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Estado de Minas

Levantamento mostra 30 irregularidades em seis viadutos de BH

A pesquisa do Ibape-MG mostra que falta de manuten��o em elevados pode provocar acidentes


postado em 18/03/2018 07:00 / atualizado em 18/03/2018 07:55

Viaduto Santa Teresa precisa de reparos no pavimento afáltico(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Viaduto Santa Teresa precisa de reparos no pavimento af�ltico (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Em um m�s marcado por chuvas que em duas semanas superaram a m�dia esperada para 31 dias do m�s de mar�o em Belo Horizonte, a necessidade de manuten��o das estruturas de engenharia se mostra essencial para evitar desastres. Por�m, enquanto a cidade ainda se v� �s voltas com problemas potencializados pelos �ltimos temporais, como o abatimento de pistas da BR-356, na Zona Sul, ou a recente abertura de uma cratera no Anel Rodovi�rio que corta a capital, estudo do Instituto Brasileiro de Avalia��es e Per�cias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape/MG) alerta para os riscos ocultos da falta de manuten��o em viadutos, que pode levar a danos semelhantes.


Em pesquisa conduzida em Belo Horizonte e em outros tr�s estados entre outubro e dezembro do ano passado, o Ibape encontrou quase 30 irregularidades em seis elevados de grande circula��o na capital mineira: viaduto Santa Tereza, da Floresta, Montese, Nansen Ara�jo (Complexo da Lagoinha), Pedro Aguinaldo Fulg�ncio (mais conhecido como Viaduto do Extra) e Elevado Helena Greco. Apesar de as situa��es apontadas n�o representarem risco iminente para as estruturas, sem a corre��o dos problemas apontados a evolu��o das falhas tem potencial para provocar novos acidentes e transtornos.

Quando n�o representam perdas de vidas – como ocorreu no caso do desabamento do Viaduto Batalha dos Guararapes, em julho de 2014, em BH, quando morreram duas pessoas e 23 se feriram – colapsos nas chamadas obras de arte de engenharia significam s�rios problemas para a rotina da cidade. Foi o que ocorreu quando uma cratera se abriu no Anel Rodovi�rio no �ltimo dia 12, na altura do Bairro Santa Maria, Noroeste da cidade, dando um verdadeiro n� no tr�fego, j� que houve a necessidade de desviar o tr�nsito para a marginal no sentido Rio de Janeiro. O problema foi resolvido em cerca de 15 horas de trabalho.


J� o caso mais recente segue desafiando os engenheiros. A Defesa Civil de Belo Horizonte identificou abatimento da pista e movimenta��o da cortina atirantada que faz a conten��o da BR-356 na altura do trevo do Belvedere, Centro-Sul da capital, e por isso foi necess�rio fechar duas faixas de circula��o dos carros no local. Como na base do muro existem v�rias moradias constru�das, pertencentes ao Aglomerado Santa L�cia, a Prefeitura de BH notificou 22 fam�lias a deixarem suas casas, condi��o exigida pelo Departamento de Edifica��es e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG) para desenvolver os trabalhos necess�rios de refor�o na conten��o. Por enquanto, ainda n�o h� defini��o de qual ser� a interven��o no local, resposta que s� ser� conhecida com a evolu��o dos servi�os de sondagem no solo.

Interven��o necess�ria
Refor�ando a import�ncia da fiscaliza��o e das manuten��es de rotina, no fim do m�s passado, o Viaduto Angola, que passa sobre a Avenida Ant�nio Carlos, entre os bairros Lagoinha e S�o Crist�v�o, na Regi�o Noroeste, foi fechado para obras emergenciais. De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), em uma vistoria peri�dica foi constatada a necessidade de substituir os pilares de apoio da estrutura do viaduto. Apesar de as autoridades atestarem n�o haver risco de queda, a interven��o no local � apontada como “necess�ria”.


“Do ponto de vista t�cnico, todo e qualquer empreendimento de engenharia precisa passar por vistorias e manuten��es preventivas periodicamente. Ao longo de anos trabalhando com per�cias, tenho percebido que, em geral, a preven��o n�o ocorre com a frequ�ncia e o rigor adequados, seja em empreendimentos p�blicos ou privados”, diz o perito em engenharia e presidente do Ibape/MG, Cl�menceau Chiabi Saliba J�nior. Em fun��o do elevado volume de chuvas, que superam o �ndice comumente registrado para o per�odo em Belo Horizonte, o risco se amplifica. “Por isso, temos acompanhado casos de risco de acidentes n�o s� em Belo Horizonte, mas em diversas cidades brasileiras”, completa o especialista.


Com o objetivo de verificar a situa��o estrutural de viadutos e os poss�veis riscos para a popula��o, o Ibape fez um estudo nos estados de Minas Gerais, Bahia, Goi�s e S�o Paulo, entre outubro e dezembro do ano passado. Na capital mineira, foram escolhidos elevados entre os mais antigos e mais acessados na cidade. A pesquisa, publicada em 16 de fevereiro, foi coordenada pelo presidente do Ibape/MG. Cl�menceau ressalta que as estruturas foram analisadas visualmente por especialistas, mas n�o foram feitos testes espec�ficos.


� a segunda vez que a entidade avalia as estruturas. A primeira foi em 2014. “BH teve uma melhora em rela��o � �ltima pesquisa, mas � poss�vel perceber problemas que, em longo prazo, podem trazer riscos maiores”, alerta Cl�menceau.

