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Estado de Minas

Pessoas com s�ndrome de down v�o integrar time de gar�ons em evento de BH

Portadores da s�ndrome prometem fazer a diferen�a numa das mostras de decora��o mais prestigiadas de Belo Horizonte


postado em 21/08/2017 06:00 / atualizado em 21/08/2017 07:49

Débora Cabral e Silvana Oliveira, ao centro, vão assumir o restaurante da mostra com os oito garçons(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
D�bora Cabral e Silvana Oliveira, ao centro, v�o assumir o restaurante da mostra com os oito gar�ons (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A PRESS)
O orgulho de carregar a bandeja � algo indescrit�vel. Postura, carisma e brio deixam o jovem Raphael Lima, de 24 anos, altivo. Com camisa, cal�a e avental na cor preta, ele maneja com cuidado e aten��o seu instrumento de trabalho. Prefere servir comidas a bebidas, mas abre uma garrafa de vinho com destreza de profissional. Para o rapaz, que tem down, a atividade tem gostinho especial. � sonho realizado. � barreira superada. Ao lado de outros sete jovens tamb�m com a s�ndrome, Raphael integra a equipe de gar�ons que promete fazer a diferen�a numa das mostras de decora��o mais prestigiadas de Belo Horizonte, integrando a ambientes sofisticados e criativos a oportunidade e a inclus�o.

A ideia de fazer uma participa��o diferente veio logo que as s�cias do Made by Debbie, D�bora Cabral e Silvana de Oliveira, receberam, em maio deste ano, o convite para assumir o restaurante da mostra Morar mais por menos. O evento come�a na semana que vem e vai durar 10 dias. As duas fazem p�s-gradua��o em inclus�o de pessoas com down e usaram os grupos que t�m nas redes sociais para divulgar a ideia e recrutar interessados. Dos 18 recrutados, 12 foram selecionados e oito permaneceram at� o fim: Igor Abreu, de 16, Davidson Vieira J�nior, de 18, Thamiris Barbosa, de 19, Luan Moges, de 22, Marcela Vaz, de 23, Raphael Lima, de 24, Ant�nio Dipr�, de 25, e Vanessa Nascimento, de 32. “O objetivo � dar visibilidade a eles na sociedade. A inclus�o de verdade pode ser feita desde que consigamos ter um treinamento multi e interdisciplinar, pois, assim, conseguimos qualific�-los”, afirma D�bora.

N�o � apenas um manejo de bandejas, O aprendizado dos segredos de como servir bem e com eleg�ncia tem o apoio de v�rias terapias, como fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, acompanhamento psicol�gico e musicoterapia, para ajudar em aspectos diversos, como autoconfian�a, autonomia, desenvolvimento da fala e melhora do equil�brio. A turma ainda faz academia para garantir for�a e resist�ncia. “O trabalho de gar�om exige preparo f�sico e psicol�gico”, ressalta D�bora.

O grupo est� em treinamento h� apenas um m�s e meio e j� d� show. Etiqueta, postura, servi�o do vinho e do espumante e um pouco de cerimonial. O maitre e sommelier Alitton Sousa garante que passa tudo o que o mercado exige dos profissionais, sem facilitar. “� um desafio gostoso. Os alunos s�o interessados e empenhados. Todo mundo quer fazer e repetir. H� vontade de aprender em cada um deles. Um gesto simples, como pegar uma ta�a, que eles se esfor�am tanto para fazer e conseguem, � uma vit�ria”, diz.

Ontem, os oito novos gar�ons passaram por uma prova de fogo: treinamento para o coquetel de abertura da mostra, que contar� com 500 convidados. Atender com eleg�ncia e educa��o, servir os pratos e circular com ta�as e garrafas em bandejas ou pendurados nos dedos foram algumas das li��es, que j� v�m sendo praticadas ao fim de cada semana em happy hours e almo�os reais. Neles, a clientela d� o retorno sobre o que est� bom e o que precisa melhorar. Eles j� trabalharam at� num anivers�rio de 65 anos. “No in�cio, os convidados se assustaram. Mas, depois, todos gostaram da ideia e queriam at� tirar fotos com eles”, conta D�bora, acrescentando que est�o prontos para fazer qualquer evento, de anivers�rios e jantares e grandes festas. No fim de semana, eles tiveram a tarefa de servir, no anivers�rio de 82 anos do pai de Silvana, o mesmo card�pio que ser� servido no coquetel.

Silvana garante que os pupilos arrasam quando precisam servir de verdade. Para n�o se confundirem com os pedidos, foi montado um sistema de comanda individual. “O que erram no protocolo de abrir um vinho compensam na simpatia”, diz.

Garçons da mostra Morar mais por menos serão jovens com síndrome de down, que passaram por um período de treinamento(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Gar�ons da mostra Morar mais por menos ser�o jovens com s�ndrome de down, que passaram por um per�odo de treinamento (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A PRESS)

REMUNERA��O

O curso de gar�om � o primeiro m�dulo. A ideia � que a turma continue estudando e passe para as brigadas da cozinha para aprender tudo o que est� relacionado � gastronomia, como o trabalho de sommelier e de garde manger. Na mostra, os gar�ons v�o trabalhar 20 horas por semana e receber R$ 1 mil, al�m de transporte e alimenta��o. “� preciso que eles e as fam�lias entendam que eles s�o competentes, podem trabalhar e devem ser remunerados por isso, como qualquer outra pessoa. Empreg�-los n�o � um favor prestado por ningu�m”, ressalta D�bora.

Nessa qualifica��o, os pais tamb�m t�m acompanhamento psicol�gico para conter a ansiedade e o medo de deixar os filhos ganharem o mundo. Av� da jovem Thamiris, Lourdes Vitoriana da Silva Barbosa, de 62, se emociona ao falar da neta, uma bela estudante do 2º ano do ensino m�dio, modelo, nadadora e dan�arina de jazz. “Tudo para ela � desafio. Liguei num domingo � tarde para a D�bora. Ela foi recrutada e deu muito certo”, relata.

Vanessa Nascimento � outra aluna delicada, competente e dedicada. Ela j� teve outras experi�ncias profissionais, incluindo uma casa de lanches num shopping da Regi�o Centro-Sul, mas essa, ela diz ser especial. “Fiquei um pouco nervosa no in�cio, mas est� sendo muito bom. Quero continuar. As aulas de gar�om s�o as de que mais gosto”, diz. Para Raphael, vestir o uniforme, segurar a bandeja e servir � mais que uma oportunidade. “Meu sonho era ser gar�om. Agora eu consegui ser um.”

SERVI�O
Made by Debbie na Morar mais por menos
23 de agosto a 1º de outubro
Avenida dos Bandeirantes, 800, Mangabeiras
No restaurante, a entrada � gratuita e o espa�o � aberto ao p�blico


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