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Estado de Minas

Estudo liga monocultura de eucalipto � falta d'�gua no semi�rido em Minas

Tese indica que o eucalipto agrava o d�ficit h�drico no semi�rido e ambientalistas defendem proibi��o de novos plantios. Produtores negam danos e recha�am proposta


postado em 27/11/2017 06:00 / atualizado em 27/11/2017 07:34

Pesquisa aponta que consumo de água do eucalipto é superior ao de plantas do cerrado. Reflorestadores ressaltam papel socioeconômico da cultura(foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press - 22/7/14)
Pesquisa aponta que consumo de �gua do eucalipto � superior ao de plantas do cerrado. Reflorestadores ressaltam papel socioecon�mico da cultura (foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press - 22/7/14)
Quase cinco d�cadas depois do in�cio de sua implanta��o, a monocultura de eucalipto se tornou o principal fator de deteriora��o dos recursos h�dricos no semi�rido mineiro, afirma o t�cnico Walter Viana, respons�vel pela Fiscaliza��o Ambiental na Superintend�ncia de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Supram) do Norte de Minas e autor de tese sobre a desertifica��o na regi�o. Como medida para combater o d�ficit h�drico provocado por essa cultura, ambientalistas defendem a proibi��o de novos plantios na regi�o, enquanto empresas reflorestadoras negam os danos e recha�am a proposta, lembrando que o setor responde por 9% do Produto Interno Bruto (PIB) mineiro.

De acordo com estudo coordenado por Viana, a cultura de eucalipto consome 230 litros de �gua por metro quadrado plantado a mais que o cerrado. Al�m disso, provoca o rebaixamento do n�vel fre�tico em meio metro por ano. Da m�dia hist�rica de precipita��o pluviom�trica no Norte de Minas, de 1 mil mil�metros/ano, o eucalipto sozinho consome 800 mil�metros. Como o cerrado precisa de 500 mil�metros, h� um d�ficit de 300 mil�metros, explica o estudo. A cultura, que chegou ao semi�rido no come�o da d�cada de 1970 com incentivos fiscais, hoje ocupa uma �rea estimada em 1,5 milh�o de hectares na regi�o e � usada para a produ��o de carv�o vegetal, que abastece o polo sider�rgico mineiro (Sete Lagoas e munic�pios pr�ximos da Regi�o Metropolitana de BH).

A proibi��o de novas �reas de plantio de eucalipto no semi�rido foi uma das demandas levadas ao governo estadual na Carta das �guas, um diagn�stico dos problemas ambientais do Norte do estado catalogados durante a 5ª Expedi��o Caminhos Gerais. Organizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Montes Claros e integrada por um grupo de t�cnicos e ambientalistas, a expedi��o percorreu a regi�o em setembro. O diagn�stico foi encaminhado � Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad).

O documento foi entregue ao secret�rio-adjunto de Meio Ambiente, Germano Luiz Gomes Vieira, por uma comitiva formada pelo secret�rio de Meio Ambiente de Montes Claros, Paulo Ribeiro, e outros participantes da Expedi��o Caminhos Gerais. Os danos � natureza foram discutidos em reuni�o na Semad, que contou com as presen�as de t�cnicos e representantes de �rg�os ambientais do estado, como a presidente do Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam), Mar�lia Carvalho de Melo. O secret�rio adjunto Germano Vieira se comprometeu a se reunir com o Instituto Estadual de Florestas (IEF) para discutir o assunto. Ele pretende ainda fazer reuni�o com produtores de eucalipto.

DEFESA
A diretora-executiva da Associa��o Mineira de Silvicultura ( AMS), Adriana Maugeri, disse desconhecer a exist�ncia de estudos que mostrem consumo elevado de �gua pela cultura do eucalipto. “Essa informa��o n�o procede de forma alguma. O estudo de que temos conhecimento revela que o consumo de �gua do eucalipto � como o de qualquer outra cultura, como a soja e o caf�, por exemplo. Tamb�m depende de v�rios fatores, como o tipo de solo”, argumentou Adriana, sem, no entanto, citar n�meros.