 

Avalia��o a cada cinco anos

 Segundo o Ibape/MG, ap�s os 10 primeiros anos de um elevado, � necess�ria uma avalia��o a cada cinco anos. “A prefeitura passou a fiscalizar mais os viadutos, principalmente pela sensibiliza��o ap�s a queda do Viaduto dos Guararapes”, avalia Cl�menceau Chiabi, que credita a essa situa��o a melhoria geral no estado de conserva��o dos viadutos em rela��o � primeira pesquisa. Ap�s o trabalho inicial, o coordenador explicou que os resultados foram enviados � administra��o municipal. Uma reuni�o ainda n�o foi agendada. “Esperamos fazer um bem pra cidade. S�o problemas f�ceis de ser solucionados. Por�m, a longo prazo podem ficar muito caros”, conclui.


A Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) sustenta que n�o recebeu formalmente o estudo do Ibape. A PBH esclareceu que a manuten��o em viadutos, pontes e passarelas do munic�pio representa um processo cont�nuo composto pelas fases de mapeamento, diagn�stico sobre as condi��es gerais das estruturas e recomenda��es de interven��es.


Sobre os viadutos citados no estudo, a Sudecap informa que o Elevado Helena Greco teve a rede de drenagem refeita e a recupera��o de todo o pavimento em 2014. O Viaduto Nansen Ara�jo teve o pavimento recuperado em 2015, segundo o munic�pio, e o Santa Teresa teve as juntas de dilata��o e as cal�adas portuguesas recuperadas em 2016. A empresa acrescenta que o Montese teve recupera��o das borrachas das juntas de dilata��o em 2016. “Est�o previstos, ainda para este ano, recursos para dar prosseguimento �s manuten��es que se fizerem necess�rias”, informou a Sudecap, em nota.

Anomalias diversas

Entre os elevados avaliados pelo Ibape-MG, a situa��o do Viaduto Montese � considerada uma das mais preocupantes, por se tratar de constru��o muito nova. Transpondo a Avenida Pedro I, assim como o Viaduto Batalha dos Guararapes, e integrante do mesmo conjunto de obras do elevado que caiu, o Montese faz a liga��o dos bairros Santa Branca e Itapo�, na Regi�o da Pampulha. Chegou a ficar mais de nove meses interditado, em 2014, devido a uma dilata��o de 27 cent�metros.

Apesar de se tratar de estrutura recente, e de ter passado por obras corretivas, foram verificadas pelo Ibape no elevado diversas anomalias. “A situa��o do Montese nos chamou a aten��o. Ele n�o foi objeto de estudo da pesquisa anterior, mas justamente devido � interdi��o n�s decidimos verificar. Ao contr�rio dos outros elevados, que s�o mais antigos, esse tem uma estrutura nova e j� apresenta muitos problemas”, diz o presidente do instituto.

O Viaduto Santa Tereza (liga as regi�es Centro-Sul e Leste) e o Elevado Helena Greco (liga Centro-Sul e Noroeste) apresentaram no estudo a maior quantidade de tipos diferentes de problemas. Tombado como patrim�nio cultural e pertencente ao conjunto arquitet�nico da Pra�a da Esta��o, o Santa Tereza passou por obra de revitaliza��o no in�cio de 2014, com o objetivo de criar um espa�o cultural. “No entanto, as partes n�o reformadas foram esquecidas e h� pontos que continuam muito degradados”, afirma Clemenceau Chiabi Saliba J�nior, presidente do Ipape/MG.

“Passo muito por aqui para ir ao trabalho. Acho triste o estado do viaduto, porque � malconservado, pichado, destru�do”, diz a advogada Sandra Silva Martins, de 44 anos. Para ela, o poder p�blico deveria tomar uma atitude diante da situa��o. “A gente passa, corre risco, e a sensa��o � de que n�o tem ningu�m tomando conta. Acho um dos mais bonitos da cidade, mas est� muito abandonado”, completa. Segundo o estudo, hoje o viaduto � o mais frequentado por usu�rios de drogas e moradores de rua.

Problema social
“Verificamos que a quest�o social relacionada a ocupantes desses locais, como moradores de rua e viciados em drogas, influencia diretamente no estado de conserva��o dos viadutos”, afirma o pesquisador. Por necessidade de se aquecer, moradores de rua fazem fogueiras nas bases de pilares, o que compromete a estrutura. O estudo tamb�m aponta problemas provocados por urina na base dos pilares, cuja acidez � capaz de comprometer a fun��o do concreto e do a�o das armaduras.

A quest�o do lixo lan�ado no sistema de drenagem tamb�m tem rela��o com o problema da ocupa��o atual dos viadutos, aliada � incapacidade de uma limpeza frequente desses sistemas. “Uma adequa��o � necess�ria, mas tem que vir acompanhada de um trabalho social junto �s popula��es que hoje usam esses espa�os”, completa Clemenceau.

J� o Viaduto Pedro Aguinaldo Fulg�ncio (liga Centro-Sul � Regi�o Leste) apresenta uma variedade menor de problemas, embora recorrentes. Mais conhecida como “Viaduto do Extra”, a estrutura sofreu, em 2015, uma interven��o corretiva na base dos pilares, como refor�o no revestimento e nova concretagem. Entretanto, a equipe do instituto foi at� o local e detectou outros danos. “� percept�vel o deslocamento de concreto, manchas de infiltra��o, muretas com defici�ncia e piso esburacado”, afirma o presidente do Ibape/MG.

Poucos quil�metros depois est� o Viaduto Floresta, onde os mesmos problemas se repetem. Chamam a aten��o as defici�ncias no pavimento e a inadequa��o dos passeios � acessibilidade de pessoas com defici�ncia f�sica. O comerciante Jo�o Alves Oliveira, de 52, passa pelos viadutos Floresta e Santa Tereza todos os dias e aponta a dificuldade para transitar no local com sua cadeira de rodas. “O pavimento � muito ruim, n�o consigo passar. Preciso trafegar pelo meio da rua”, conta, em rela��o ao Viaduto Floresta.


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