Junia Oliveira, Jo�o Henrique do Vale, Larissa Ricci e Landercy hemerson

Minas decreta situa��o de emerg�ncia de sa�de p�blica em tr�s regionais do estado por 180 dias, devido ao surto de febre amarela. Com o decreto, publicado neste s�bado no di�rio oficial Minas Gerais, os 94 munic�pios que integram as �reas de Belo Horizonte, Itabira (na Regi�o Central) e Ponte Nova (Zona da Mata) podem fazer compras de insumos, materiais e contratar servi�os com dispensa de licita��o. De acordo com o governo, a medida visa acelerar o processo de preven��o e busca de casos da doen�a, que j� matou pelo menos 16 pessoas no estado. A medida � semelhante � tomada em 13 de janeiro do ano passado, envolvendo 152 cidades em situa��o de surto por febre amarela. O documento decreta ainda a reabertura da sala de situa��o criada naquele m�s, logo depois de uma onda de mortes no Vale do Rio Doce.
Agora, s�o 39 cidades na regional de Belo Horizonte, incluindo a capital, 25 na de Itabira e 30 na de Ponte Nova. De acordo com o governo de Minas, o decreto tem a finalidade de fazer com que os munic�pios ajam preventivamente. Em Brumadinho, na Regi�o metropolitana de BH, equipes das secretarias de estado e municipal de Sa�de est�o fazendo busca casa a casa, o que exige pessoal e ve�culos. Como o servi�o p�blico demanda licita��o, a ideia � n�o perder tempo e agilizar. Outro ponto do decreto � que nos casos em que matas atravessam mais de um munic�pio, fica permitido � administra��o municipal fazer trabalhos na �rea verde da cidade vizinha.
Ainda segundo o governo do estado, n�o significa que as regionais tenham caso de febre amarela, mas as medidas est�o sendo tomadas como mecanismos de preven��o. A sala de situa��o tamb�m ser� reaberta com essa perspectiva. Coordenada pela Secretaria de Estado de Sa�de, ter� ainda a colabora��o da Coordenadoria de Estado de Defesa Civil e das secretarias de Estado de Agricultura, Meio Ambiente e de Governo.
A Regional de Sa�de de Belo Horizonte tem sete munic�pios com casos da doen�a: Belo Horizonte, Brumadinho, Caet�, Itabirito, Mariana, Nova Lima e Rio Acima. S�o 17 pacientes, sendo que 11 morreram. Apenas em Nova Lima, est�o confirmados cinco �bitos, de acordo com o �ltimo boletim da SES, divulgado ter�a-feira. Na regional de Itabira, um paciente teve diagn�stico positivo para a febre amarela, na cidade de S�o Gon�alo do Rio Abaixo. Na regional de Sa�de de Ponte Nova, h� uma morte confirmada pela SES em Barra Longa. Mas a prefeitura da cidade informou um segundo �bito, que ainda n�o entrou na contagem oficial do estado. Ainda fora do boletim da SES, Sabar� tamb�m entrou nesta sexta-feira para as estat�sticas da doen�a, com a notifica��o do caso de paciente internado na Santa Casa de Miseric�rdia de Belo Horizonte.
POSTOS ABERTOS
Diante da situa��o, a ordem agora � se vacinar. Todas as 152 unidades b�sicas do Sistema �nico de Sa�de (SUS) em Belo Horizonte estar�o abertas neste s�bado para receber as pessoas que ainda n�o se imunizaram contra a febre amarela. Na tentativa de atingir a meta vacinal, de 95%, a Secretaria Municipal de Sa�de (SMSA) incluiu no p�blico-alvo pessoas acima de 60 anos, gestantes e lactantes. Antes, elas tinham que passar por um m�dico que indicaria a vacina. Agora, qualquer profissional de sa�de nos postos poder� fazer a avalia��o, conforme nova orienta��o do Minist�rio da Sa�de. “ O objetivo � garantir a imuniza��o da popula��o diante dos casos registrados nos munic�pios da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte”, diz a secretaria. Nova Lima, Brumadinho e Sabar� tamb�m ter�o a��es contra a doen�a neste fim de semana.
O atendimento nos centros de Sa�de vai ocorrer a partir das 8h e se estender� at� as 17h. A cobertura vacinal de Belo Horizonte est� em 86% e a meta � chegar a 95%. Apenas uma dose da vacina protege pela vida toda. Ent�o, quem j� foi vacinado contra a doen�a n�o precisa procurar os postos. J� quem n�o foi imunizado, deve levar um documento de identifica��o, e, caso tenha, o cart�o de vacina��o. O imunizante est� liberado para pessoas acima dos 9 meses.
