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Estado de Minas

Hospitais lutam para salvar mais de 40 v�timas de inc�ndio em creche de Jana�ba

Depois da estabiliza��o, crian�as queimadas na trag�dia da creche de Jana�ba come�am longa luta pela vida, que pode levar meses. Embora elas inspirem mais cuidados, desafio dos adultos internados tamb�m � intenso


postado em 07/10/2017 06:00 / atualizado em 07/10/2017 08:04

Paciente no HPS: monitoramento deve se contínuo(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Paciente no HPS: monitoramento deve se cont�nuo (foto: T�lio Santos/EM/DA Press)
Um tratamento complexo, delicado, que pode durar meses e exigir acompanhamento por mais de um ano. E, mais do que isso, um empenho enorme das fam�lias, que t�m pela frente o desafio de dar suporte �s v�timas do ataque do vigia Dami�o Soares dos Santos, de 50 anos, na trag�dia ocorrida na quinta-feira na Creche Gente Inocente, em Jana�ba, Norte de Minas. Depois de passada a fase de urg�ncia, em que as crian�as e funcion�rios foram socorridos, internados e tiveram o quadro estabilizado, come�a a batalha de vencer cada fase da recupera��o.


Isso porque as queimaduras de segundo e terceiro graus, que atingiram grandes extens�es dos corpos das v�timas, est�o sendo controladas da fase aguda, mas tanto as les�es de pele quanto as de vias a�reas podem se agravar. “N�o se pode dizer que, ultrapassada a fase de urg�ncia, esses pacientes estejam fora de risco, pois o tratamento � prolongado, exige controle muito grande e depende da evolu��o de cada fase, porque os riscos v�o mudando”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Pl�stica, Regional Minas Gerais, Marcelo Versiani Tavares.

Segundo o m�dico, as amea�as incluem infec��es pulmonares, quadros de desidrata��o, disfun��es renais ou mesmo infec��es na superf�cie da pele. “Quando as queimaduras s�o profundas e extensas, os pacientes precisam ser mantidos em centros de terapia intensiva, entubados, e somente ap�s uma melhora do quadro � poss�vel transfer�ncia para enfermaria”, explica.

Ap�s essa etapa de maior complexidade, as v�timas com queimaduras de terceiro grau ou segundo grau profundo, que tiveram a derme destru�da, precisam passar por processos para limpeza da �rea queimada, como prepara��o para enxertos de pele. A derme � uma camada espessa de tecido que fica abaixo da pele. “Esses processos s�o sequenciais, feitos paulatinamente, porque quando se remove o tecido destru�do o paciente pode ter sangramento e anemia. Mas tamb�m n�o pode ser tardio, porque o quadro pode se agravar”, explica o m�dico.

Segundo o cirurgi�o, � dif�cil prever quanto tempo todas as etapas de recupera��o podem exigir, pois tudo depende da condi��o cl�nica do paciente, da extens�o e profundidade da queimadura. “Alguns ficam internados seis meses, em casos graves. Tudo vai depender se o paciente vai ou n�o desenvolver algum tipo de infec��o.”


Passada a fase aguda do tratamento, as v�timas v�o precisar de cuidados para reabilita��o funcional e preven��o de queloides, com atendimento multidisciplinar que inclui nutri��o especial, fisioterapia, enfermagem, psicologia, entre outros. No caso dos queloides, o especialista explica que devem ser usadas malhas de alta compress�o, por tempo prologando, entre um e dois anos, e durante 24 horas. Elas s� podem ser retiradas para higieniza��o. “A recupera��o, de agora em diante, � longa, delicada e complexa e a dor � tanto f�sica quando ps�quica e atinge v�timas e tamb�m as fam�lias”, ressalta Marcelo.

N�mero de mortos cresce


O ataque de Dami�o provocou oito mortes, al�m da do pr�prio vigia. At� a noite de ontem, sete crian�as e a professora Heley de Abreu Silva Batista, de 43 anos,  haviam perdido a vida. Tamb�m deixou 41 pessoas feridas. Em Belo Horizonte, no Hospital de Pronto-socorro Jo�o XXIII, refer�ncia no tratamento de queimados, est�o seis crian�as e duas professoras, todas na UTI, com quadro grave, e risco de morrer. � o mesmo o estado de sa�de de tr�s alunos encaminhados para o Hospital Odilon Behrens, tamb�m na capital.

Ver galeria . 11 Fotos Enterro foi acompanhado por centenas de pessoasLuiz Ribeiro/EM/D.A.Press
Enterro foi acompanhado por centenas de pessoas (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A.Press )
Os alunos atingidos pelo inc�ndio tiveram entre 20% e 80% dos corpos queimados. Em crian�as, queimaduras j� s�o consideradas grav�ssimas quando atingem mais de 15% da superf�cie corporal. Em adultos, os quadros s�o mais graves com �ndices acima de 25%. Em pacientes com queimaduras de vias a�reas, h� casos em que � preciso manter a respira��o artificial.

