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Estado de Minas

M�dia de suic�dios entre estudantes de medicina e residentes � maior que a da popula��o em geral

Nos artigos cient�ficos, estudantes falam em esgotamento, ansiedade, depress�o, interna��es psiqui�tricas, uso de �lcool e drogas


postado em 01/12/2017 06:00 / atualizado em 01/12/2017 07:59

Press�o, responsabilidade e o medo do fracasso, uma mistura que, h� anos, leva estudantes e m�dicos rec�m-formados a tirarem a pr�pria vida. A quest�o � discutida h� d�cadas no c�rculo m�dico, mas extrapolou os muros das faculdades de medicina depois do autoexterm�nio de dois alunos de uma institui��o de Minas Gerais num per�odo de apenas 10 dias, sendo o �ltimo deles na manh� de ter�a-feira. Estudos cient�ficos mostram um n�mero assustador: a m�dia de suic�dios entre quem ainda est� cursando medicina e quem acabou de concluir o curso � quatro a cinco vezes maior que a da popula��o em geral em todo o mundo. Outro dado � que um em cada quatro tem sintomas depressivos.

Neurocirurgi�o e professor da Faculdade de Sa�de e Ecologia Humana (Faseh), em Vespasiano, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), S�rgio Gon�alves de Oliveira relata que o assunto foi um dos temas do 55º Congresso Brasileiro de Educa��o M�dica (Cobem), m�s passado, em Porto Alegre (RS). “Esse � um assunto que se discute h� anos, desde 1968. E desde 1976 j� h� estudos cient�ficos no mundo todo falando sobre suic�dios entre estudantes de medicina e os residentes (m�dicos rec�m-formados que est�o se especializando). Grandes revistas norte-americanas e o Jornal de Medicina, lido no mundo todo, publicaram v�rias mat�rias sobre isso”, diz.

Em 1991, levantamento apontou as caracter�sticas dos alunos que tiraram a pr�pria vida: o estudante que quer o melhor desempenho escolar; pessoas mais exigentes; mais propensas a sofrer press�es; pouca toler�ncia a falhas; quem sente maior culpa pelo que n�o sabe; aqueles que paralisam diante do medo de errar; quem pensa em abandonar o curso, mas n�o tem coragem de faz�-lo. Todos esses fatores levam � depress�o e ao suic�dio.

Nos artigos cient�ficos, estudantes falam em esgotamento, ansiedade, depress�o, interna��es psiqui�tricas, uso de �lcool e drogas. Segundo S�rgio Oliveira, este ano se observou aumento maior em compara��o com anos anteriores, apesar de n�meros absolutos n�o terem sido levantados. “N�o h� estudos quantitativos ou qualitativos  nem uma forma de numerar os casos. H� tentativas de autoexterm�nio e aquelas em que se consegue atingir o objetivo. V�rias tentativas n�o s�o computadas. S� vamos saber quando o estudante morre”, diz.

O m�dico relata que numa das institui��es mais importantes do pa�s, a Universidade de S�o Paulo (USP), houve este ano um n�mero grande de tentativas de autoexterm�nio, principalmente entre alunos do 4º ano de medicina, o que levou o assunto ao centro dos debates no Cobem. Entre os motivos, est�o as press�es que se multiplicam nessa etapa, quando se aproxima a prova de resid�ncia. “O aluno vai escolher a especializa��o e s�o poucas vagas. Elas s�o em n�mero menor que a quantidade de alunos que se formam. O estudante quer se inserir no mercado, j� fazendo a especializa��o de que gosta. E a� v�m as disputas e ele fica mais vulner�vel”, afirma o neurocirurgi�o.

Para o professor do 6º per�odo de medicina, o salto de casos em 2017 � explicado pelo momento pelo qual o pa�s est� passando, de inseguran�a e instabilidade. “O momento coincide com o em que ele deve decidir o que quer para vida dele. E j� estudou por tanto tempo que � muito dif�cil sair de uma especialidade e ir para outra.”

S�rgio Oliveira relata ainda que � grande o n�mero de alunos que fazem uso de antidepressivos e, diante de tantas evid�ncias, as institui��es t�m atuado cada vez mais na tentativa de ajudar os estudantes. Por isso, em toda elas h� um n�cleo de apoio ao estudante de medicina. Segundo o m�dico, a chave est� no controle emocional.

“Sempre pergunto aos meus alunos quem foi ao cinema, quem est� lendo um livro interessante. Mostro que ele tem que sair, se divertir, ter outros envolvimentos e uma vida pessoal. O fato de estudar muito � s� a gota d’�gua num copo que j� est� cheio”, avisa. Nesse trabalho multidisciplinar tamb�m � fundamental o envolvimento da fam�lia: “Quando fala que tem que internar, fazer tratamento, �s vezes, a fam�lia nega. � chato, mas acontece. O que pesa no futuro m�dico � a perda da liberdade pessoal. O estudante se isola da fam�lia e dos amigos. O tempo dele � para estudo. Por isso, os familiares devem ficar atentos �s mudan�as de comportamento”.


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