LONGAS FILAS
Quem procurou as unidades b�sicas de sa�de nesta sexta-feira para se imunizar enfrentou longas filas e demora no atendimento. Luiz Roberto Machado Coelho, de 55 anos, procurou o Posto Menino de Jesus, no Bairro Santo Ant�nio, na Regi�o Centro-Sul de BH, preocupado. “Tenho s�tio em �rea rural onde teve uma morte de macaco. Vou tomar a vacina e aguardar os 10 dias para a vacina fazer efeito antes de ir l�”, disse. Ele chegou ao posto �s 11h30 e, devido � lota��o, preferiu ir em casa e voltou na parte da tarde.
Sebasti�o Figueiredo Pereira, de 64, foi ao Centro de Sa�de Oswaldo Cruz, no Barro Preto, Regi�o Centro-Sul de BH, mas voltou para a casa sem a vacina. “Cheguei �s 16h, mas a senha j� tinha acabado”. Como � idoso, foi avaliado no posto. “Eles fazem uma entrevista e perguntam se temos diabetes ou press�o alta. Vou voltar amanh� para ser avaliado aqui mesmo antes da vacina. � a primeira dose que vou tomar. Frequento s�tios e clubes. Parei de ir”, comentou.
Os dados oficiais da Secretaria Estadual de Sa�de (SES), divulgados na quarta-feira, registram 22 casos e 15 mortes, o que n�o inclui a morte do m�sico Fl�vio Henrique de Oliveira Alves, que somou o 16º �bito. Outras mortes, computadas pelos munic�pios, devem elevar as estat�sticas e integrar o boletim nos pr�ximos dias. J� foram divulgadas e n�o inclu�dos no boletim a sexta morte em Nova Lima e um �bito em Barra Longa, na Zona da Mata. Outros casos est�o em investiga��o.
Inclu�da no decreto de emerg�ncia pelo governo do estado, a capital mineira j� havia passado por situa��o semelhante. Em 23 de dezembro de 2015, a pr�pria municipalidade decretou emerg�ncia em sa�de por causa da infesta��o do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, chikungunya e zika e tamb�m da febre amarela em sua forma urbana.
Enquanto isso...
...rea��o � vacina mata dois
Duas pessoas morreram na capital paulista por rea��o � vacina da febre amarela. Como o imunizante � produzido com o v�rus vivo atenuado, h� risco m�nimo de uma pessoa vacinada desenvolver a doen�a mesmo sem ser picada pelo mosquito. Esse tipo de morte, no entanto, � raro: um caso a cada 500 mil pessoas vacinadas. Considerando o volume de pessoas vacinadas na capital desde outubro – cerca de 1,8 milh�o de pessoas – o �ndice de �bitos por rea��o vacinal registrado na cidade –1 para cada 900 mil vacinados – est� inferior ao previsto na literatura m�dica. “Mesmo que raro, existe um potencial de eventos adversos graves. Isso acontece em um caso a cada 500 mil. Se vamos aplicar 10 milh�es de doses, vamos esperar esses eventos adversos nessa propor��o. Isso � esperado e, mundialmente, aceito. Mas o n�mero de casos prevenidos ser� muito maior do que os eventos graves associados � vacina��o”, diz Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm). “� uma vacina que tem de ter precau��es, n�o � isenta de riscos. Essa � a �nica raz�o pela qual a gente n�o aplica a vacina no pa�s todo”, destaca Kfouri. Uma das v�timas da rea��o foi uma idosa de 76 anos.
Aplausos no adeus a Fl�vio Henrique

Em meio a muita tristeza, aplausos e homenagens de amigos, o corpo do m�sico Fl�vio Henrique de Oliveira Alves foi enterrado na manh� desta sexta-feira no Cemit�rio Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra, na regi�o Oeste da capital mineira. Dezenas de amigos e familiares compareceram para se despedir do m�sico e levaram flores que coloriram o gramado. O cortejo come�ou pontualmente �s 10h e as pessoas ainda pareciam n�o acreditar na perda de Fl�vio Henrique, que era muito querido no setor cultural da cidade. O m�sico mineiro Maur�cio Tizumba prestou sua �ltima homenagem por meio do tambor. Enquanto o corpo era levado, a m�sica Casa aberta, composta por Chico Amaral e Fl�vio Henrique rompeu o sil�ncio de pesar: “Lua luou, vento ventou, rio correu pro mar, foi beijar as areias de l�.” Com os olhos marejados, a multid�o aplaudiu fortemente. Familiares prefeririam n�o se manifestar � imprensa, j� que estavam muito abalados. (Larissa Ricci)