
Quest�es t�cnicas � parte, o resultado pr�tico se v� no leito minguado pela estiagem, onde montes de areia se formaram na calha do rio. Marcas nas margens tamb�m denunciam que o volume de �gua que corria por ali j� foi bem maior. “De acordo com a Delibera��o Normativa 49 (ano 2015), do Conselho Estadual de Recursos H�dricos, estar abaixo do Q7,10 significa entrar em estado de alerta, em que o risco de escassez h�drica, que antecede ao estado de restri��o de uso, pode implicar restri��es de uso para capta��es de �guas superficiais e no qual o usu�rio de recursos h�dricos dever� tomar medidas e se atentar �s eventuais altera��es do estado de vaz�es”, alertou o Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas.
Para a entidade, o cen�rio em Bela Fama, nome da esta��o em que a �gua que serve � Grande BH � capitada, � pior abaixo da esta��o de tratamento. A explica��o est� no consumo de 6,5m3/S, usado para abastecer os consumidores da regi�o metropolitana, o que contribui ainda mais para reduzir o volume no leito dos Velhas.

RISCO DE COLAPSO O presidente do comit�, Marcus Vin�cius Polignano, destaca que a situa��o merece aten��o por parte de todos os atores da bacia. “Estamos apenas iniciando o per�odo de estiagem e o cen�rio j� � este. Se n�o quisermos vivenciar um colapso da situa��o h�drica e do abastecimento da Regi�o Metropolitana de BH em curto prazo, � preciso que todos os atores revejam os modos sobre como estamos usando a nossa �gua, e tamb�m os locais que abastecem nossos mananciais”, adverte.
A estiagem dos �ltimos anos ajudou a reduzir bastante o volume no leito. Em 2014, considerado o pior ano de escassez de �gua, o volume de chuva foi de 546 mil�metros (mm). Em 2015, ficou em 798mm. Em 2016, 695mm. Nos sete primeiros meses de 2017, a quantidade � de 448mm, segundo informa��o da Copasa.
A estatal de saneamento informou que a vaz�o m�nima do Velhas est� sendo monitorada pelo Convaz�o, um grupo coordenado pela pr�pria Copasa e composto por representantes da Cemig, Anglo Gold (mineradora que atua na regi�o) e pelo Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas. “O Convaz�o tem por objetivo tomar medidas que garantam a vaz�o residual definida em outorga do manancial. O Sistema de Abastecimento de �gua Integrado da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte abrange 21 dos 31 munic�pios atendidos pela Copasa na Grande BH e � constitu�do de dois grandes sistemas produtores: o da Bacia do Rio das Velhas e o da Bacia do Rio Paraopeba (capta��o do Rio Paraopeba e reservat�rios Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores)”, informou.
Na pr�tica, o sistema integrado tem flexibilidade operacional, pois � interligado por adutoras que possibilitam a transfer�ncia de �gua tratada entre as redes Velhas e Paraopeba. Por isso, segundo a Copasa, “em uma eventual necessidade de redu��o de produ��o de �gua tratada no sistema Rio das Velhas, em fun��o da queda da vaz�o do manancial, � poss�vel aumentar a produ��o de �gua tratada do Sistema Rio Paraopeba e, por meio de manobras operacionais, abastecer regi�es originalmente atendidas pelo Velhas”.
Abund�ncia que ficou s� na mem�ria
Moradores de Hon�rio Bicalho, em Nova Lima, sofrem em ver o Rio das Velhas baixo. Muitos se recordam at� da enchente de 1997, quando a for�a da �gua derrubou a ponte de madeira que ligava as duas partes do distrito. “A �gua tampou todo este quintal”, conta seu Ademir Perdig�o, que cuida de algumas cria��es de animais a poucos metros da nova passagem, erguida com cimento e ferro. “At� 2003, eu buscava �gua com baldes no lugar em que est� este p� de lim�o. Agora preciso andar mais. Acho que a �gua se afastou de cinco a seis metros. D� d� ver o rio assim, com montes de areia. Quem o conheceu h� mais tempo, como eu, fica triste”, disse Ademir.
O tamb�m aposentado Osvaldo Ant�nio Venceslau, de 67, � outro que tem boas recorda��es do passado. “Tinha muitos peixes. O pessoal pescava dourados sem grande dificuldade. Hoje s� tem peixe pequeno. A gente fica com pesar de ver o Rio das Velhas como est� hoje. E pensar que ele j� foi naveg�vel.”

“Tamb�m est� sendo pactuada uma redu��o na capta��o de �gua pelas mineradoras, para diminuir a demanda pelo uso da �gua. Cabe destacar tamb�m a import�ncia da participa��o da popula��o, fazendo um consumo mais racional da �gua e evitando desperd�cios e usos abusivos, bem como da Copasa em trabalhar na redu��o de perda de �gua”, informou o comit�.