
Os dois casos suspeitos de febre amarela em Brumadinho levaram os representantes da sa�de p�blica a se movimentar para garantir uma cobertura vacinal de cerca de 16% dos habitantes desse munic�pio (em torno de 5,5 mil pessoas de uma popula��o de 34 mil) que ainda est�o vulner�veis. Uma das pessoas morreu e o outro doente foi transferido, a pedido da fam�lia, para o estado do Esp�rito Santo, onde reside. No ano passado, os dois estados se destacaram no surto da doen�a, com Minas Gerais respondendo pela maioria dos �bitos nacionais. Foram 162 mortes e 475 pacientes em Minas, e outros 94 �bitos em terras capixabas, de acordo com o Minist�rio da Sa�de. A Prefeitura de Brumadinho n�o revelou os nomes dos doentes nem em quais hospitais foram internados. Exames feitos nos dois pacientes foram encaminhados � Funda��o Ezequiel Dias (Funed) e, como t�m prioridade, devem dizer dentro de 10 dias se os casos s�o mesmo de febre amarela.
A Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG) afirmou, por meio de nota, que a informa��o inicial sobre a morte � que o homem, morador da zona rural de Brumadinho, apresentou doen�a febril aguda com a suspeita inicial de leptospirose e/ou dengue. A pasta refor�ou que Minas Gerais � �rea de recomenda��o de vacina. “Assim, recomendamos a vacina��o de rotina, conforme o Calend�rio B�sico de Vacina��o, avaliando a Caderneta de Vacina��o e administrando as doses de acordo com a situa��o vacinal de cada pessoa. Toda pessoa acima de 9 meses de vida, que mora ou vai viajar para Minas Gerais, deve procurar uma Unidade B�sica de Sa�de (UBS) para se vacinar contra a febre amarela. A vacina � gratuita e oferecida por meio do Sistema �nico de Sa�de (SUS)”, afirmou.
A Prefeitura de Brumadinho afirmou que promoveu ampla campanha de vacina��o contra a doen�a em todas as localidades do munic�pio. “Todos os primatas achados mortos foram submetidos a exames, que deram laudos negativos para febre amarela. Mesmo assim, foi realizado bloqueio nas regi�es onde foram encontrados”, informou, por meio de nota. “A Prefeitura pede a todos que mantenham o cuidado com a preserva��o da vida dos macacos, pois s�o eles que identificam com anteced�ncia a manifesta��o do v�rus. Eles s�o nossos sentinelas”, completa o texto.

V�RUS No �ltimo caso confirmado de febre amarela em Minas, o paciente come�ou a sentir os sintomas em junho de 2017. De l�, para c�, n�o houve nenhum registro da doen�a em humano. Por�m, a morte de macacos, um alerta que confirma a circula��o do v�rus causador da enfermidade em determinada �rea e, em geral, precede a infec��o em humanos, continuou em Minas Gerais. Em Belo Horizonte, o encontro de tr�s corpos de saguis no Parque das Mangabeiras ocasionou o fechamento da unidade de preserva��o e lazer, do seu mirante e tamb�m do Parque Municipal da Serra do Curral no fim do ano, uma vez que as matas desses espa�os s�o comunicantes. Um exame confirmou que o primata morreu devido � febre amarela.
No in�cio do ano passado, a unidade foi fechada pelo mesmo motivo, em 23 de fevereiro, e s� reabriu 120 dias depois. A Funda��o de Parques Municipais informou que a manuten��o dos espa�os continua e que o tempo ser� importante, tamb�m, para que ocorra a regenera��o natural das matas e trilhas. Na Grande BH, tamb�m houve a confirma��o da doen�a em primatas encontrados mortos em Esmeraldas e Nova Lima.
Dados da SES mostram que, desde julho de 2017, 122 munic�pios mineiros tiveram mortes de macacos, chamada de epizootias. Em 16 dos casos, a febre amarela foi confirmada como a causa dos �bitos. Outras 22 notifica��es est�o sendo investigadas pela pasta.
VACINA��O A forma mais eficaz de se evitar a febre amarela � por meio da vacina��o. Apenas uma dose � suficiente para garantir a prote��o por toda a vida, de acordo com orienta��o da Organiza��o Mundial de Sa�de. Mesmo assim, Minas Gerais ainda n�o atingiu a meta vacinal. Segundo a SES/MG, a cobertura acumulada no estado entre 2007 e 2017 � de 81%. O �ndice considerado ideal � de 95%. A estimativa � que aproximadamente 3,8 milh�es de pessoas n�o tenham sido vacinadas no territ�rio mineiro. Entre elas, moradores de 15 a 59 anos, que tamb�m foi a faixa et�ria mais acometida pelo surto.
Dados da SES mostram que a cobertura vacinal em Belo Horizonte no ano passado ficou em 86,3%. A estimativa � que aproximadamente 327 mil pessoas n�o se imunizaram contra a febre amarela na capital mineira. Na Grande BH se destaca, ainda, Contagem, onde 137 mil moradores n�o tomaram a vacina, seguida de Santa Luzia, com 119,6 mil moradores n�o vacinados, e Ribeir�o das Neves, com 117 mil pessoas sem a imuniza��o. Vale ressaltar que a cobertura vacinal dos dois �ltimos munic�pios ficou em 41,8% e 61,2%, respectivamente, em 2017.

Surto recorde
Os primeiros casos de febre amarela em Minas Gerais que deram in�cio ao pior surto da doen�a desde a d�cada de 1980, come�aram em Ladainha, pr�ximo a Te�filo Otoni, no Vale do Mucuri, em dezembro de 2016. Depois, a enfermidade se espalhou para cidades da Regi�o Leste, atingiu outras regi�es, at� seguir para estados brasileiros. Mesmo assim, a mol�stia atacou mais os mineiros. Tanto que, em 13 de janeiro de 2017, o governo de Minas decretou situa��o de emerg�ncia devido ao surto. A vacina��o foi refor�ada e os postos de sa�de ficaram lotados (foto) devido ao medo da popula��o. O Minist�rio da Sa�de teve que enviar mais medicamentos para atender a demanda. As confirma��es de casos cresceram rapidamente principalmente de dezembro a mar�o. Depois, desaceleraram. O �ltimo caso foi confirmado em junho.
Vacina ser� racionada em SP
S�o Paulo vai passar a aplicar doses fracionadas de vacina contra febre amarela no pr�ximo m�s. A medida, que tamb�m deve ser seguida pelos estados do Rio de Janeiro e da Bahia, � adotada ap�s a constata��o de que a circula��o do v�rus se alastra e amea�a regi�es at� ent�o consideradas livres de risco da doen�a. Para n�o faltar imunizante, a ideia � “repartir” as doses. Entre os alvos est� o litoral norte paulista. A dose fracionada, por�m, � mais fraca do que a oferecida atualmente. Desde abril, o Brasil adota dose �nica de vacina contra a doen�a para prote��o pela vida toda, conforme orienta a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). Antes, a imuniza��o era feita a cada 10 anos. A estrat�gia do fracionamento em an�lise ganhou for�a depois da divulga��o de estudos na Comiss�o Nacional de Imuniza��o, que comprovam que a vacina com doses reduzidas t�m efeitos por um prazo maior do que o imaginado. Inicialmente, estimava-se que a vacina fracionada protegeria contra a doen�a por um ano. Mas o acompanhamento de pessoas que receberam doses menores indica que o efeito protetor se estende por at� nove anos.