Em Jana�ba, parentes das crian�as que tiveram queimaduras ou inalaram fuma�a rezam pela recupera��o, mas t�m quase nenhuma informa��o sobre como ser� essa batalha. As crian�as s�o de fam�lias carentes, muitas de pouca instru��o. “A gente � fraquinho e tem pouco conhecimento, mas se informa com as pessoas de bem. Vou procurar saber com os m�dicos o que � melhor fazer para cuidar do meu neto”, disse o aposentado Itamiro Jos� Correa, de 69 anos, av� de �caro Soares, de 4,  que est� internado em Montes Claros.

Ver galeria . 10 Fotos Primeira a ser sepultada foi a garota Ana Clara Ferreira da Silva, seguida de Ruan Miguel Soares SilvaLuiz Ribeiro/EM/D.A PRESS
Primeira a ser sepultada foi a garota Ana Clara Ferreira da Silva, seguida de Ruan Miguel Soares Silva (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A PRESS )
Em meio a tanta d�vida e desalento, uma boa not�cia bateu � porta de familiares de uma das v�timas. Na tarde de ontem, a aposentada Delfina Maria de Jesus Correa, de 68, ficou feliz com a informa��o de que o neto come�ou a reagir. “Se eu puder ajudar, vou fazer de tudo para ele se recuperar”, disse a av� da crian�a, confessando tamb�m n�o dispor de informa��es sobre os cuidados m�dicos necess�rios nesses casos. Os pais de �caro acompanham o filho no hospital, assim como os pais de outras crian�as feridas no inc�ndio da creche.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


Tratamento � "longo, complexo, doloroso"


Complexo, demorado e doloroso. Assim o cirurgi�o pl�stico Marcos Mafra, coordenador da unidade de tratamento de queimados do Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII (HPS), em Belo Horizonte, descreveu o tratamento das v�timas do ataque � creche Gente Inocente, em Jana�ba, no Norte de Minas. Na unidade de sa�de est�o oito pessoas, sendo seis crian�as e duas professoras, todas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com quadro grave e com risco de morrer. O estado de sa�de das tr�s crian�as encaminhadas para o Hospital Odilon Behrens tamb�m � grave. Duas crian�as est�o graves no Hospital Pedi�trico Jo�o Paulo II.

“O tratamento � complexo, demorado e doloroso. Estamos fazendo com a melhor qualidade poss�vel”, afirmou o m�dico. Est�o internados no HPS seis crian�as entre 4 e 5 anos e duas funcionarias da escola, de 42 e 63. Todos os pacientes respiram por meio de ventila��o mec�nica. O tratamento j� foi iniciado e prev� cirurgias pl�sticas para retirada da pele queimada e enxerto.

Ver galeria . 17 Fotos Vigia ateou fogo e matou crianças na Cemei Gente Inocente, uma creche de Janaúba, Norte de Minas Gerais. Ocorrência mobiliza forças de segurança e desespera moradoresPolícia Militar/Divulgação
Vigia ateou fogo e matou crian�as na Cemei Gente Inocente, uma creche de Jana�ba, Norte de Minas Gerais. Ocorr�ncia mobiliza for�as de seguran�a e desespera moradores (foto: Pol�cia Militar/Divulga��o )
Tr�s crian�as est�o com um quadro de queimaduras cut�neas e das vias a�reas. Outras tr�s apresentaram quadro de intoxica��o, sem queimaduras na pele. Tr�s crian�as foram transferidas ontem do HPS para o Odilon Behrens, na capital. Elas est�o em estado grave, no Centro de Terapia Intensiva (CTI), com ferimentos nas vias respirat�rias.

“Elas est�o respirando por meio de aparelhos, sedadas. Estamos aguardando que tenham uma melhora do cansa�o e do edema do sistema respirat�rio”, comentou o gerente de pediatria do Odilon Behrens, Marcos Evangelista de Abreu, otimista quanto ao quadro das crian�as.

Na quinta-feira, elas foram atendidas no hospital de Jana�ba, mas, sem a pele queimada e sintomas aparentes, acabaram liberadas. Os pais foram orientados a retornar � casa de sa�de se apresentassem alguma altera��o respirat�ria. Todas come�aram a apresentar tosse e cansa�o, como explica Evangelista.

