
Em pelo menos uma dessas cidades o ataque interrompeu completamente os servi�os banc�rios e obrigou quem precisava sacar qualquer quantia a viajar para munic�pios vizinhos. A Pol�cia Militar desconfia que o mesmo grupo pode estar ligado a tr�s dos assaltos, pois a dist�ncia pr�xima entre Areado, Cabo Verde e Jacu� (todas no Sul de Minas), o hor�rio espa�ado entre as tr�s ocorr�ncias, a presen�a de duas caminhonetes nesses tr�s casos e a proximidade com o estado de S�o Paulo refor�am a possibilidade de conex�o. Al�m disso, a PM tamb�m registrou um ataque em Pains, na Regi�o Centro-Oeste do estado.

A sequ�ncia de assaltos e explos�es come�ou por volta de 0h25, em Areado, com relatos de cerca de 20 bandidos armados com fuzis e escopetas, em duas caminhonetes, carros e motos atirando a esmo na cidade. Eles conseguiram estourar caixas e cofres dos bancos do Brasil e Bradesco, al�m de danificar uma ag�ncia do Sicoob, mas n�o levaram nada desse �ltimo.
Uma hora e meia depois, um grupo estimado em 10 criminosos invadiu a cidade de Cabo Verde, que pelo trajeto principal fica a 60 quil�metros de dist�ncia de Areado. Chegaram atirando em uma viatura parada e no quartel local da PM, tamb�m com armas longas. Nesse caso houve rea��o dos militares e troca de tiros intensa com os ladr�es, evitando que o grupo, que j� tinha estourado a ag�ncia do Banco do Brasil, entrasse tamb�m no Sicoob. O grupo fugiu em duas caminhonetes, segundo a PM.
�s 4h, nova invas�o de criminosos foi registrada no Sul de Minas. Desta vez, um bando que n�o teve estimativa num�rica de integrantes divulgada entrou no Banco do Brasil e tamb�m em uma ag�ncia lot�rica de Jacu�, a 90 quil�metros de Cabo Verde, e danificou equipamentos dos dois terminais. Nesse caso n�o houve explos�o, segundo a PM, mas novamente houve relato de que duas caminhonetes foram usadas pelos assaltantes.

O coronel Pol�cia Militar, Frederico Ant�nio de Lima, que comanda a 18ª Regi�o da PM – onde ficam tr�s munic�pios do Sul de Minas atacados na madrugada de ontem por quadrilhas de roubo a banco – diz que h� possibilidade de rela��o entre os casos. “Acredita-se que sim, em raz�o do modus operandi e da proximidade com o estado de S�o Paulo”, diz o militar, referindo-se � atua��o de uma organiza��o criminosa no estado vizinho.
A partir da primeira ocorr�ncia, segundo o coronel, foi lan�ado um plano de cerco e bloqueio na regi�o, com o refor�o de tropas de cidades vizinhas e tamb�m de uma companhia especializada no recobrimento das demais unidades do policiamento normal. Apesar do incremento, ningu�m foi preso em nenhum dos tr�s casos.
O militar aposta no fortalecimento da rede de policiamento do Sul de Minas, com a forma��o de mais soldados, para enfrentar os casos de explos�es. “A partir de agora, todas as cidades da 18ª Regi�o da PM v�o ter no m�nimo 10 policiais, por menor que seja o munic�pio”, afirma o militar, que chegou a ter cidades com quatro policiais no in�cio de sua gest�o � frente da �rea. Ontem, conforme o comando-geral da corpora��o, foram formados 1.549 soldados, sendo 1.341 destinados � Grande BH e o restante para o interior do estado.
Entre as dificuldades da corpora��o para prender os criminosos que agiram ontem est� a grande capilariza��o de estradas no Sul de Minas. “Nossa malha vi�ria � muito grande. H� v�rias op��es de fuga e isso dificulta a localiza��o dos bandidos”, afirma o tenente Sandro Almeida, comandante da PM em Cabo Verde, uma das cidades atacada na madrugada de ontem.
De acordo com ele, os bandidos destru�ram a ag�ncia do Banco do Brasil na cidade, mas n�o chegaram a danificar a ag�ncia do Sicoob, depois de longa troca de tiros. Quem � cliente do BB, e precisou de dinheiro ontem, teve que se deslocar 22 quil�metros at� Muzambinho para encontrar uma ag�ncia. Se em Cabo Verde sobraram ainda os servi�os banc�rios do Sicoob, em Areado n�o restou essa possibilidade. As ag�ncias do Bradesco, BB e Sicoob amanheceram fechadas depois da a��o dos criminosos, segundo o subtenente Nivaldo Lima. “Aqui eles n�o chegaram a atirar no quartel, mas temos informa��es de que monitoraram a casa de quatro policiais que estavam de folga”, afirma. A a��o em Areado foi a mais violenta, com relatos at� de armas com mira a laser e tiros de armas longas disparados a esmo.

