
As bandeiras do Brasil, de Minas Gerais, da UFMG e da Faculdade de Medicina est�o erguidas a meio mastro, em raz�o do falecimento do professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da faculdade. Segundo a pol�cia, Ant�nio foi assassinado com 10 facadas dentro de um �nibus da linha 9805 (Renascen�a/Santa Efig�nia) quando se dirigia ao trabalho na manh� de ontem.
Uma m�dica de 60 anos, ex aluna de Ant�nio, disse que ele era uma pessoa muito querida e tinha o costume de manter contato com muitos de seus alunos. “Vou guardar o companheirismo e os princ�pios da a��o social. Ele era uma pessoa bon�ssima, um grande companheiro”, afirma a mulher, que preferiu n�o se identificar. O enterro ser� no Cemit�rio do Bonfim.
Amigo pessoal e colega de trabalho do professor, o coordenador do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas, Marcus Vin�cius Polignano classificou a morte de Ant�nio Leite como "uma brutalidade".
"Um colega exemplar, companheiro de luta, um professor nota 10. Enfim, um homem da paz, n�o merecia isso, n�o fez nada para isso. � mais uma v�tima dessa viol�ncia insana e brutal nossa. � uma perda inexplic�vel, inaceit�vel," lamentou Marcus Vin�cius. Ant�nio Leite foi um dos fundadores do Projeto Manuelz�o, que hoje � coordenado por Marcus Vin�cius.

Entenda o caso
O professor entrou no �nibus da linha 9805 por volta das 8h de ontem, no ponto da Pra�a Muqui, pr�ximo ao n�mero 111, como costumava fazer diariamente, no Bairro Renascen�a, na Regi�o Nordeste de BH. Nove pontos depois, na Rua Tamboril, j� no Conc�rdia, Alexandre Siqueira de Freitas, de 26, embarcou junto com a mulher. Testemunhas contaram que Alexandre come�ou a discutir com Ant�nio logo ao entrar no coletivo. Minutos depois, o suspeito ordenou ao motorista que parasse o ve�culo, pois o m�dico desceria. Nesse momento, segundo o boletim de ocorr�ncia, Alexandre puxou a mochila da v�tima, que teria reagido. Diante disso, Alexandre sacou uma faca e golpeou o professor aproximadamente 10 vezes.
A confus�o chamou a aten��o de moradores e comerciantes da Rua Juazeiro, no Bairro S�o Crist�v�o, onde o ve�culo parou. “Tinha acabado de abrir a loja. No ponto de �nibus estavam tr�s pessoas. Quando olhei pela janela, vi o criminoso fazendo o movimento de dar as facadas. O professor ainda estava sentado no banco quando foi atingido”, disse uma testemunha que conversou com o Estado de Minas e pediu anonimato.
Em conversa com os policiais, Alexandre contou uma vers�o que n�o convenceu a fam�lia da v�tima nem as testemunhas do crime. Ele alegou que o professor e outros cinco homens o agrediram em um bar na Rua Jacu� na noite de domingo. Parentes afirmam que Ant�nio n�o frequentava bares nem tinha sa�do na noite anterior ao crime. J� pessoas que presenciaram a cena dizem que o agressor queria roubar o celular e a mochila do passageiro. Na casa de Alexandre foram encontradas a jaqueta e o bon� usados por ele na hora do crime, com marcas de sangue.
Colegas lamentam
Amigos e familiares s�o un�nimes: Ant�nio n�o espelhava e n�o tinha qualquer resson�ncia com a viol�ncia, mal-estar ou indisposi��o com o outro. Homem pacato, trabalhou a vida toda em prol da sa�de p�blica. H� 20 anos, ao lado de dois amigos e colegas de profiss�o, fundou o Projeto Manuelz�o, um dos �cones na busca pela revitaliza��o dos rios. Al�m da fam�lia, a medicina era a grande paix�o. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sua segunda casa. Abolia o carro. Preferia ir trabalhar de �nibus. Dizia serem os autom�veis antiecol�gicos e queimadores de muito combust�vel.
Por meio do Facebook, o Projeto Manuelz�o divulgou uma nota lamentando a morte de Ant�nio Radicchi. “Uma perda irrepar�vel para sua fam�lia, para o Projeto Manuelz�o e toda a sociedade. O professor era um defensor do meio ambiente, um cidad�o exemplar e foi v�tima desta guerra civil e social que vivemos diariamente. Para n�s do Projeto Manuelz�o fica a saudade e para sempre sua amizade e companheirismo. Que Deus conforte sua fam�lia e que ele descanse em paz”, diz o texto.
Na mesma p�gina, o coordenador do Manuelz�o, Marcus Vin�cius Polignano, divulgou uma mensagem em homenagem ao amigo e colega. “Um homem do bem, um homem da paz. Um educador, um protagonista da sa�de coletiva neste pa�s, um professor titular da Faculdade de Medicina da UFMG, um dos fundadores do Projeto Manuelz�o UFMG”, disse o ambientalista. “Quero declarar a minha dor, o meu pesar, mas tamb�m a minha profunda admira��o a Ant�nio Leite Radicchi. Que a insanidade do mundo n�o nos tire o que nos resta de sanidade emocional”, finalizou.
Por meio de nota, o Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG lamentou o falecimento do professor. Ant�nio deixa mulher, quatro filhos, uma neta, e uma legi�o de admiradores e saudade. (Com informa��es de Jo�o Henrique do Vale e Junia Oliveira)