As les�es foram provocadas pela fuma�a. “O estado de sa�de merece cuidado e ainda � grave. Mas a gente espera que, em quest�o de dias, tenham alta e estejam em �tima condi��o”, disse. O hospital disponibilizou seis leitos de terapia intensiva pedi�trica para as v�timas de Jana�ba.
Na porta do Hospital João XXIII, homenagens às vítimas do ataque que estão internadas na unidade(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Na porta do Hospital Jo�o XXIII, homenagens �s v�timas do ataque que est�o internadas na unidade (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)


V�timas da trag�dia


Mortos

Crian�as
> Luiz David Ferreira, 4 anos
> Ana Clara Ferreira da Silva, 4 anos
> Ruan Miguel Silva, 4 anos
> Juan Pablo Cruz dos Santos, 4 anos
> Renan Nicolas dos Santos Silva, 4 anos
> Yasmin Medeiros Sabino, 4 anos
> Cec�lia Davina Gon�alves Dias, 4 anos
Adultos
> Heley Abreu Batista, 43 anos
> Dami�o Soares dos Santos, 50 anos

Feridos

Em Jana�ba
    1)    Hemili Sofia Santana Barbosa, 3 anos, inala��o de fuma�a
    2)    Nicole Lorrane Barbosa, 4 anos, inala��o de fuma�a
    3)    Pedro Lucas Almeida Dias, 2 anos, inala��o de fuma�a
    4)    Kaio Pierre Santos, 2 anos, inala��o de fuma�a
    5)    Vit�ria Souza da Silva, 4 anos, inala��o de fuma�a
    6)    Murilo Ramos Dias, 3 anos, inala��o de fuma�a
    7)    La�s Emanuelle Rodrigues Oliveira, 1 ano, inala��o de fuma�a
    8)    Weberth Kaik dos Anjos Dias, 3 anos, inala��o de fuma�a
    9)    Italo Rair dos Anjos Dias, 1 ano, inala��o de fuma�a
    10)    Maria Rita Barbosa, 5 anos, inala��o de fuma�a
    11)    Pietro Souza Silva, 2 anos, inala��o de gases da combust�o
    12)    Eduardo Souza Silva, 2 anos, inala��o de gases da combust�o

Em Montes Claros
    1)    Ma�sa Gabriely de Jesus Santos, 3 anos, 35% do corpo queimado
    2)    Patrick Samuel Louren�o de Souza, 3 anos, 30% do corpo queimado
    3)    Thiago Felipe Medeiros Santos, 4 anos, 30% do corpo queimado
    4)    Nicole Maria, 6 anos, 20% do corpo queimado, queimaduras na m�o
    5)    Ruan Emanuel Dias Barbosa, 5 anos, 30% do corpo queimado
    6)    Talita Vit�ria Bispo, 4 anos, queimadura de vias a�reas
    7)    Ycaro Rafael da Silva Soares, 4 anos, queimadura de vias a�reas
    8)    Luciano Gabriel Nunes Rocha, 1 ano, inala��o de gases
    9)    Arthur Gabriel Soares Souza, 4 anos, inala��o de gases
    10)    Julie Mariah, 3 anos, inala��o de gases
    11)    Ludmila Cristine, 6 anos, inala��o de gases
    12)    Matheus Felipe Rocha Santos, 5 anos, estabilizado, grave
    13)    Maria Vilma Pinheiro, 51 anos 40% do corpo queimado
    14)    J�ssica Morgana Silva Santos, 23 anos, 80% do corpo queimado
    15)    Lucas Gabriel Martins Silva, 4 anos, queimadura nas costas, inala��o de gases
    16)    Maria Eduarda Oliveira Souza, 2 anos, inala��o de gases

Transferidos para Belo Horizonte

Hospitais Jo�o XXIII e Jo�o Paulo II
    1)    Flavia Nayara Dias, 4 anos, queimadura nos membros inferiores, 80% do corpo queimado
    2)    Marcus Vinicius Santos, 3 anos,  20% do corpo queimado
    3)    Gabriel Carvalho de Oliveira, 5 anos, 80% do corpo queimado
    4)    Ma�sa Barbosa dos Santos, 5 anos, queimadura de vias a�reas
    5)    Yasmin Est�fany Nunes Santos, 6 anos, queimadura de vias a�reas
    6)    Raissa da Silva Caetano de Jesus, 5 anos, 45% do corpo queimado e vias a�reas
    7)    Luana Almeida Nogueira, 5 anos, queimadura de vias a�reas
    8)    Nicolas Eduardo Freitas Borges, 4 anos queimadura de vias a�reas
    9)    Geni Oliveira Lopes Martins, 63 anos, 60% do corpo queimado
    10)    Marley Simone, 42 anos, 40% do corpo queimado

Hospital Odilon Behrens
    1)    Daniel Jesus, 4 anos, inala��o de gases
    2)    Artur Souza Oliveira, 2 anos, sem queimaduras
    3)    Sara Emanuele, 5 anos, inala��o de gases


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