Congonhas busca recursos para bancar r�plicas dos profetas de Aleijadinho

Congonhas – Novo cap�tulo na hist�ria dos profetas esculpidos h� mais de 200 anos por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e obra-prima do Santu�rio Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, na Regi�o Central, reconhecido como patrim�nio cultural da humanidade.

Est� em andamento, e j� com aprova��o do Minist�rio da Cultura (MinC), projeto para produ��o de r�plicas de 10 das 12 pe�as barrocas – entre 2011 e 2012, foram feitas as dos profetas Jonas e Joel. Nos �ltimos dias, uma equipe do Museu de Congonhas, vinculado � Funda��o Municipal de Cultura, Lazer e Turismo (Fumcult), esteve em Bras�lia (DF) buscando parceiros para a empreitada, or�ada em R$ 4,1 milh�es.

A iniciativa quer garantir a preserva��o do acervo e n�o deixa de reacender o debate: o conjunto visitado por gente do mundo inteiro deve continuar ao ar livre ou ser transferido para o museu.

 O projeto entusiasma o diretor do Museu de Congonhas, S�rgio Rodrigo Reis, que esteve tamb�m na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro (RJ), e se mostra esperan�oso, pois o agente financeiro colocara como condicionante a aprova��o pelo MinC. No pacote da poss�vel parceria, al�m da produ��o das r�plicas, est� a amplia��o, prevista no projeto original do arquiteto Gustavo Penna, do atual anfiteatro da institui��o.

Nesse espa�o do museu, dever� ser instalado um segundo andar para abrigar a Galeria dos Profetas, com as 12 pe�as, na mesma disposi��o da existente no adro do santu�rio. S� a elabora��o do projeto para a interven��o custar� R$ 500 mil. A busca de patroc�nio para os projetos � feita em parceria com a Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco) e o Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan).

 “Ainda n�o sabemos que tipo de material ser� usado nas 10 r�plicas, mas descartamos a resina e o p� de pedra-sab�o das duas anteriores. O resultado pl�stico ficou artificial, pode ser melhorado”, explica S�rgio. Todo o aparato tecnol�gico adotado h� cinco anos para escaneamento em 3D das esculturas, inclusive com ajuda de um rob� da ind�stria automotiva, n�o ser� mais necess�rio.

“Temos armazenadas todas as informa��es e o processo � muito caro. Em 2011 e 2012, por exemplo, foram feitos os moldes em silicone, as c�pias de seguran�a em gesso e depois as r�plicas.”

 

DEGRADA��O

 Expostos a c�u aberto e atraindo milhares de pessoas anualmente – s� na romaria, em setembro, s�o 250 mil visitantes –, os profetas e seus rumos, segundo o diretor do Museu de Congonhas, exigem muita reflex�o. “A retirada ou n�o das pe�as divide a opini�o dos especialistas, mas tem alguns que eram contra e hoje defendem a transfer�ncia. O conjunto, sem d�vida, � a obra mais iconogr�fica do Brasil, criada pelo artista mais importante da Am�rica Latina e s�mbolo de Minas”, afirma S�rgio.

 Para o diretor do museu, a discuss�o deve pavimentar o caminho: “Vistos como obras de arte, os profetas devem ser preservados e mantidos sob controle, enquanto, como pe�as devocionais, complementam a bas�lica, representam o local de maior peregrina��o do estado.”

 Turistas de todo canto ficam “de boca aberta” diante dos profetas, conforme disse a ga�cha Vera Moretti, de Porto Alegre, ao lado do marido, Norival Moretti, e olhando para o profeta Ezequiel. “N�o d� para acreditar. Na minha terra, aprendemos desde crian�a, nas aulas de hist�ria, sobre a import�ncia desse conjunto. Mas acho que nem as professoras tiveram a oportunidade de admir�-los”, contou Vera.

 

1800 a 1805 - Aleijadinho esculpe os 12 profetas para o adro do Santu�rio do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas
1938 - O conjunto do santu�rio � tombado pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan)
1950 a 1970 - S�o feitos moldes e r�plicas dos profetas, mas a maioria se perde ou sofre degrada��o
In�cio de 1980 - O Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) promove limpeza mec�nica dos profetas, com t�cnicas n�o mais usadas (escova de n�ilon, sab�o de coco etc.)
1985 - Conjunto do santu�rio � reconhecido como patrim�nio cultural da humanidade pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco)
1996-1998 - Numa parceria Brasil-Alemanha, entra em a��o o Projeto Ideas, para estudo de degrada��o dos materiais p�treos e edifica��es hist�ricas. Come�a a ser usado um biocida para limpar as esculturas e evitar les�es e ataque principalmente de l�quens
2002-2003 - Surge a pol�mica de substitui��o dos profetas originais pelas r�plicas, devido ao ataque de l�quens, fungos e outros micro-organismos. Em 2003, � lan�ado o projeto de constru��o do Museu do Barroco, que, com o tempo, se tornou Memorial Congonhas/ Centro de Refer�ncia do Barroco e Estudo da Pedra e depois Museu de Congonhas
2011-2012 - Profetas s�o digitalizados e s�o feitas as r�plicas dos profetas Jonas e Joel, com a chancela da Unesco
2015 -  Em 15 dezembro, � inaugurado o Museu de Congonhas, fruto da parceria entre Unesco, Iphan e Prefeitura de Congonhas

 

 

 MEM�RIA

 

 BARROCO EM 3D

 

Na noite fria de 18 de novembro de 2011, Congonhas, na Regi�o Central, foi palco de um encontro in�dito e hist�rico envolvendo duas gera��es. Frente a frente, um rob� usado na ind�stria automotiva e Am�s, um dos 12 profetas esculpidos por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, para o adro do Santu�rio Bom Jesus de Matosinhos. O primeiro contato entre as partes, embora com uma dist�ncia de mais de 200 anos de “idade”, foi tranquilo, atraiu muita gente e despertou curiosidade na cidade. Todos os dados coletados tamb�m no ano seguinte est�o em poder do Museu de Congonhas, administrado pela Prefeitura de Congonhas e nascido da parceria entre a administra��o municipal, a Unesco e o Iphan. Hoje n�o seria necess�ria tanta parafern�lia, j� que h� equipamento manual para fazer esse servi�o.