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Estado de Minas

Explora��o das �guas subterr�neas contribui para fim das nascentes

Especialistas acreditam que retirada descontrolada da �gua do subsolo contribui para a escassez h�drica em Minas Gerais


postado em 20/11/2017 06:00 / atualizado em 20/11/2017 07:50

Moradora de Francisco Sá, um dos 265 municípios em estado de emergência: abastecimento humano é prioridade(foto: Luiz Ribeiro/Em/DA Press)
Moradora de Francisco S�, um dos 265 munic�pios em estado de emerg�ncia: abastecimento humano � prioridade (foto: Luiz Ribeiro/Em/DA Press)
Para o professor Apolo Heringer Lisboa, um dos fundadores do Projeto Ambiental Manuelz�o, que nasceu na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para discutir a prote��o da Bacia do Rio das Velhas, a escassez h�drica em Minas Gerais � consequ�ncia direta da retirada exagerada de �gua do subsolo por meio de po�os tubulares, perfurados para ampliar a produ��o agr�cola. Segundo ele, por causa dessa explora��o desenfreada do len�ol fre�tico para fomentar o agroneg�cio, Minas e o Brasil vivem uma “seca subterr�nea”.

“As chuvas obedecem a varia��es c�clicas. Vivemos nos �ltimos anos uma estiagem prolongada. Mas nem mesmo a chuva que veio, e que n�o foi t�o pouca assim em nossa regi�o, seria capaz de repor o d�ficit h�drico nas reservas subterr�neas, devido � explora��o intensa das �guas profundas e dos rios”, constata. “Tudo se deve ao projeto ‘Brasil celeiro do mundo’, que minera o Brasil e exporta commodities de uma forma insustent�vel, predat�ria, neocolonial”, completa o ambientalista.

Segundo ele, a escassez h�drica se agravou pela associa��o de um conjunto de impactos ambientais. “O desmatamento, a monocultura extensiva, centenas de milhares de po�os tubulares e de bombas sugando a �gua dos rios, de forma insustent�vel, sem estudos e controle, trouxeram � agenda pol�tica a esquecida e menosprezada agenda ambiental”, observa.

VEREDAS AGONIZAM
A pesquisadora em ecologia pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) Maria das Dores Magalh�es Veloso, a Dora, alerta que vem ocorrendo secamento das veredas e de outras nascentes no Norte do estado, o que tamb�m � consequ�ncia da explora��o descontrolada de �guas subterr�neas, com redu��o do len�ol fre�tico. De acordo com a especialista, devido a esse rebaixamento, neste ano em torno de 50 veredas desapareceram na regi�o pr�xima ao Vale do Perua�u e � Bacia do Rio Pandeiros, entre os munic�pios de Janu�ria, Itacarambi e Bonito de Minas, onde desenvolve estudos. Outras est�o em processo irrevers�vel de extin��o, denuncia.

“Todas as veredas da regi�o j� sofreram algum tipo de impacto. Se nada for feito, a tend�ncia � continuar o rebaixamento do len�ol fre�tico. As esp�cies caracter�sticas desse sistema, o buriti e o pindaibal, v�o desaparecer, junto com as veredas e as nascentes”, adverte Maria das Dores. Ela defende medidas urgentes para evitar o “fim das �guas”, como o controle da abertura de po�os tubulares e refor�o de outras medidas de combate aos danos ambientais, como o desmatamento e as queimadas – cujos efeitos s�o mortais para as veredas.

For�a-tarefa tra�a plano de atua��o


A curto prazo, o Grupo de Acompanhamento da Situa��o H�drica, for�a-tarefa criada pelo governo do estado com objetivo de avaliar e reduzir os efeitos da crise h�drica em Minas, pretende refor�ar a fiscaliza��o para coibir a capta��o e uso irregulares da �gua. “O objetivo � garantir, prioritariamente, o abastecimento p�blico, al�m das restri��es de uso j� estabelecidas em �reas cr�ticas”, informa a diretora-geral do Igam, Mar�lia Carvalho de Melo.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
“Nosso primeiro objetivo � estabelecer um diagn�stico da situa��o, para definir quais ser�o as a��es emergenciais. A prioridade ser� o abastecimento humano, e vamos identificar quais s�o as �reas mais afetadas”, afirma Mar�lia de Melo. “Tamb�m vamos adotar a��es para o uso correto da �gua a m�dio e longo prazos, seja no consumo humano, na irriga��o ou na ind�stria”, completa. Segundo levantamento do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema), a agropecu�ria, seguida do abastecimento humano e da minera��o, s�o os setores que mais demandam o recurso (veja gr�fico).

De acordo com a diretora do Igam, a m�dio e longo prazos o grupo de trabalho vai desempenhar a��es que incluir�o a gest�o da oferta – ou seja, melhorar a disponibilidade de �gua nas regi�es. “Quando falamos disponibilidade, estamos falando de quantidade e qualidade, pois o grande problema nos principais centros urbanos � que a qualidade das �guas nos rios n�o tem requisitos para usos m�ltiplos.”

Quanto � garantia de disponibilidade de �gua, salienta Mar�lia, “temos que identificar a possibilidade de reserva��o no estado, aliada a uma pol�tica de conserva��o das bacias hidrogr�ficas, o que significa, trabalhar o uso do solo e a cobertura vegetal em �reas priorit�rias”. Na gest�o da demanda, afirma, ser� fomentado o uso eficiente de �gua e o re�so como requisitos para autorizar a explora��o do recurso. “Esses s�o alguns exemplos, mas o grupo vai estudar outras possibilidades, inclusive solu��es adequadas para cada regi�o do estado, pois as necessidades s�o distintas”, sustenta a diretora-geral do Igam.


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