Ela disse reconhecer o problema da crise h�drica e o agravamento da situa��o no Norte do estado, onde s�o vis�veis os sinais de desertifica��o. “Como foi escrito na pr�pria Carta das �guas, o problema � consequ�ncia das altera��es clim�ticas e de v�rios fatores ao longo dos anos, inclusive do pr�prio aumento do consumo humano (de �gua). Toda atividade tem seus impactos. N�o se pode apontar um �nico culpado”, defendeu a diretora-executiva da AMS.

Adriana Maugeri afirmou que a AMS � frontalmente contra a ideia de qualquer suspens�o de novos reflorestamentos de eucaliptos no semi�rido mineiro. “Os plantios de eucaliptos no estado s�o feitos com manejo sustent�vel e correto”, assegurou, lembrando que a Associa��o de Silvicultura conta com 21 reflorestadoras que t�m certifica��o internacional (FSC) pelo manejo sustent�vel de florestas. Ela ressaltou ainda que a manuten��o da atividade � de fundamental import�ncia para a economia do estado, tendo em vista que o setor gera 379 mil empregos diretos e indiretos e responde por 9% do PIB mineiro.

 

CAR�NCIA DE CHUVAS Al�m do desastre ambiental provocado pela monocultura do eucalipto, os rios e c�rregos do Norte do Estado e o Vale do Jequitinhonha tiveram o volume diminu�do por causa da dr�stica redu��o de chuva nas duas regi�es nos �ltimos seis anos. Estudo divulgado pela Semad revela que 2013 para c� a situa��o se agravou nas bacias dos rios S�o Francisco e Jequitinhonha porque o volume pluviom�trico entre os meses de outubro e mar�o (per�odo chuvoso das duas regi�es) ficou muito abaixo da m�dia hist�rica. No ano chuvoso 2014/2015, o volume de chuvas foi 26% a menos do que o esperado.

O Norte de Minas � uma das regi�es mineiras onde a popula��o mais sofre com a crise h�drica, que afeta toda Minas Gerais, com 265 munic�pios em emerg�ncia, como mostrou revelou o Estado de Minas, em sua edi��o de segunda-feira.

 

Carta das �guas


Confira as medidas propostas para conter o avan�o dos danos ambientais no Norte de Minas

1 – Proibi��o de novas �reas para plantios de eucalipto;
2 – Monitoramento dos n�veis fre�ticos para que haja novos par�metros para emiss�o de outorga no Norte de Minas;
3 – Amplia��o do Parque Estadual Veredas do Perua�u, a partir da aquisi��o de terras de propriet�rios que t�m d�vidas com o estado e est�o dispostos a negociar;
4 – Cria��o do Parque Estadual de Botumirim, importante reserva para a manuten��o da biodiversidade e dos mananciais h�dricos;
5 – Cria��o da Unidade de Conserva��o de Pandeiros, o pantanal mineiro.

Palavra de especialista


Maria das Dores Magalh�es Veloso, pesquisadora em ecologia da Unimontes

O rastro da crise

“A crise h�drica tem deixado um rastro de desespero nas comunidades rurais, como os veredeiros e geraizeiros. Com o secamento dos rios e pequenos c�rregos n�o h� como essas pessoas executarem as atividades m�nimas de que um ser humano precisa. Em sua grande maioria, essas comunidades s�o abastecidas por carros-pipas, com restri��es de armazenamento, ou percorrem longas dist�ncias para buscar �gua, tomar banho, lavar roupas etc. Algumas fam�lias de veredeiros est�o abandonando suas terras, pequenas glebas, e migrando para a periferia das cidades, vivendo de forma miser�vel, sem nenhuma orienta��o ou ajuda, criando um novo sistema de favelas. As v�timas da seca no sert�o norte-mineiro n�o s�o apenas as popula��es. Ela tem afetado de forma �mpar a biodiversidade. � percept�vel o secamento das veredas, uma vez que com o rebaixamento do len�ol fre�tico. Acarreta na morte de esp�cies vegetais adaptadas a solo �mido. Nesse contexto, tanto a fauna quanto a flora do cerrado norte-mineiro tendem a desaparecer em um curto prazo, o que, consequentemente, implica processo de desertifica��o.”


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