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Estado de Minas

Falta verba para vacina contra o Aedes aegypti criada na UFMG

Subst�ncia mata o mosquito ou compromete sua reprodu��o, afetando o ciclo de v�rias viroses. Poderia estar no SUS em pouco tempo, mas falta dinheiro


postado em 25/04/2018 06:00 / atualizado em 25/04/2018 07:35

Professor Rodolfo Giunchetti diz que o estudo vai possibilitar a produção de milhões de doses da indústria(foto: Sidney Lopes/EM/DA Press)
Professor Rodolfo Giunchetti diz que o estudo vai possibilitar a produ��o de milh�es de doses da ind�stria (foto: Sidney Lopes/EM/DA Press)

Uma vacina com proposta revolucion�ria de combate ao Aedes aegypti, desenvolvida nos laborat�rios da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), est� amea�ada por falta de financiamento, apesar de seu potencial para enfrentar as v�rias viroses transmitidas pelo mosquito, com aplica��o no Brasil e em v�rias partes do planeta. O imunizante � o �nico no mundo por meio do qual o ser humano, ao ser imunizado, se torna “t�xico” ao inseto, matando ou prejudicando a reprodu��o do transmissor de males como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Com verbas suficientes para continuidade dos estudos, em um prazo de cinco anos o pa�s poderia fazer uso da nova droga e incorpor�-la ao calend�rio nacional de vacina��o via Sistema �nico de Sa�de (SUS). “Temos a consci�ncia de desenvolver um produto que seja barato e tenha apelo para o SUS para combater epidemias. E certamente ele n�o ficar� restrito ao pa�s”, afirma o professor Rodolfo Giunchetti, coordenador da pesquisa que gerou tese de doutorado e cujo resultado foi patenteado.


Os estudos em busca de uma vacina contra insetos que se alimentam de sangue e que transmitem doen�as de import�ncia m�dica e veterin�ria come�aram h� cerca de oito anos no Instituto de Ci�ncias Biol�gicas (ICB) da UFMG. Giunchetti explica que esse tipo de imunizante representa uma vantagem tecnol�gica para o Brasil, pois combater o mosquito � mais eficaz do que vacinar a popula��o contra cada uma das doen�as que ele transmite. “Al�m disso, essa vacina pode ser associada � imuniza��o contra algumas doen�as, como dengue”, afirma o professor do Departamento de Morfologia.

Enquanto a pesquisa corre o risco de definhar por falta de dinheiro, as enfermidades que ela ajudaria a combater s�o preocupa��o constante para a popula��o e o poder p�blico. Em rela��o � febre amarela, cujo v�rus pode se urbanizar e passar a ser transmitido pelo Aedes aegypti, o estado j� confirmou, apenas este ano, 486 casos, com 155 mortes comprovadas. A dengue, outra virose disseminada pelo inseto, tem 14.781 registros suspeitos nos quatro primeiros meses de 2018, com tr�s casos fatais confirmados e nove sob investiga��o. A febre chikungunya tem 4.310 notifica��es – m�dia de 38,1 por dia –, conforme boletim divulgado no in�cio da semana pela Secretaria de Estado de Sa�de, enquanto a zika tem 170 diagn�sticos prov�veis.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
MECANISMO As formula��es da vacina desenvolvida na UFMG cont�m prote�nas importantes para a vida do inseto e geram nas pessoas imunizadas a produ��o de anticorpos contra essas prote�nas. Ao se alimentar do sangue com esses anticorpos, o Aedes aegypti sofre altera��es em sua fisiologia que podem lev�-lo � morte ou, no m�nimo, provocar s�rios danos � cadeia reprodutiva. O professor explica que o indiv�duo que receber a dose n�o estar� automaticamente protegido contra as viroses transmitidas pelo vetor, “mas o componente vai ajudar a eliminar o mosquito, o que, em �ltima inst�ncia, provoca o fim dessas doen�as por falta do principal elo de transmiss�o”. Al�m disso, o imunizante pode ser associado a outras vacinas, como a da dengue, que est� em processo de desenvolvimento.

