
Na sala de espera do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) Sagrada Fam�lia, em Belo Horizonte, que faz diagn�stico e preven��o de infec��es sexualmente transmiss�veis (IST’s), o nervosismo est� estampado no rosto de pacientes que aguardam o resultado de exames r�pidos para detec��o dos v�rus HIV, da s�filis e das hepatites B e C. Ansiedade que tem sido cada vez mais frequente e poss�vel de ser percebida nas unidades do Sistema �nico de Sa�de de Belo Horizonte (SUS-BH) que prestam esse tipo de servi�o em BH, onde aumentou em 3.100% o n�mero de testes r�pidos desde 2014, quando foram feitos 287 exames, at� agora. Em 2017, at� a primeira semana de agosto, os n�meros quase alcan�am o total de exames feitos em 2016 – cerca de 9.200.
Em BH, a aplica��o dos quatro testes r�pidos, feitos de uma �nica vez, segue a pol�tica do Minist�rio da Sa�de, que em 2011 lan�ou a estrat�gia para gestantes, durante o pr�-natal e na assist�ncia ao parto, e para grupos vulner�veis como profissionais do sexo, usu�rios de �lcool e drogas e a popula��o de transg�neros. Mas, com a crescente divulga��o do exame, houve uma explos�o no n�mero de testes, como explica a coordenadora de Sa�de Sexual e Aten��o �s Infec��es Sexualmente Transmiss�veis/AIDS e Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Sa�de, Tatiani Fereguetti. “Al�m da amplia��o da oferta na rede, com o teste sendo feito em todos centros de sa�de, as pessoas tamb�m se viram motivadas pela possibilidade de obter o diagn�stico imediato, em at� 30 minutos, gratuitamente e sem necessidade de agendamento ou pedido m�dico”, afirma Tatiani.
Mas, para al�m disso, h� quest�es multifatoriais por tr�s do aumento, como sustenta a coordenadora. Segundo ela, a checagem cada vez maior � um dos reflexos do n�o uso da camisinha, medida capaz de prevenir as IST’s. “Percebemos que h� uma mudan�a nas formas de relacionamento, com aumento dos encontros por meio da internet e facilitados pelos aplicativos de paquera. E al�m de ampliada, essa rede de relacionamento tem deixado a camisinha de lado”, afirma. A falta de preven��o tem sido resultado tamb�m, segundo Tatiani, da pouca import�ncia quanto ao perigo das doen�as. Atualmente, segundo ela, o tratamento para as IST’s, especialmente a infec��o por HIV tem tratamento, com uso de duas p�lulas di�rias, ao contr�rio do temido “coquetel” de medicamentos indicados na d�cada de 1980. Na ocasi�o, em 1983, a Aids foi reconhecida e se alastrou como sin�nimo de atestado de �bito dado �s pessoas contaminadas.
REPERCUSS�O Apesar dos avan�os da medicina nas op��es de tratamento, a coordenadora alerta para as implica��es das doen�as e da infec��o por HIV. “Para s�filis e hepatite h� cura. E, apesar de as pessoas com o v�rus da Aids poderem passar a vida toda sem desenvolver a doen�a, elas t�m muito mais chances de desenvolver outras enfermidades, como as cardiovasculares, al�m de sofrerem com envelhecimento precoce.”
Integrante da Sociedade Mineira de Infectologia, o m�dico Carlos Starling tamb�m alerta para esse perigo. “Pessoas que vivem com HIV t�m at� 10% mais chances de ter doen�as como infartos e acidente vascular cerebral, por exemplo. Tamb�m podem desenvolver, muito mais que a popula��o n�o infectada, diversas formas de c�ncer, a depender dos fatores de risco de cada um”, afirma. Ele ainda lembra dos perigos da s�filis, que se n�o tratada pode chegar ao seu est�gio terci�rio, com quadros de dem�ncia, doen�as cardiovasculares e at� levar � morte. “N�o d� para banalizar a preven��o”, afirma. O especialista ainda comenta o aumento dos testes r�pidos na capital e destaca o lado positivo desse cen�rio. “Vemos que a oferta se ampliou, com fornecimento de testes pelos governos n�o s� nas unidades f�sicas, mas tamb�m em eventos de sa�de tanto da rede p�blica, quando da rede privada”, diz.
COMO � FEITO O diagn�stico da infec��o por HIV, s�filis e hepatites B e C � feito a partir de uma gota de sangue, retirada de uma picada de agulha na ponta do dedo. Os testes r�pidos que detectam os anticorpos contra os v�rus apresentam resultado em at� 30 minutos. Ao procurar o centro de testagem, o usu�rio pode solicitar um pr�-aconselhamento individual e durante a entrega do resultado ele � atendido por um profissional da equipe de sa�de, que orienta sobre o resultado, independentemente de ser positivo ou negativo. Trata-se de uma a��o de preven��o que tem por objetivo oferecer apoio emocional ao usu�rio, facilitar a correta interpreta��o pelo paciente e esclarecer poss�veis d�vidas.