materiais. Cada um tem que ser tratado com certa especificidade”, acrescentou.

Para Filgueiras, os respons�veis pelas rodovias deveriam ter contratos com firmas especializadas em acidentes com produtos perigosos, para uma a��o que seja feita da maneira mais r�pida poss�vel na hora de uma emerg�ncia. “Poder�amos, ainda, solicitar � ANTT (Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres), respons�vel pela concess�o de rodovias, que inclua nos processos de privatiza��o o devido aparelhamento para que as concession�rias possam fazer os atendimentos prim�rios necess�rios em acidentes dessa natureza”, afirma o policial.

Em Minas Gerais, desde 2009 existe a Comiss�o Estadual de Preven��o, Prepara��o e Resposta R�pida a Emerg�ncias Ambientais com Produtos Perigosos (P2R2 Minas). “Essa comiss�o � composta por diversos �rg�os, do estado e de outros n�veis. Todos tentam dar agilidade a esses atendimentos, cada qual em sua esfera de responsabilidade”, afirmou o capit�o bombeiro Marcos Anderson Viana Soares, da Diretoria de Assuntos Funcionais e especializado na �rea de produtos perigosos. “Algumas situa��es n�o tem como resolver, como o transbordo da carga. O estado n�o tem um ve�culo espec�fico para fazer isso. Ent�o, depende da empresa”, completou.

Em alguns casos, o poder p�blico pode acionar uma empresa particular para fazer a retirada da carga. Nessa situa��o, os respons�veis pelo material t�m que pagar pelas despesas. “Est� previsto na Constitui��o Federal para fazer frente a emerg�ncias. Mas geralmente n�o chega a esse n�vel”, disse o capit�o. As empresas tamb�m podem ser multadas por danos, como polui��o, provocados pelo produto derramado.


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