Para garantir �gua na Grande BH, projeto busca recuperar vegeta��o em nascentes
Funda��o Biodiversitas aposta em projeto de recomposi��o da vegeta��o para reter a �gua das chuvas em �reas de nascentes do maior reservat�rio do sistema que abastece a Grande BH
postado em 15/01/2018 06:00 / atualizado em 15/01/2018 07:48
Represa V�rzea das Flores em Contagem: uma das solu��es para manter volume de �gua � estimular a cobertura vegetal sobre as nascentes
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
As chuvas e incrementos nas capta��es de �gua aliviam, mas n�o impediram que o n�vel dos reservat�rios do Sistema Paraopeba, respons�veis por abastecer 37% da popula��o da Grande Belo Horizonte, chegasse a atingir percentuais dram�ticos desde a crise h�drica ocorrida entre 2015 e 2016. Em novembro de 2017, seu volume era de 45,5% da capacidade total, marca mais baixa desde fevereiro de 2016, quando esse �ndice havia ca�do a 43,4%. A intensifica��o das precipita��es em dezembro garantiu certo al�vio, mas os volumes ainda fecharam o per�odo abaixo dos registrados em 2016 – 46,4%, ante 52,8% – e a regularidade precisa ser mantida at� o fim do per�odo chuvoso, em mar�o de 2018, para que haja oferta suficiente durante a estiagem.
At� o �ltimo dia 12, o armazenamento de �guas nas represas do Sistema Paraopeba est� em 57,8% da sua capacidade, segundo dados da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Uma das solu��es para a manuten��o de volume regular de �gua � preservar a cobertura vegetal sobre �reas de recargas e nascentes, medida que visa ao amortecimento da �gua da chuva, permitindo que o l�quido penetre lentamente na terra, em lugar de escorrer para rios, como ocorre onde h� apenas asfalto ou terra desmatada.
Esse � um dos objetivos de programas da Copasa, do estado e do Projeto �gua Corrente: Recupera��o Florestal das �reas de Preserva��o Permanente, que Contribuem para o Abastecimento da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, da Funda��o Biodiversitas. A iniciativa visa recuperar nascentes e matas ciliares de mananciais do maior reservat�rio do sistema, o Rio Manso.
Sozinho, o Sistema Rio Manso � capaz de abastecer 17% da Grande BH e atualmente trata tamb�m a capta��o do Rio Paraopeba, implantada para incrementar a oferta de �gua da regi�o depois da crise h�drica de 2015. O foco da a��o da Funda��o Biodiversitas � restaurar 410 hectares de �reas de preserva��o permanente (APPs) �midas na regi�o da bacia do Rio Manso, especificamente nos munic�pios de Rio Manso, Itatiaiu�u e Brumadinho.
Os recursos investidos s�o provenientes de uma parceria com o Fundo Nacional de Meio Ambiente no valor de R$ 2.590.122,40 e que prev� a��es at� 2020. “Para isso, come�amos com a mobiliza��o da comunidade local, principalmente pequenos propriet�rios, para que eles sejam parceiros. Atuamos na capacita��o deles e damos apoio � inscri��o no Cadastro Ambiental Rural (CAR)”, afirma a representante da �rea t�cnica da funda��o, Camila Mendes.
Com n�vel mais alto da �gua, surge competi��o perigosa dos praticantes do jet-ski com os banhistas
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
C�DIGO FLORESTAL De acordo com o novo C�digo Florestal, cabe aos propriet�rios reflorestar as �reas de APPs desmatadas. “N�o podemos plantar nada nas �reas particulares. Assim, a nossa ideia � contar com esses propriet�rios. J� que eles t�m de restaurar essas �reas de APPs, vamos fornecer assist�ncia t�cnica, cercas, mudas e eles entram com a m�o de obra. Com isso, conseguiremos maior infiltra��o das chuvas na bacia, resultando em maior quantidade e qualidade de �gua para o abastecimento da regi�o e dos pr�prios propriet�rios”, observa Mendes.
Um total de 138 hectares (ha) de nascentes foi identificado na regi�o, sendo 16,5% com vegeta��o 83% degradadas. Outros 3.604ha de mata ciliar foram registrados, sendo 16% dessa �rea florestada e 83% devastada. Para ter ideia da vastid�o de Rio Manso, do total de 67 mil hectares de �rea da bacia, apenas 9 mil s�o de responsabilidade da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Quase 80% do solo da Bacia do Rio Manso � ocupado por atividades agropecu�rias.
Os remanescentes de vegeta��o de floresta correspondem a pouco mais de 15% e localizam-se na maior parte no entorno do reservat�rio. Remanescentes de cerrado e campo somam pouco menos de 3%. Na Bacia do Rio Manso, foram mapeadas 1.946 nascentes e 1.731,48 quil�metros lineares de cursos d’�gua.
(foto: Arte EM)
Recupera��o ainda fraca
O Rio Manso conta, hoje, com 71,1% de seu volume �til de �gua. As represas de capta��o de �gua do Sistema Paraopeba s�o compostas pelos reservat�rios de Rio Manso (Brumadinho), Serra Azul (Juatuba) e Vargem das Flores (Contagem/Betim). O pior �ndice de armazenamento j� registrado nesse sistema foi o de dezembro de 2015, no in�cio da crise h�drica, de 21,3%. As chuvas de dezembro ajudaram a recuperar parte da perda, elevando o volume para 51,3%. Em 11 dias, choveu 218,6 mil�metros, em m�dia, nas bacias dos represamentos, o que corresponde a 73,4% da m�dia de todo o m�s (297,2 mil�metros).
Contudo, no �ltimo m�s de 2016, a m�dia foi superada em 1%, chegando a 301,5 mil�metros, mas o n�vel dos reservat�rios recuperou apenas 0,8 ponto percentual. Trata-se de mais um argumento em favor de per�odo mais prolongado de chuvas constantes e de solo adequado para a infiltra��o da �gua, mesmo quando as precipita��es s�o intensas.
A Copasa informou, por meio de nota, que a capta��o do Rio Paraopeba j� bombeou, em pouco menos de dois anos de opera��o, 156,15 milh�es de metros c�bicos. “Esse volume representa mais que o volume total do reservat�rio do Sistema Rio Manso, que � de 149 milh�es de metros c�bicos. Portanto, gra�as � capta��o do Rio Paraopeba a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) n�o sofreu nenhuma restri��o do abastecimento, uma vez que os reservat�rios da Bacia do Paraopeba tiveram seus volumes satisfatoriamente recuperados”, informa a nota. (MP)