
Apenas o v�rus da dengue tem quatro sorotipos distintos: DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4. O infectologista Ricardo Fontes, professor de medicina no Centro Universit�rio UNI-BH, explica que a infec��o pr�via pelo v�rus da doen�a confere prote��o de longa dura��o para o sorotipo espec�fico com o qual o indiv�duo foi infectado, mas n�o para os demais. Trocando em mi�dos: uma mesma pessoa pode ter dengue diversas vezes. “Mesmo que j� tenha apresentado sintomas de dengue, ela pode ter a doen�a novamente, por outro sorotipo. Em rela��o � zika e � febre chikungunya, parece que a infec��o pr�via confere imunidade, mas ainda n�o se sabe ao certo se � duradoura ou se os indiv�duos podem apresentar a doen�a mais de uma vez”, afirma.
Quanto � febre amarela, ele lembra que a vacina��o est� dispon�vel na rede p�blica para todos as pessoas acima de 9 meses de idade, que n�o tenham contraindica��o ao uso da vacina (pacientes com alergia grave a ovo), imunossuprimidos e pessoas que tiveram rea��o al�rgica grave � dose anterior da vacina. “A vacina � segura e eficaz e apenas uma dose induz a produ��o de anticorpos a partir de 7 a 10 dias da aplica��o. Aproximadamente 99% dos vacinados apresentam anticorpos contra a doen�a depois de um m�s”, ressalta o m�dico.
Atualmente, a cobertura vacinal acumulada de febre amarela no estado de Minas Gerais est� em torno de 81%, e a meta � alcan�ar a cobertura de 95%. Mas no ano em que Minas Gerais foi assombrada pela virose, tendo enfrentado o pior quadro de infec��o da hist�ria, a cobertura vacinal ainda n�o atingiu a meta de 95%. Hoje, o patamar � de 81%, o que significa uma estimativa de 3.788.631 de mineiros sujeitos ao v�rus, principalmente na faixa et�ria de 15 a 59 anos (a mais acometida pelo surto), de acordo com a Secretaria de Estado de Sa�de.
A forma da doen�a que atingiu o estado no in�cio do ano foi a silvestre (transmitida pelos mosquitos Hemagogos e Sabethes). Por�m, est� no ar o medo da forma urbana, disseminada pelo Aedes.
Isso significaria um descontrole da situa��o, na opini�o de especialistas, o que refor�a a import�ncia de campanhas de preven��o e combate ao mosquito que ainda infesta cidades de todo o pa�s. “Parte da popula��o est� vacinada e tem prote��o. � preciso agora tentar evitar a prolifera��o no ambiente urbano”, refor�a a m�dica T�nia Marcial, diretora na Sociedade Mineira de Infectologia.
O infectologista Ricardo Fontes ressalta que as manifesta��es cl�nicas na febre amarela silvestre e na urbana s�o as mesmas. Ele destaca que certas condi��es das cidades, especialmente o ac�mulo de �gua em lixo e em superf�cies imperme�veis do solo e do ambiente modificado pelo homem, fazem do Aedes um mosquito extremamente adaptado �s caracter�sticas urbanas.
A transmiss�o da febre amarela diretamente no ambiente urbano n�o tem sido notificada no Brasil, mas � grande a preocupa��o para evitar que isso ocorra justamente pela adapta��o do mosquito. “Isso tornaria muito dif�cil o controle da transmiss�o da doen�a. O surto de febre amarela do in�cio de 2017 acometeu especialmente pessoas n�o vacinadas da regi�o rural dos munic�pios acometidos”, diz. “A atual cobertura vacinal de 81% � razo�vel, por�m, estima-se que para a vacina ser capaz de prevenir surtos, o ideal seria uma cobertura de 95% da popula��o. Segundo dados da Secretaria de Estado da Sa�de, Minas Gerais ainda apresenta 639 munic�pios com cobertura abaixo da meta, distribu�dos nas diversas regi�es do estado”, diz m�dico.
ESTRAT�GIAS O m�dico relata que diversas estrat�gias t�m sido adotadas e estudadas para o controle da popula��o do Aedes aegypti. Segundo ele, classicamente, no Brasil s�o usados o controle mec�nico, com a identifica��o e destrui��o dos reservat�rios de �gua que funcionam como locais de reprodu��o do mosquito, e o controle qu�mico, com uso de inseticidas de aspers�o e de larvicidas. Outro foco de a��o s�o as medidas de educa��o continuada da popula��o para manuten��o dessas estrat�gias.
A campanha de Combate ao Mosquito 2017, lan�ada pelo Minist�rio da Sa�de, por exemplo, tem o objetivo de conscientizar a popula��o sobre os riscos das doen�as transmitidas pelo inseto e o sofrimento que elas podem trazer. Outras armas v�m sendo tamb�m adotadas na guerra contra o mosquito. Medidas biol�gicas t�m sido testadas, como o uso de peixes que comem as larvas do Aedes, o uso do Bacillus thuringiensis israelensis, que produz toxinas com a��o larvicida, e a infesta��o de Aedes pela Wolbachia, uma bact�ria que reduz o tempo de vida do mosquito e pode produzir mosquitos est�reis. “Tamb�m tem sido avaliado o uso de novos �leos naturais e produtos com a��o larvicida, o uso de dispositivos com inseticidas de libera��o lenta intradomiciliar e o uso de roupas e telas de prote��o impregnadas com inseticidas”, completa.
Para 2018, na opini�o de especialista, o cen�rio, seja da febre amarela ou de outras doen�as transmitidas pelo mosquito, depende da intensifica��o das campanhas promovidas pelo governo, mas tamb�m pelo engajamento da popula��o em geral. Mas impedir que o transmissor se reproduza continua sendo a forma mais eficaz de ter um ver�o em que as f�rias sejam o principal assunto em fam�lia.
Mobiliza��o de todos
N�o deixe o mosquito transformar sua vida. Visitas domiciliares, mutir�es de limpeza, distribui��o de material educativo, entre outras a��es, s�o o mote da campanha Combate ao Mosquito 2017. A mobiliza��o usa depoimentos de tr�s personagens reais que tiveram suas vidas transformadas pelo Aedes: um homem que contraiu chikungunya, uma mulher que perdeu a filha v�tima de dengue e outra que tem uma crian�a com microcefalia em decorr�ncia da infec��o pelo zika v�rus durante a gesta��o. As a��es promovidas pela campanha est�o sendo repetidas em todas as sextas-feiras do m�s de dezembro como parte do Dia Sem Mosquito. O objetivo � refor�ar a conscientiza��o sobre a import�ncia de eliminar os focos, especialmente antes da chegada do ver�o, per�odo mais favor�vel � prolifera��o do inseto.
Estado de alerta
» O principal cuidado com rela��o ao combate ao mosquito ainda � o controle dos reservat�rios de �gua nos quais o inseto pode se reproduzir.
» Por isso, n�o junte lixo e outros materiais que possam acumular �gua, como vasilhas, pratinhos, garrafas, pneus; uma vez identificados, elimine os focos; use repelentes e roupas de manga comprida e cores claras que protejam fisicamente e facilitem a identifica��o dos mosquitos.
Fonte: Ricardo Fontes/Infectologista e professor do UNI-BH