 

“Se conseguirmos entregar algo que cause dist�rbio naquele inseto que tenta se alimentar de n�s, conseguiremos comprometer o desenvolvimento do mosquito”, diz. O trabalho � parte da tese de doutorado da pesquisadora Marina Luiza Rodrigues Alves. Ela desenvolveu a formula��o e a usou como prova de conceito. Observou que um ter�o dos insetos que picava animais imunizados morria imediatamente. Ao acompanhar o ciclo completo do inseto, a pesquisadora constatou redu��o significativa no n�mero de ovos e baixa viabilidade das pupas (forma entre a fase larval e a adulta), que se desenvolveram mal ou morreram. Percebeu-se redu��o de cerca de 60% no ciclo do Aedes.

"Temos biot�rio de macacos, hospital na UFMG e condi��es de fazer todos os estudos, mas falta o principal: dinheiro"

Professor Rodolfo Giunchetti, coordenador da pesquisa


Para o estudo inicial da prova de conceito foi usada uma vacina rudimentar, que serviu para verificar se o experimento funcionaria. Depois dos primeiros resultados, os pesquisadores partiram para a segunda etapa: achar uma formula��o que permita a produ��o em larga escala. “Encontramos quatro formula��es que podem ser produzidas em milh�es de doses pela ind�stria”, revela Rodolfo Giunchetti.


O alvo s�o as f�meas do Aedes, que picam em busca do sangue, necess�rio para o amadurecimento do ov�rio e a produ��o de ovos. Ela digere o sangue, p�e os ovos e volta para se alimentar. O ensaio pr�-cl�nico da vacina foi feito em camundongos, que, depois de receber a dose, produziram anticorpos capazes de induzir altera��es no inseto, resultando em desequil�brio fisiol�gico de alto impacto. Os pr�ximos passos s�o testes em macacos e em humanos. Para isso, a pesquisa depende de financiamento.

Pesquisador � espera de financiadores


O estudo desenvolvido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que resultou em vacina que mata o mosquito Aedes aegypti � parcialmente financiado por parceria firmada entre Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq), Coordena��o de Aperfei�oamento de Pessoal de N�vel Superior (Capes) e Minist�rio da Sa�de. Na UFMG, conta com a participa��o de professores dos departamentos de Morfologia e de Parasitologia. Tamb�m participam pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto, do Centro de Pesquisas Ren� Rachou/Funda��o Oswaldo Cruz (CpqRR-Fiocruz) e do Instituto Butantan.


“Temos R$ 1,3 milh�o, o que n�o cobre o restante das etapas. O estudo para os testes humanos � caro. Temos biot�rio de macacos, hospital na UFMG e condi��es de fazer todos os estudos, mas falta o principal: dinheiro”, ressalta o professor Rodolfo Giunchetti, coordenador da pesquisa que gerou a subst�ncia patenteada de combate ao Aedes. As formula��es para produ��o em larga escala, por exemplo, s� foram obtidas gra�as a recursos de outros projetos.
Com dinheiro em caixa, a vacina poderia ter registro submetido � Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) em cinco anos. “A ind�stria, historicamente, n�o tem h�bito de financiar projetos da �rea de sa�de. Para termos um cen�rio parecido com o dos Estados Unidos, � preciso amadurecimento do empresariado. Esperamos que o setor privado se interesse e financie as etapas finais de desenvolvimento da vacina.”

APOSTA A parceria com o setor privado � expectativa da UFMG para equacionar um dos desafios da universidade, conforme mostrou o Estado de Minas na semana passada: transformar os mais de 800 dep�sitos de patentes da institui��o em produtos de mercado. Para isso, a institui��o pretende lan�ar m�o da flexibilidade criada pelo Marco Legal da Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o (Lei 13.243/16) para fazer parcerias com empresas, arrecadar royalties e, assim, se livrar da atual depend�ncia financeira das ag�ncias p�blicas, respons�veis por bancar a pesquisa no Brasil.
Para isso, a maior institui��o de ensino superior de Minas aprovou em dezembro do ano passado sua Pol�tica de Inova��o, com as diretrizes gerais para atender a v�rias demandas da nova legisla��o. Ela passou pelo crivo do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extens�o e, em seguida, do Conselho Universit�rio.

 

R$ 68 mi para hospitais


O Minist�rio da Educa��o anunciou ontem cerca de  R$ 68 milh�es para hospitais universit�rios federais, como o Hospital das Cl�nicas da UFMG. A verba vem de programa  gerido pela Empresa Brasileira de Servi�os Hospitalares (Ebserh), com libera��o  por meio de portarias do Minist�rio da Sa�de. Do total, R$ 50,8 milh�es v�o para o custeio de materiais de uso di�rio nas unidades e R$ 17,8 milh�es para obras  e  equipamentos.


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