O caso de Jacu�, que ocorreu �s 4h, n�o teve explos�o, conforme o tenente-coronel Marcellus Machado, comandante do 12º Batalh�o da PM em Passos. Machado explica que os assaltantes usaram equipamentos para danificar o interior da ag�ncia do Banco do Brasil e tamb�m de uma lot�rica que presta servi�os banc�rios da Caixa Econ�mica Federal (CEF).
Um aspecto que chamou a aten��o dos militares foi a descoberta de uma �rvore fechando a rodovia que liga Passos a Jacu�, quando o refor�o se encaminhava para a cidade atacada, o que atrasou o procedimento. Funcion�ria de uma loja de m�veis em Jacu�, M�rcia Aparecida Rodrigues diz que o dia da cidade foi muito prejudicado pelo n�o funcionamento do Banco do Brasil e da lot�rica. “O com�rcio perde demais, porque as pessoas t�m que ir at� S�o Sebasti�o do Para�so (cidade vizinha, a 30 quil�metros) e acabam gastando por l� o dinheiro”, afirma.
CENTRO-OESTE Os ataques de ontem n�o ficaram restritos ao Sul de Minas: tamb�m assustaram a popula��o de munic�pio no Centro-Oeste. A ag�ncia do Banco do Brasil foi explodida, mas, segundo a PM, os assaltantes n�o conseguiram levar nenhuma quantia em dinheiro. Nesse caso, o ataque ocorreu por volta das 3h30, e n�o h� relatos de uso de armas longas.
Segundo o subtenente Carlos Luiz Costa, a Pol�cia Militar encontrou c�psulas de pistola .40 e de rev�lver calibre 38, ap�s tiros disparados para o alto pelos criminosos. A pol�cia estima que eram oito assaltantes, que estariam em tr�s carros de passeio. Com a ag�ncia do Banco do Brasil paralisada, restou aos moradores de Pains se deslocarem 31 quil�metros at� a vizinha Arcos para conseguir fazer servi�os banc�rios. O atendimento foi normal em Pains na ag�ncia do Sicoob.

FOR�A-TAREFA Sobre os ataques, a Secretaria de Estado da Seguran�a P�blica (Sesp) informou que coordena for�a-tarefa formada por 13 institui��es e voltada para a redu��o de assalto a institui��es banc�rias. “O grupo tem forte atua��o na �rea de intelig�ncia, fazendo o mapeamento do modus operandi dos criminosos e a identifica��o de quadrilhas. As avalia��es e a��es de intelig�ncia valem para a��es como roubos, explos�es de caixas eletr�nicos, crime do ‘sapatinho’ (sequestro de banc�rios) e uso de ma�arico para chegar ao dinheiro dos caixas”, informou, em nota. Ainda de acordo com a Sesp, as apura��es da intelig�ncia se transformam em opera��es repressivas e preventivas, com foco no interior do esstado.
A pasta ressalta que desde a cria��o da for�a-tarefa as explos�es de caixas eletr�nicos e roubos a bancos est�o em queda. Entre 2016 e 2017, tiveram redu��o de 31,65% em todo o estado, saindo de 237 para 162 ocorr�ncias – embora a viol�ncia nos ataques tenha aumentado. Participam da for�a-tarefa a Sesp, a Pol�cia Militar, a Pol�cia Civil, o Minist�rio P�blico, o Corpo de Bombeiros, o Ex�rcito, a Pol�cia Rodovi�ria Federal, a Pol�cia Federal, a Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia, a Associa��o Mineira de Bancos, a Associa��o Brasileira de Bancos, a Federa��o Brasileira dos bancos (Febraban) e a Secretaria de Estado de Administra��o Prisional. (Com Larissa Ricci)