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Estado de Minas

Campanha quer arrecadar dinheiro para reforma do Mosteiro de Maca�bas

Monjas abrem campanha para arrecadar recursos e recuperar a parte interna do monumento, afetada por cupins e rede el�trica obsoleta, entre outros problemas


postado em 30/08/2017 06:00 / atualizado em 30/08/2017 08:22

Construído no início do século 18, o mosteiro impressiona pelas dimensões e conservação externa, apesar dos problemas na parte interna(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Constru�do no in�cio do s�culo 18, o mosteiro impressiona pelas dimens�es e conserva��o externa, apesar dos problemas na parte interna (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Um dos mais importantes monumentos arquitet�nicos do patrim�nio brasileiro pede ajuda para preservar mais de tr�s s�culos de hist�ria. Ser� lan�ada na pr�xima ter�a-feira a campanha Abrace Maca�bas, iniciativa com objetivo de garantir recursos para obras de manuten��o do Mosteiro de Maca�bas, localizado em Santa Luzia, na Grande BH. Cupim nas madeiras, parte el�trica obsoleta, buraco no piso e degrada��o de outros pontos p�em em risco a constru��o de 11,5 mil metros quadrados tombada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha) e Prefeitura de Santa Luzia. A solenidade, na Sala Capitular do mosteiro, �s 10h, ter� a presen�a do arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, da madre Maria Imaculada de Jesus H�stia e das monjas da Ordem da Imaculada Concei��o e de autoridades do patrim�nio.


O presidente da Associa��o Cultural Comunit�ria de Santa Luzia, Adalberto Mateus, destaca a import�ncia da constru��o do in�cio do s�culo 18, �s margens do Rio das Velhas. “Maca�bas � uma das mais importantes edifica��es coloniais do interior do pa�s e a �nica de Minas com caracter�sticas de convento. Em tempos de discuss�o sobre o protagonismo das mulheres na sociedade, vale destacar que sempre foi um territ�rio feminino por excel�ncia, por ter sido recolhimento, col�gio e depois mosteiro”, diz Adalberto. A associa��o integra a comiss�o respons�vel pela capta��o de recursos, que tem ainda o Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte. Em 1962, o arquiteto do Iphan, Paulo Thedim Barreto, ressaltou: “Trata-se de um conjunto do maior interesse hist�rico e arquitet�nico (…) Pelo seu vulto, grandeza e destino, � edif�cio digno de apre�o”.

Na manh� de ontem, a abadessa Maria Imaculada de Jesus H�stia, que chama o mosteiro de “casa de Nossa Senhora”, mostrou os lugares de maior preocupa��o, entre eles o “coro baixo”, na capela de Nossa Senhora da Concei��o, aberta todos os dias a moradores e visitantes para missas das 7h e, aos domingos, na acolhida da tradicional celebra��o das 10h30 com um coral da regi�o. Ajudando a arrastar um banco, ela mostrou o rombo no piso de madeira. E falou da sua confian�a e esperan�a no sucesso da campanha: “Aqui n�o � um lugar de luxo, mas de muita hist�ria de Minas e do Brasil. A parte el�trica j� foi condenada pelo Corpo de Bombeiros. Tenho certeza que muitos v�o colaborar”.

A abadessa Maria Imaculada e a irmã Maria de São Miguel mostram buraco no piso do convento(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
A abadessa Maria Imaculada e a irm� Maria de S�o Miguel mostram buraco no piso do convento (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
URG�NCIA H� tr�s anos, a abadessa comandou uma grande campanha para a compra das latas de tinta que deram vida nova ao azul colonial das portas e janelas e branco das paredes com um metro e meio de largura e prepararam o mosteiro para a festa do tricenten�rio. Acompanhando a visita, Adalberto disse que “quem v� cara n�o v� cora��o”. Traduzindo: “Maca�bas impressiona pelas dimens�es e conserva��o externa, mas, por dentro, precisa de reforma imediata de todo o sistema el�trico, descupiniza��o, enfim, de obra de restauro. Apesar da boa apar�ncia, tem problemas grav�ssimos”.

Basta olhar para o madeirame e ver a necessidade urgente de conserva��o do pr�dio que abrigou uma das primeiras escolas femininas das Gerais. Em alguns cantos, os cupins deixaram seu rastro em montinhos de madeira devorada, enquanto, ao pisar as t�buas corridas, ouve-se o estalo de perigo. O forro da capela, pintado no in�cio do s�culo 19, por Joaquim Gon�alves da Rocha, de Sabar�, tamb�m demanda a��o urgente para n�o sair de cena. Os olhos atentos v�o descobrir gambiarra de fios, colunas com perdas de reboco, buracos em madeiras, como se fosse um queijo su��o e outros sinais de deteriora��o. “Vamos conseguir o dinheiro. Deus est� conosco”, repete a abadessa ao lado da irm� Maria de S�o Miguel. Logo depois, ao meio-dia, ouvem-se as vozes das religiosas entoando os c�nticos na “hora sexta”.

