(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Onda de assaltos no c�mpus Pampulha � reflexo da crise na UFMG

Cortes or�ament�rios que come�aram em 2014 se agravaram e afetaram a seguran�a. Crise mobiliza reitoria, pol�cia e alunos


postado em 25/08/2017 06:00 / atualizado em 25/08/2017 08:10

Guaritas vazias, pichadas e depredadas são retrato dos cortes na vigilância, que fragilizaram segurança da comunidade universitária(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Guaritas vazias, pichadas e depredadas s�o retrato dos cortes na vigil�ncia, que fragilizaram seguran�a da comunidade universit�ria (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Quando o in�cio da crise or�ament�ria, em 2014, obrigou a Universidade Federal de Minas Gerais a demitir funcion�rios terceirizados de seguran�a e portaria, os alunos j� questionavam a falta de prote��o. O medo come�ou a rondar o c�mpus Pampulha com mais intensidade. Hoje, dois anos e meio depois, o temor n�o � mais baseado em suposi��es. Uma onda de assaltos toma conta da maior institui��o de ensino superior do estado. Na cidade chamada UFMG, somente no primeiro semestre deste ano foram 32 ocorr�ncias, de acordo com a Pol�cia Militar, seis apenas neste m�s. A mais recente aconteceu anteontem � noite: dois homens abordaram um aluno no estacionamento e levaram o carro dele. Estudantes cobram solu��es. Hoje, PM e reitoria se re�nem para tra�ar estrat�gias para tentar conter a viol�ncia.

Na compara��o com o primeiro semestre do ano passado, houve leve redu��o – foram 35 crimes. O contr�rio se percebe nos dados levantados entre 1º e 23 de agosto: seis este ano e cinco em 2016. “� preciso lembrar que nesse per�odo houve um refor�o policial devido � Olimp�ada”, afirma o major F�bio Almeida, comandante da 17ª Companhia da PM, respons�vel pela �rea. Segundo ele, a UFMG � tratada nos boletins de ocorr�ncia em separado, como se fosse um bairro. “Hoje, a tend�ncia � n�o haver aumento substancial dos registros”, acredita.


O major explica que reuni�es com a reitoria s�o frequentes – somente este ano foram duas –, mas agora o que se tentar� � um consenso para um policiamento mais espec�fico na universidade. A implanta��o de bases m�veis e viaturas especializadas e o aumento do efetivo de vigil�ncia privada est� entre as possibilidades que devem ser tratadas. “O que deve evoluir � parceria maior para ilumina��o dentro do c�mpus e controle maior de quem entra e sai, al�m de um policiamento mais espec�fico em determinados hor�rios”, diz.

Anteontem, dia de jogo no Mineir�o pela semifinal da Copa do Brasil, estudantes usaram grupos nas redes sociais para falar de um assalto a pedestres que estavam em um ponto de �nibus em frente ao Instituto de Ci�ncias Biol�gicas (ICB). A postagem mostrava uma mensagem no WhatsApp falando sobre cinco homens armados envolvidos em um arrast�o. Os relatos n�o pararam por a�. Ainda de acordo com os alunos, dois carros e uma motocicleta teriam sido levados. Ontem � noite, o Diret�rio Central dos Estudantes (DCE) divulgou comunicado alertando sobre o “surto de viol�ncia, assaltos e roubos” na universidade.

A PM, no entanto, foi procurada para o registro de apenas um dos casos: o roubo de um Punto, por volta das 20h, por dois homens que estavam escondidos no meio do mato e surpreenderam o estudante. Foi montado bloqueio nas sa�das da universidade, mas, segundo a pol�cia, a v�tima s� acionou a corpora��o meia hora depois do fato, o que impossibilitou encontrar os suspeitos.
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)

VIGIAS AMARRADOS
Um dos crimes mais graves e violentos ocorreu em 30 de julho, �s 6h40. Uma das v�timas, um vigilante da universidade, relatou � pol�cia que ao chegar ao pr�dio da Unidade Administrativa III, na sa�da para a Avenida Abra�o Caran, no carro oficial da seguran�a para substituir o profissional que havia passado a noite de plant�o, foi rendido por tr�s homens armados, que chegaram num Fox verde. Eles amarraram os p�s e as m�os dos funcion�rios com lacres de pl�stico e, de acordo com a ocorr�ncia, os amea�aram o tempo todo, al�m de ordenar que ficassem de cabe�a baixa.

