(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Cresce o n�mero de assaltos a caminh�es de transporte de mercadorias em Minas

Aumento dos roubos de carga alimenta clima de inseguran�a entre motoristas nas estradas que cortam Minas. M�dia alcan�a 54,4 casos por m�s, concentrados no Tri�ngulo e RMBH


postado em 16/08/2017 06:00 / atualizado em 16/08/2017 07:33

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
O medo viaja de carona em caminh�es de empresas de transporte de cargas em Minas. Os assaltos cada vez mais constantes criaram um clima de inseguran�a entre motoristas. Em alta nas estat�sticas da viol�ncia, os roubos de cargas passaram de 206 entre janeiro e maio do ano passado para 272 no mesmo per�odo deste ano, um aumento de 32%. Ao longo de 2016, foram 569 ocorr�ncias no estado, m�dia de 47,4 crimes por m�s. Neste ano, a m�dia j� � maior: 54,4 casos a cada m�s.

Esse tipo de crime, que gera transtorno e preju�zo �s transportadoras, tem sido mapeado no estado pelas empresas e pela pol�cia, o que, no entanto, ainda n�o resultou em seu controle. Com a maior malha vi�ria do pa�s, Minas concentra ocorr�ncias, e as estradas que mais preocupam a Pol�cia Civil s�o as BRs 040, 381 e 262. As �reas de maior incid�ncia de furtos e roubos de cargas est�o em Belo Horizonte e Regi�o Metropolitana, al�m do Tri�ngulo Mineiro. “As rodovias do Tri�ngulo interligam Minas com S�o Paulo e Goi�s, o que torna o fluxo de mercadorias muito grande. J� a capital e as cidades metropolitanas sediam a maior parte dos centros de distribui��o de produtos”, explica o delegado Marcus Vin�cius Lobo, titular da 1ª Delegacia Especializada de Repress�o a Organiza��es Criminosas (Deroc) do Departamento Estadual de Opera��es Especiais (Deoesp). O policial e outros quatro delegados do departamento t�m se revezado � frente da 6ª Deroc, respons�vel pela repress�o ao furto e roubo de cargas, que est� sem titular.

Diferentemente do passado, quando os ataques ocorriam geralmente � noite, os roubos de carga v�m sendo registrados a qualquer hora do dia, com pico tamb�m pela manh�, entre as 7h e as 10h, e na madrugada, no intervalo das 22h �s 5h. “Temos aconselhado as empresas a n�o liberarem seus ve�culos para rodar nesses hor�rios”, informa o assessor de Seguran�a do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Ivanildo Manoel dos Santos.

Segundo Santos, a din�mica dos crimes relatada pelas v�timas � semelhante em grande parte dos casos. “Os criminosos usam um carro para abordagem. Emparelham o ve�culo ao lado do caminh�o em movimento apontando uma arma para o motorista e o mandam encostar, momento em que anunciam o assalto”, explica. Na maioria das vezes, conta, os caminh�es s�o levados a um ponto fora da estrada e abandonados ap�s a retirada da carga. As armas usadas nessas ocorr�ncias, de modo geral, s�o pistolas e at� mesmo rev�lveres, mas Santos afirma que h� casos em que bandidos agem com armamento pesado, como submetralhadoras. “Os motoristas hoje saem de casa com medo, sem saber se v�o voltar. J� v�o trabalhar com esse sentimento”, diz. Entre as cargas mais visadas pelos bandidos est�o as de cigarro, eletr�nicos, bebidas, cosm�ticos, combust�vel e confec��o.

FALSA BARREIRA H� casos em que ladr�es avaliam qual � o tipo de mercadoria transportada antes de roub�-la. Essa estrat�gia era usada por membros de uma organiza��o criminosa de Goi�s presa em fevereiro, que tinha tamb�m ramifica��es em Minas. As pris�es ocorreram durante a primeira fase da opera��o Hicsos. Segundo a Pol�cia Federal, o grupo chegava a fazer falsas barreiras policiais, usando coletes de fiscaliza��o e ve�culos equipados com sirenes e giroflex. Os criminosos avaliavam a carga de cada caminh�o parado na barreira e, quando se deparavam com produtos de alto valor, anunciavam o assalto. Para facilitar a a��o, usavam equipamentos de alta tecnologia, evitando, assim, que o ve�culo fosse rastreado.

Na �ltima quinta-feira, na segunda fase da opera��o, a vereadora suplente na C�mara Municipal de Buritis (Noroeste de Minas) Michelly Ara�jo (PSB), de 36 anos, foi presa sob acusa��o de lavar dinheiro para integrantes dessa organiza��o criminosa. Nessa etapa da opera��o, o objetivo da PF era interromper as a��es criminosas de grupo de empres�rios e agentes pol�ticos que davam suporte financeiro aos criminosos, por meio de lavagem de dinheiro e recepta��o. Mais de 30 pessoas foram presas. Os policiais federais apreenderam 15 armas de fogo e 15 ve�culos roubados. Mais de meio milh�o de reais em cargas roubadas foi recuperado.

