
No espa�o decorado com espadas de S�o Jorge, urucum e estandartes de santos, mais de 400 pessoas fizeram fila para se servir das iguarias e muitas destacaram a originalidade do evento. “Nunca vi nada parecido em Santa Luzia. A comunidade de Pinh�es � diferenciada, tem uma import�ncia cultural e hist�rica muito grande e isso se reflete na comida servida aqui hoje, que, por sinal, est� uma del�cia”, disse a historiadora e moradora da cidade Neise Mendes. Ao lado, a professora da rede p�blica Haid� de Assis tamb�m destacou a cultura local, certa de que a comunidade deve ser sempre “lembrada e festejada”.
Comunidade quilombola, Pinh�es se une em torno de um objetivo nobre: arrecadar recursos para a manuten��o da Guarda de Congo Divino Esp�rito Santo. Anualmente, ela � respons�vel pelas festividades em louvor ao Divino Esp�rito Santo, que ocorrem na comunidade no segundo fim de semana do m�s de julho, al�m das festas de S�o Cosme e S�o Dami�o, em setembro.
A Guarda de Congo Divino Esp�rito Santo de Nossa Senhora do Ros�rio de Pinh�es surgiu em 2014 a partir do interesse das mulheres da comunidade quilombola em ter o seu grupo de congado, uma vez que na comunidade h� outro, tradicional, formado somente por homens.
De acordo com capit�o da Guarda e um dos fundadores do grupo, Marlon Lima, s�o 35 integrantes. “Entre as necessidades da guarda, est�o a compra e reforma do fardamento usado pelas participantes, a manuten��o dos instrumentos e o pagamento do frete de �nibus, que permite viagens a outras localidades para eventos culturais e religiosos”, esclarece o capit�o, que divide o comando com a tamb�m capit� Maria Rosalina.
HIST�RIA
A comunidade quilombola de Pinh�es foi formada por negros escravizados do antigo Recolhimento de Maca�bas, que se tornou mosteiro em 1933, e da antiga Sesmaria das Bicas, os quais foram deslocados para a localidade a fim de cuidar da divisa entre as duas importantes propriedades. Instalados na regi�o, os negros escravizados constitu�ram uma comunidade que se manteve unida mesmo ap�s a aboli��o da escravatura, que completar� 130 anos em 13 de maio.
Os atuais moradores, descendentes em grande parte dos cativos, “mant�m com muita garra seus valores, mem�rias, pr�ticas culturais e religiosas, em que se destaca a f� em Nossa Senhora do Ros�rio, em sua centen�ria capela”, informa o presidente da Associa��o Cultural Comunit�ria de Santa Luzia, Adalberto Mateus. Em 30 de mar�o do ano passado, a comunidade recebeu da Funda��o Cultural Palmares a certid�o de autodefini��o como remanescente dos quilombos.