Ato em BH pela paz na S�ria emociona com leitura de carta do Papa Francisco

Centenas de bal�es brancos e vermelhos lan�ados ao c�u, apresenta��es culturais e mensagens de solidariedade simbolizaram o desejo da comunidade �rabe pelo retorno da paz da S�ria na manh� de ontem em Belo Horizonte. Em ato na Pra�a da Liberdade, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, eles pediram pelo fim do conflito no pa�s do Oriente M�dio, onde a guerra civil, que j� dura seis anos, provocou a emigra��o de metade da popula��o de 22 milh�es de pessoas. Na pra�a estiveram s�rios, libaneses, descendentes desses pa�ses, refugiados que vieram para o Brasil por causa do conflito, al�m de brasileiros que t�m parentes e amigos vindos de l�. Todos mostraram sua consterna��o pela atual situa��o vivida naquela na��o, onde mais de 400 mil pessoas j� morreram v�timas de armas e bombas, sendo que um quarto delas s�o crian�as e mulheres.

Uma mensagem enviada pelo papa especificamente para o evento foi lida pelo c�nsul da S�ria em Minas, Emir Cadar, aben�oando o ato, nunca antes realizado no Brasil em prol da paz na S�ria. A carta chegou �s m�os do c�nsul h� quatro dias, em resposta a um pedido de Cadar endere�ado ao Santo Padre em junho. O texto, lido diante dos participantes da manifesta��o na pra�a, informava sobre o sentimento do papa em rela��o ao conflito na S�ria. Francisco refor�ou sua aten��o voltada para a situa��o no pa�s, que disse acompanhar com ora��es e iniciativas para o restabelecimento da paz.

A carta lembra ainda uma vig�lia na Bas�lica do Vaticano, em setembro de 2013, quando foram feitas invoca��es pelo fim da guerra. “Em sua homilia, naquela ocasi�o, o papa perguntava: ‘� poss�vel percorrer o caminho da paz? Podemos sair dessa espiral de dor e de morte? Podemos aprender de novo o caminho e percorrer o caminho da paz?’”, lembra o texto lido por Cadar. No documento, o pr�prio papa responde: “Sim. � poss�vel para todos, em todos os cantos da Terra. E ainda mais. Queria que cada um de n�s, desde o menor at� o maior, inclusive os que est�o chamados a governar as na��es, respondessem: Sim, podemos!”, diz a carta de Francisco.

Em palavras ditas � comunidade �rabe que esteve na Pra�a da Liberdade, o c�nsul destacou a import�ncia da realiza��o do ato ontem. “Queremos chamar a aten��o das autoridades mundiais, para que elas intercedam pelo fim da guerra na S�ria. Estamos consternados com a triste realidade atual l� e queremos mostrar nossa solidariedade �s pessoas que sofrem com esse conflito”, afimou.

Refugidos da guerra, os irm�os Nizar Kadar, de 32 anos, e Yazan Kadar, de 23, viram de perto os horrores da guerra antes de se mudar para o Brasil, onde moram desde 2014. “Nosso pa�s � maravilhoso. Nascemos e crescemos l�, onde vivemos coisas maravilhosas. Mas com o in�cio da guerra come�amos a ver muita coisa triste: gente morta nas ruas, im�veis explodidos por bombas, pessoas andando armadas pelas ruas. Eram cenas com as quais n�o conviv�amos e nos entristeceram bastante. Por isso decidimos sair da S�ria”, contou Yazan. Tanto ele quanto o irm�o sonham com o dia em que poder�o ver sua terra natal livre da guerra. “Temos muito orgulho de ser s�rios e temos o sonho de que a guerra acabe para voltarmos um dia pra l�”, disse Nizar, que � cabeleireiro e maquiador em um sal�o da capital. Yazan lembrou ainda da tristeza de ter deixado para tr�s uma parte t�o importante da vida dele. “Estamos perdendo nossas lembran�as. Lugares onde vivemos est�o sendo destru�dos e isso � muito triste pra n�s”, disse o jovem, que trabalha como cozinheiro em BH.

Desde a d�cada de 1980 morando em Belo Horizonte, a professora de dan�as �rabes Brigitte Bacha tamb�m veio para o Brasil fugindo de conflitos civis na S�ria. Aqui se casou e criou ra�zes. Mas, mant�m os la�os firmes com o pa�s do Oriente M�dio, propagando a cultura �rabe. Ontem, ela esteve com o marido, Luiz Roberto Resende, de 51, na Pra�a da Liberdade, para participar do ato. “Este � um movimento muito importante porque mostra que todos precisam se conscientizar da necessidade de que a paz se restabele�a na S�ria. As pessoas est�o perdendo seu futuro, sendo obrigadas a sair de sua terra por causa de um conflito est�pido e de preju�zos enormes”, afirma.

O evento na pra�a teve ainda apresenta��o de m�sica e dan�as t�picas �rabes e o canto do pai-nosso em aramaico, l�ngua que era falada por Jesus e que ainda � idioma em duas cidades s�rias.