Combate � recepta��o ainda � falho


O custo do aumento no n�mero de roubo de cargas no estado � alto para as empresas de transporte em Minas, que t�m se equipado para fugir dos ataques ou mesmo localizar as mercadorias saqueadas. Para isso, elas t�m investido em tecnologia de monitoramento, com rastreadores, servi�os de gerenciamento de risco e at� mesmo em escolta armada. � o que explica o assessor de seguran�a do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Ivanildo Manoel dos Santos: “Isso tem elevado muito os custos do setor de transporte de cargas”, afirma. O assessor lamenta a insufici�ncia da fiscaliza��o nas estradas que cortam o estado. “Isso favorece a a��o das quadrilhas.” Mas diz que, embora com baixo efetivo, a Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) tem dado uma pronta resposta nos casos registrados. Ele alerta, no entanto, que � necess�rio focar no combate � recepta��o. “Enquanto houver algu�m para comprar carga roubada, vai ter ladr�o”, afirma.


O delegado Marcus Vin�cius Lobo tamb�m destaca a recepta��o como grande problema do roubo de cargas, destacando que a puni��o precisa ser mais efetiva. “Temos dificuldades para atuar no enfrentamento. Uma delas � a legisla��o atual, que � branda para o crime de recepta��o”, afirma. Segundo o policial, a pena para a recepta��o qualificada – quando o delito � praticado por um comerciante flagrado com mercadoria roubada – � de tr�s a oito anos de pris�o. Nos casos em que a recepta��o n�o ocorre com finalidade comercial ou industrial � ainda menor: de um a quatro anos. Atuar no combate �s organiza��es especializadas em recepta��o e na lavagem de dinheiro est� entre as a��es da Pol�cia Civil, segundo o delegado. Al�m disso, ele sustenta que a extensa malha vi�ria � um complicador e diz que at� mesmo a crise financeira tem resultado no aumento das ocorr�ncias.

Cerveja roubada em BH e recuperada pela PM em Ouro Preto(foto: PMMG/Divulgação)
Cerveja roubada em BH e recuperada pela PM em Ouro Preto (foto: PMMG/Divulga��o)
Al�m do trabalho investigativo, a corpora��o tem atuado no bloqueio de bens e na pris�o dessas pessoas, segundo Marcus Vin�cius. Ele afirma ainda que a situa��o registrada em Minas em rela��o ao roubo de cargas � o mesmo fen�meno que vem sendo observado no Rio de Janeiro, em que quadrilhas antes dedicadas ao tr�fico est�o migrando para o roubo de cargas para conseguir dinheiro com o objetivo de financiar o com�rcio ilegal de entorpecentes. “Eles encontraram no roubo de cargas uma oportunidade para auferir lucros”.

Por meio de nota, a Pol�cia Civil informou que tem procurado mapear as �reas de maior incid�ncia dos delitos, delimitar os dias da semana e hor�rios em que a maioria dos crimes ocorre e qualificar os integrantes de associa��es criminosa especializadas nessa modalidade delituosa. A corpora��o diz, no entanto, que algumas a��es preventivas podem ser adotadas pelas empresas e prestadores de servi�os, como evitar transitar em rodovias no per�odo noturno e parar em postos de combust�veis que n�o tenham monitoramento por c�meras; manter as fichas cadastrais dos motoristas atualizadas; instalar rastreadores nos ve�culos e cargas, al�m de ter rela��o mais estreita com a delegacia especializada nesse tipo de crime. A Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) foi procurada para comentar a atua��o das quadrilhas nas estradas, mas informou que n�o poderia atender na �ltima sexta-feira.

O chefe da Sala de Imprensa da Pol�cia Militar, major Fl�vio Santiago explicou que muitos criminosos envolvidos com o tr�fico de drogas t�m encontrado no roubo de cargas uma sa�da para a repress�o que o com�rcio ilegal de entorpecentes tem sofrido em Minas, bem como tem sido op��o para financiar esse esquema il�cito. Por outro lado, ele diz que a PM tem investido no trabalho de intelig�ncia para fazer o mapeamento da atua��o dessas quadrilhas e refor�ado o patrulhamento com a finalidade de combater os saques de mercadorias. “Com o mapeamento criminal estamos, em conjunto com a Pol�cia Civil e o Minist�rio P�blico, realizando o desbaratamento dessas quadrilhas”, afirmou o major.

 

Palavra de especialista

 

Luis Fl�vio Sapori, Coordenador do Centro de Pesquisa em Seguran�a P�blica da PUC Minas

 

Crime organizado

O roubo de cargas � um crime muito organizado, executado por quadrilhas sofisticadas e que envolve um coluio com o com�rcio varejista ilegal, um mercado clandestino, que posteriormente comercializa os produtos roubados. � um crime que envolve v�rias regi�es ao mesmo tempo, e em estados diferentes, onde os criminosos encontram facilidades para atuar, diante da fragilidade da fiscaliza��o nas estradas. Combater esse delito exige atua��o tamb�m organizada. � preciso que as for�as policiais e o Minist�rio P�blico se unam para atuar na investiga��o e na repress�o tanto do furto e roubo de cargas quanto da recepta��o. Isso exige servi�os de intelig�ncia, uso de tecnologia e investiga��o, inclusive porque as quadrilhas est�o cada vez mais descobrindo mecanismos para atuar. O trabalho de repress�o precisa estar focado no desmonte dos esquemas que est�o por tr�s dessas organiza��es. Enquanto isso, quem tem pago o pre�o s�o as empresas de transporte de cargas, que cada vez mais t�m aprimorado seus servi�os de prote��o, aumentado seus custos e sofrido preju�zo com esses roubos.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)