Um dos bandidos tirou de dentro do Fox um ma�arico e um cilindro de g�s para abrir um caixa eletr�nico do Banco do Brasil, mas nenhum dinheiro foi levado, porque durante o processo as notas foram queimadas. A bateria do carro oficial foi usada na a��o e levada pelos criminosos. A Pol�cia Militar relata que tudo foi filmado pelas c�meras de seguran�a do local, mas a qualidade das imagens n�o permitiu identificar a placa do ve�culo nem as caracter�sticas f�sicas dos suspeitos.

Pr�dios isolados e mais vulner�veis


�reas ermas e mais distantes no c�mpus Pampulha da UFMG s�o os locais preferidos dos criminosos, que atacam em locais como as proximidades dos pr�dios de Farm�cia e Odontologia e no caminho do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas (ICB). A maioria dos crimes foi cometida no hor�rio noturno, mas h� tamb�m muitos em plena luz do dia. O tamanho da unidade tamb�m � um desafio. S�o 2.842.685 metros quadrados – maior que o Parque das Mangabeiras, a maior �rea verde da capital, com 2,3 milh�es de metros quadrados.

Uma estudante de p�s-gradua��o no pr�dio da Faculdade de Filosofia e Ci�ncias Humanas (Fafich), que pediu para n�o ser identificada, confirma a sensa��o de inseguran�a. “Compreendemos que houve cortes e que a universidade est� fazendo o que pode. Mas algo ter� de ser feito. Tenho evitado ficar no c�mpus at� tarde. Quando cai a noite, parece at� que o clima aqui dentro muda. Sempre houve casos de assaltos, mas agora est� demais.” A Fafich � um verdadeiro complexo. Quinze edif�cios abrigam aulas, laborat�rios e pesquisas dos departamentos de antropologia e arqueologia, ci�ncia pol�tica, ci�ncias socioambientais, comunica��o social, filosofia, gest�o p�blica, hist�ria, psicologia e sociologia.

Mensagens do WhatsApp publicadas pelos alunos no Facebook mostram relatos de crimes(foto: Reprodução internet/Facebook)
Mensagens do WhatsApp publicadas pelos alunos no Facebook mostram relatos de crimes (foto: Reprodu��o internet/Facebook)
As demiss�es na vigil�ncia privada na UFMG come�aram em 2014. No fim daquele ano, houve um corte de R$ 30 milh�es nos recursos previstos para os �ltimos meses, resultando na suspens�o do pagamento de contas de �gua e luz e na dispensa de funcion�rios terceirizados de seguran�a, portaria e limpeza. Em mar�o de 2015, a diminui��o chegou a 30% entre os servidores que faziam rondas e controlavam o espa�o. Dos 280 respons�veis pela fun��o, entre vigias de portarias, rondas motorizadas e a p�, 84 foram dispensados.

Em entrevista no in�cio do m�s ao Estado de Minas, o reitor Jaime Arturo Ram�rez informou que n�o h� previs�o de mais corte de pessoal. “N�o h� mais como reduzir, pois se isso ocorre, p�e a universidade em extrema fragilidade do ponto de vista de funcionamento”, disse, na ocasi�o.

Estudante de 20 anos do 5º per�odo de geografia que tamb�m preferiu o anonimato diz que vez ou outra se t�m not�cias por grupos de redes sociais sobre algum furto ou roubo, mas que, nas �ltimas semanas, os relatos aumentaram bastante. “Foram demitidos muitos seguran�as e, por isso, estacionamentos e pr�dios como o da Engenharia, Fafich e Farm�cia, que � mais distante, ficam desprotegidos. A seguran�a, principalmente noturna, � muito prec�ria e a ilumina��o, insuficiente”, diz. Ele n�o acredita que a presen�a da Pol�cia Militar possa melhorar a situa��o. “� ineficiente. N�o surte efeito na sociedade, basta ver os �ndices de criminalidade em BH e outros estados”, diz.

O universit�rio, que fica no c�mpus do hor�rio do almo�o at� as 23h, tem tomado medidas de precau��o para n�o ser mais uma v�tima. Evita ficar fora dos pr�dios, sai mais cedo para pegar o ponto de �nibus cheio e n�o anda com objetos de valor. “Estou deixando computador e at� cart�o e dinheiro em casa.” Procurada, a UFMG n�o se pronunciou sobre os casos.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)