Na manh� de ontem, a abadessa Maria Imaculada de Jesus H�stia, que chama o mosteiro de “casa de Nossa Senhora”, mostrou os lugares de maior preocupa��o, entre eles o “coro baixo”, na capela de Nossa Senhora da Concei��o, aberta todos os dias a moradores e visitantes para missas das 7h e, aos domingos, na acolhida da tradicional celebra��o das 10h30 com um coral da regi�o. Ajudando a arrastar um banco, ela mostrou o rombo no piso de madeira. E falou da sua confian�a e esperan�a no sucesso da campanha: “Aqui n�o � um lugar de luxo, mas de muita hist�ria de Minas e do Brasil. A parte el�trica j� foi condenada pelo Corpo de Bombeiros. Tenho certeza que muitos v�o colaborar”.

Basta olhar para o madeirame e ver a necessidade urgente de conserva��o do pr�dio que abrigou uma das primeiras escolas femininas das Gerais. Em alguns cantos, os cupins deixaram seu rastro em montinhos de madeira devorada, enquanto, ao pisar as t�buas corridas, ouve-se o estalo de perigo. O forro da capela, pintado no in�cio do s�culo 19, por Joaquim Gon�alves da Rocha, de Sabar�, tamb�m demanda a��o urgente para n�o sair de cena. Os olhos atentos v�o descobrir gambiarra de fios, colunas com perdas de reboco, buracos em madeiras, como se fosse um queijo su��o e outros sinais de deteriora��o. “Vamos conseguir o dinheiro. Deus est� conosco”, repete a abadessa ao lado da irm� Maria de S�o Miguel. Logo depois, ao meio-dia, ouvem-se as vozes das religiosas entoando os c�nticos na “hora sexta”.
RECOLHIMENTO Conhecer o Convento de Maca�bas, como � carinhosamente chamado, representa experi�ncia �nica: ali est�o freiras, roseiras para fazer vinho, muitas ora��es e trabalho duro. Na entrada principal, onde se l� a palavra clausura, v�-se em destaque a pintura de um personagem fundamental nesta hist�ria tricenten�ria: o eremita F�lix da Costa, que veio da cidade de Penedo (AL), em 1708, pelo Rio S�o Francisco, na companhia de irm�os e sobrinhos. Demorou tr�s anos para chegar a Santa Luzia, onde construiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Concei��o, de quem era devoto. Mas, antes disso, bem no encontro das �guas do Velho Chico com o Rio das Velhas, na Barra do Guaicu�, em V�rzea da Palma, Regi�o Norte do estado, ele teve a vis�o de um monge com h�bito branco, escapul�rio, manto azul e chap�u ca�do nas costas. Conforme o relato da madre superiora, “ele se viu ali” e “foi o ponto de partida para a funda��o do Recolhimento de Maca�bas”.
No s�culo 18, quando as ordens religiosas estavam proibidas de se instalar nas regi�es de minera��o por ordem da Coroa portuguesa, para que o ouro e os diamantes n�o fossem desviados para a Igreja, havia apenas dois recolhimentos femininos em Minas: al�m de Maca�bas, em Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha. Conforme os estudos, tais espa�os recebiam mulheres de v�rias origens, as quais podiam solicitar reclus�o definitiva ou passageira. Havia, portanto, uma complexidade e diversidade de tipos de reclusas, devido � falta de estabelecimentos espec�ficos para suprir as necessidades delas. Assim, os locais abrigavam meninas e mulheres adultas, �rf�s, pensionistas, devotas, algumas que se estabeleciam temporariamente, para “guardar a honra”, enquanto maridos e pais estavam ausentes da col�nia, ou ainda como ref�gio para aquelas consideradas desonradas pela sociedade da �poca.

Em 1847, foi instalado oficialmente em Maca�bas um col�gio feminino, com orienta��o dos padres do Cara�a. Novos tempos chegaram em 1933, quando a escola foi desativada e instalado o mosteiro, hoje com 14 freiras.

SERVI�O
Para participar e fazer doa��es
de qualquer quantia
Campanha Abrace Maca�bas
Caixa Econ�mica Federal – Mosteiro de Nossa Senhora da Concei��o Maca�bas – Ag�ncia: 1066 – Opera��o 013
Conta poupan�a: 75.403/4 – CNPJ: 19.538.388/0001-07
Informa��es no site: abracemacaubas.com.br
Livro conta hist�ria de freira
Durante a cerim�nia de lan�amento da campanha Abrace Maca�bas/300 anos de hist�ria/Um abra�o para as novas gera��es, na ter�a-feira, �s 10h, no Mosteiro de Maca�bas, em Santa Luzia, na Grande BH, o promotor de Justi�a da comarca, Marcos Paulo de Souza Miranda, vai apresentar seu livro Irm� Germana – A exilada de Maca�bas, que conta a hist�ria da religiosa Germana Maria da Purifica��o batizada em 1782 na Capela de Nossa Senhora de Nazar�, em Morro Vermelho, em Caet�, e que ingressou em 1843 em Maca�bas, onde ficou at� 1856. A “fama de santa” de Germana, que teria o poder de levitar e apresentava sinais da crucifica��o na sexta-feira da paix�o, atraiu as aten��es at� do cientista franc�s Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), que registrou suas impress�es, conforme Souza Miranda, num livro publicado na Fran�a em 1833. Os valores obtidos com a venda do livro ser�o destinados � Campanha Abrace Maca�bas.