
Uma conversa r�pida � suficiente para se ter not�cias de parentes, colegas de trabalho ou do vizinho que tiveram conjuntivite recentemente. Em Belo Horizonte, os casos da doen�a aumentaram 33% em apenas uma semana. A enfermidade que se espalhou pela capital chegou a cidades como a vizinha Santa Luzia, na regi�o metropolitana. Apesar de autoridades negarem o surto, na ponta do atendimento di�rio em postos de sa�de, cl�nicas e hospitais, pacientes amargam longas filas e profissionais da sa�de relatam o aumento da press�o nas �ltimas semanas. Na Cl�nica de Olhos da Santa Casa da capital, refer�ncia no estado, o n�mero de pacientes com a infec��o nos olhos duplicou. A boa not�cia � que a doen�a come�a a dar sinais de tr�gua, segundo m�dicos.
Num posto de sa�de do distrito de S�o Benedito, tamb�m em Santa Luzia, funcion�ria que preferiu n�o se identificar com medo de repres�lia informou que � grande o n�mero de casos em toda a cidade. “Santa Luzia est� em surto. Costum�vamos atender no m�ximo tr�s por m�s. Nos �ltimos 10 dias, esse n�mero passou para 10. Essa � a realidade em todos os postos”, disse. Segundo ela, o atendimento feito por ordem de chegada tem priorizado pacientes com conjuntivite, por causa do risco de cont�gio.
Em Belo Horizonte, a Cl�nica de Olhos da Santa Casa passou de 30 a 40 casos por dia para cerca de 80 a 90, segundo o coordenador do setor, Wagner Duarte Batista. Para conter a demanda, o n�mero de senhas distribu�das diariamente aumentou. De um lado, pacientes que aguardam horas a fio para ter um diagn�stico, de outro, m�dicos trabalhando acima da capacidade. “Atendemos 40% a mais do que o normal. � uma press�o, dificuldade e desgaste muito grande. Fazemos o poss�vel e o imposs�vel”, afirma o oftalmologista.
"O v�rus tem um ciclo de 14 a 21 dias. Os pacientes deveriam ser afastados do trabalho ou escola por mais tempo, por at� 10 dias, e isso n�o ocorre. Ao sair do repouso e entrar em contato com um aglomerado de pessoas, o cont�gio dissemina"
Wagner Batista, oftalmologista da Santa Casa
A Prefeitura de Santa Luzia informou, por meio de nota, que registrou este ano 30 casos da doen�a, o que representa o n�mero de 0,013% do total de 218.897 habitantes. Negou que haja surto e acrescentou que n�o houve registros no ano passado. A Secretaria de Estado de Sa�de (SES), por sua vez, informou que houve registro de um surto de conjuntivite no munic�pio. J� em Belo Horizonte, foram cinco.
Tamb�m por meio de nota, a Secretaria Municipal de Sa�de disse que a vigil�ncia epidemiol�gica de Belo Horizonte recebeu notifica��o de surtos de conjuntivite nas regionais Leste, Norte, Nordeste, Oeste e Pampulha, num total de 263 casos envolvidos. Na quinta-feira da semana passada, eram 79 casos. A pasta explica que a doen�a n�o � de notifica��o compuls�ria, n�o sendo, portanto, obrigat�ria a notifica��o dos casos na rotina, apenas quando se percebe aumento na procura pelos servi�os de sa�de. A partir da�, os profissionais informam a ocorr�ncia de surto da doen�a, que pode ser caracterizada por dois ou mais casos de conjuntivite relacionados.
A secretaria acrescentou que em 2017 n�o houve notifica��o de surto. Em 2016, foram tr�s surtos, com um total de 27 casos. Em todo o estado, Minas tem 118 surtos nos primeiros meses de 2018, sendo o maior deles em Divin�polis (30) e S�o Gon�alo do Par� (26), no Centro-Oeste do estado, Barbacena, na Regi�o Central, e Paiva, na Zona da Mata (17 cada).
HIGIENE O oftalmologista Wagner Batista, da Santa Casa, explica que a conjuntivite vir�tica tem predominado em fun��o do clima: chuva e muito calor. “O v�rus tem um ciclo de 14 a 21 dias. Os pacientes deveriam ser afastados do trabalho ou escola por mais tempo, por at� 10 dias, e isso n�o ocorre. Ao sair do repouso e entrar em contato com um aglomerado de pessoas, o cont�gio dissemina”, explica o m�dico. Ele afirma que a quantidade deu sinais de queda esta semana. “As pessoas est�o ficando mais conscientes sobre a necessidade de n�o ficar em contato com outras. O mais importante da conjuntivite � lavar as m�os e ter sempre dispon�vel �lcool gel.”
Presidente do Centro Oftalmol�gico de Minas Gerais, no bairro de Lourdes, na Regi�o Centro-Sul de BH, Cl�udio Augusto Junqueira de Carvalho tamb�m notou uma estabiliza��o da doen�a esta semana, mas lembra que nos �ltimos dias houve aumento de 30% de pacientes na urg�ncia, em decorr�ncia da conjuntivite. Ele afirma que o surto est� fora de �poca. “N�o sabemos de onde vem, como num, caso de febre amarela, por exemplo. Come�a a proliferar e n�o se consegue controlar. � o tipo de doen�a que as pessoas n�o guaram o repouso e v�o para a rua. A virose traz o incha�o e coceira, deixando um ambiente favor�vel para bact�rias entrarem. Pinga col�rio, mas tem que esperar o ciclo passar”, ressalta o oftalmologista.