RECOLHIMENTO Conhecer o Convento de Maca�bas, como � carinhosamente chamado, representa experi�ncia �nica: ali est�o freiras, roseiras para fazer vinho, muitas ora��es e trabalho duro. Na entrada principal, onde se l� a palavra clausura, v�-se em destaque a pintura de um personagem fundamental nesta hist�ria tricenten�ria: o eremita F�lix da Costa, que veio da cidade de Penedo (AL), em 1708, pelo Rio S�o Francisco, na companhia de irm�os e sobrinhos. Demorou tr�s anos para chegar a Santa Luzia, onde construiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Concei��o, de quem era devoto. Mas, antes disso, bem no encontro das �guas do Velho Chico com o Rio das Velhas, na Barra do Guaicu�, em V�rzea da Palma, Regi�o Norte do estado, ele teve a vis�o de um monge com h�bito branco, escapul�rio, manto azul e chap�u ca�do nas costas. Conforme o relato da madre superiora, “ele se viu ali” e “foi o ponto de partida para a funda��o do Recolhimento de Maca�bas”.

No s�culo 18, quando as ordens religiosas estavam proibidas de se instalar nas regi�es de minera��o por ordem da Coroa portuguesa, para que o ouro e os diamantes n�o fossem desviados para a Igreja, havia apenas dois recolhimentos femininos em Minas: al�m de Maca�bas, em Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha. Conforme os estudos, tais espa�os recebiam mulheres de v�rias origens, as quais podiam solicitar reclus�o definitiva ou passageira. Havia, portanto, uma complexidade e diversidade de tipos de reclusas, devido � falta de estabelecimentos espec�ficos para suprir as necessidades delas. Assim, os locais abrigavam meninas e mulheres adultas, �rf�s, pensionistas, devotas, algumas que se estabeleciam temporariamente, para “guardar a honra”, enquanto maridos e pais estavam ausentes da col�nia, ou ainda como ref�gio para aquelas consideradas desonradas pela sociedade da �poca.

Cupins corroem a madeira de colunas do mosteiro(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Cupins corroem a madeira de colunas do mosteiro (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
No per�odo do recolhimento, Maca�bas recebeu figuras ilustres, como as filhas da escrava alforriada Chica da Silva, que vivia com o contratador de diamantes Jo�o Fernandes. A casa na qual Chica se hospedava fica ao lado do convento. Como parte do pagamento do dote das filhas, Fernandes mandou construir, entre 1767 e 1768, a chamada Ala do Serro, com mirante e 10 celas (quartos para as religiosas). Em 1770, o mestre de campo Ign�cio Correa Pamplona assinou contrato para construir a ala da direita da sacristia (Retiro), igualmente dividida em celas. A constru��o tem ainda as alas da Imaculada Concei��o, F�lix da Costa (a mais antiga) e a de Santa Beatriz, onde se encontra o noviciado do mosteiro.

Em 1847, foi instalado oficialmente em Maca�bas um col�gio feminino, com orienta��o dos padres do Cara�a. Novos tempos chegaram em 1933, quando a escola foi desativada e instalado o mosteiro, hoje com 14 freiras.

Degradação põe em risco pontos como um altar atrás do qual já se percebe deslocamento que pode levar à sua queda(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Degrada��o p�e em risco pontos como um altar atr�s do qual j� se percebe deslocamento que pode levar � sua queda (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)

 

 

SERVI�O

Para participar e fazer doa��es
de qualquer quantia

Campanha Abrace Maca�bas
Caixa Econ�mica Federal – Mosteiro de Nossa Senhora da Concei��o Maca�bas – Ag�ncia: 1066 – Opera��o 013
Conta poupan�a: 75.403/4 – CNPJ: 19.538.388/0001-07
Informa��es no site: abracemacaubas.com.br 

 

Livro conta hist�ria de freira

 

Durante a cerim�nia de lan�amento da campanha Abrace Maca�bas/300 anos de hist�ria/Um abra�o para as novas gera��es, na ter�a-feira, �s 10h, no Mosteiro de Maca�bas, em Santa Luzia, na Grande BH, o promotor de Justi�a da comarca, Marcos Paulo de Souza Miranda, vai apresentar seu livro Irm� Germana – A exilada de Maca�bas, que conta a hist�ria da religiosa Germana Maria da Purifica��o batizada em 1782 na Capela de Nossa Senhora de Nazar�, em Morro Vermelho, em Caet�, e que ingressou em 1843 em Maca�bas, onde ficou at� 1856. A “fama de santa” de Germana, que teria o poder de levitar e apresentava sinais da crucifica��o na sexta-feira da paix�o, atraiu as aten��es at� do cientista franc�s Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), que registrou suas impress�es, conforme Souza Miranda, num livro publicado na Fran�a em 1833. Os valores obtidos com a venda do livro ser�o destinados � Campanha Abrace Maca�bas.


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