
Assassinatos brutais, cometidos com uso de facas e por motivos f�teis, chocaram a popula��o de Belo Horizonte no �ltimo m�s. O mais recente, cuja acusada teve imagens divulgadas ontem pela Pol�cia Civil (leia abaixo), vitimou a dom�stica Valdete Lopes Queiroz, de 49 anos, na segunda-feira. Vinte e sete dias antes, em 13 de novembro, a v�tima havia sido o m�dico Ant�nio Leite Alves Radicchi, de 63, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os dois casos, por�m, s�o apenas a face mais vis�vel de um tipo de crime que avan�a de forma silenciosa na capital. Os homic�dios cometidos com o uso de arma branca – como s�o definidos objetos como facas, fac�es, canivetes e estiletes – v�m crescendo de forma significativa na cidade em 2017 em compara��o com o ano anterior. Dados da Secretaria de Estado de Seguran�a P�blica (Sesp) mostram um salto de 24,3% nesse tipo de ocorr�ncia entre janeiro e agosto, �ltima estat�stica dispon�vel.
Entre janeiro e agosto, houve 46 assassinatos com uso de arma branca em Belo Horizonte, m�dia de um a cada seis dias. No mesmo per�odo de 2016, foram 37 ocorr�ncias. J� os registros de les�o corporal foram 652 em 2017, contra 616 do per�odo anterior. O fato de os crimes consumados estarem aumentando, enquanto tentativas de homic�dio com facas e semelhantes t�m ligeira queda (de 107 no ano passado para 94 nos primeiros oito meses de 2017, ou menos 1%) pode ser interpretado como indicativo de maior viol�ncia nos ataques. BH apresenta tend�ncia inversa � observada em todo o estado quando se considera esse tipo de ocorr�ncia. Em Minas, crimes com uso de armas brancas diminu�ram. Os homic�dios diminu�ram 1%, as tentativas recuaram 9,1% e as les�es corporais, 6,3%.
"O que a PM tem feito � o aumento da verifica��o, principalmente em pontos quentes, como bares e locais com aglomera��o de pessoas. Claro que a lei deixa algumas brechas, e nesses casos n�o d� para fazer a apreens�o"
Major Fl�vio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da PM

No dia 20 do mesmo m�s, tr�s pessoas, entre elas dois turistas de S�o Paulo, foram feridos a golpes de facas em duas ocorr�ncias distintas na Regi�o Centro-Sul da capital. J� no �ltimo dia 12, um homem teve um surto psic�tico e esfaqueou tr�s mulheres no Bairro Tirol, na Regi�o do Barreiro. Duas delas morreram.
MOTIVA��ES Para o major Fl�vio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da Pol�cia Militar, dois fatores podem ajudar a explicar a alta nesse tipo de ocorr�ncia. “Na verdade s�o duas vertentes: aumento da apreens�o de armas de fogo, que inclusive s�o mais letais que as armas brancas, e a quest�o dos motivos que envolvem o criminoso, como a��es motivadas por surtos psic�ticos, crimes passionais ou brigas em bares, onde h� consumo de bebidas alco�licas”, afirmou.
Em Minas, lei sancionada em 28 de julho de 2016 pelo governador Fernando Pimentel (PT) pro�be a posse de l�minas que tenham mais de 10 cent�metros de comprimento. Pessoas flagradas com esse tipo de objeto est�o sujeitas a multas de R$ 2,7 mil. Contudo, a infra��o s� fica configurada, pelos termos da legisla��o, se a pessoa estiver com a l�mina na m�o, na cintura ou no carro, j� que o pr�prio texto legal considera que “n�o configura porte de arma branca o transporte do artefato na embalagem original; em bolsas, malas, sacolas ou similares; em ve�culos, desde que acondicionados em mala ou caixa de ferramentas; em raz�o de atividade econ�mica desempenhada pelo transportador”.
“O que a PM tem feito � o aumento da verifica��o, principalmente em pontos quentes, como bares e locais com aglomera��o de pessoas. Claro que a lei deixa algumas brechas, e nesses casos n�o d� para fazer a apreens�o”, comentou o chefe da Sala de Imprensa da PM. “Vale ressaltar que den�ncias da popula��o s�o bastante importantes para coibir esse tipo de crime. Ao observarem algu�m com uma faca, as pessoas devem ligar para os telefones 190 ou 181 (Disque Den�ncia), para os militares fazerem a abordagem e a triagem. Essa den�ncia pode salvar vidas”, completou.
Grava��o identifica assassina do Move
A mulher que matou a facadas a empregada dom�stica Valdete Lopes Queiroz, de 49 anos, por supostamente ter entrado falando alto em um �nibus do Move, em Belo Horizonte, � procurada pela Pol�cia Civil, que ontem divulgou imagens da assassina captadas pelas c�meras de seguran�a do ve�culo e do Olho Vivo. Depoimentos de testemunhas tamb�m ajudaram a identific�-la visualmente, embora sua identidade ainda seja desconhecida. As apura��es continuam para tentar encontr�-la. A investiga��o aponta que a passageira esfaqueou a v�tima por ter sido acordada por ela, de quem levou um esbarr�o.
As investiga��es est�o sendo conduzidas pelo delegado C�sar Duarte Mattoso, da Delegacia de Homic�dios Centro-Sul. Imagens e depoimentos de testemunhas, entre elas o condutor do �nibus da linha 61 (Centro/Venda Nova), indicam que o crime foi cometido por motivo f�til. “A autora, quando entra, ocupa parte de duas cadeiras de modo reclinado, para descansar. Em seguida, inicia um cochilo. A v�tima entra no �nibus de forma atabalhoada e falando. Ao se sentar, parece empurrar a perna da autora, que estava cochilando. A partir da�, as duas iniciam a discuss�o, de modo r�spido, como � noticiado pelas testemunhas”, contou o delegado.
Quando o ve�culo se aproximava da Avenida Paran�, no Centro de Belo Horizonte, segundo Mattoso, a autora pede que o motorista pare o ve�culo fora do ponto regular. “Ele abre as portas e neste momento a autora agride a v�tima com uma facada no peito, de forma surpreendente, descarregando sua raiva. Em seguida, foge do �nibus”, conta a policial. Segundo o delegado, imagens do ve�culo flagram a v�tima ainda com a l�mina cravada no peito e retirando o objeto. Valdete chegou a ser socorrida, mas morreu antes de chegar ao hospital.
A assassina, segundo os primeiros levantamentos, seria de Ribeir�o das Neves. “Temos a identifica��o visual da autora, que compartilhamos para que a popula��o possa identific�-la, ligar para o 181 e fazer uma den�ncia an�nima que nos permita chegar a essa pessoa”, pediu. A mulher ser� indiciada por homic�dio duplamente qualificado. Se condenada, pode pegar de 12 a 30 anos de pris�o.