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Estado de Minas

Serra do Espinha�o, lar das tribos pr�-hist�ricas de Minas

Segunda etapa da expedi��o do Estado de Minas para a s�rie Montanhas de Hist�rias conta a saga dos ancestrais do povo mineiro em Buen�polis


postado em 29/04/2018 07:00 / atualizado em 08/05/2018 13:21

Buen�polis, Diamantina e Joaquim Fel�cio – Da regi�o de Lagoa Santa, os povos primitivos seguiam pelo Vale do Rio das Velhas rastreando veados e tatus. A partir do semi�rido baiano, d�zias de n�mades determinados desbravavam a caatinga vasculhando sustento entre espinhos. Tribos do sert�o norte-mineiro desciam coletando frutas, cocos e ra�zes. Serpenteando o Rio S�o Francisco e seus afluentes, cl�s de pescadores e coletores desafiavam os morros, certos de conquistar fartura.


H� mais de 11 mil anos, esse mosaico de grupos pr�-hist�ricos, que est� entre os primeiros americanos e comp�e os mais antigos ancestrais dos mineiros modernos, convergiu para a por��o meridional (central) da Serra do Espinha�o, entre Diamantina e Buen�polis. Numa busca sazonal por comida, os grupos deixaram, entre abrigos, territ�rios de ca�a e rituais, a maior sucess�o de s�tios arqueol�gicos de Minas Gerais – um dos mais concentrados do Brasil – segundo o Minist�rio P�blico de Minas Gerais e os institutos do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) e Estadual de Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha).

Pintura rupestre no Parque Estadual da Serra do Cabral, nos municípios mineiros de Buenópolis e Joaquim Felício(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Pintura rupestre no Parque Estadual da Serra do Cabral, nos munic�pios mineiros de Buen�polis e Joaquim Fel�cio (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

S�o pelo menos 233 s�tios federais num pequeno quadrante de 2,7 milh�es de hectares nos munic�pios de Augusto de Lima, Buen�polis, Couto de Magalh�es de Minas, Datas, Diamantina, Francisco Dumont, Gouveia, Lassance, Mendanha, Monjolos, Joaquim Fel�cio, Santo Hip�lito, Serro e V�rzea da Palma. Mais do que montes de rochas cinzentas transformados em dom�nios pr�-hist�ricos, essa regi�o pode ser encarada como uma s�ntese da forma��o do povo mineiro, preservando os vest�gios dos ind�genas, dos africanos e dos colonizadores ainda presentes em ru�nas dos tempos da explora��o de ouro e diamantes, nos s�culos 18 e 19.

Serras percorridas pela reportagem do Estado de Minas na segunda edi��o da s�rie de reportagens Montanhas de Hist�rias. Em meio � comemora��o dos 90 anos do EM, a saga do povo mineiro vai sendo contada a partir de sua �ntima rela��o com as intrincadas forma��es serranas que descrevem o estado das Alterosas.


A concentra��o mais impressionante de s�tios pr�-hist�ricos fica nas elevadas rochas da Serra do Cabral, entre Buen�polis e Joaquim Fel�cio, no Norte de Minas. S�o 117 pontos, entre formas de abrigos sob pedras que s�o chamados de lapas, cavernas de quartzito e corredores rochosos. Nesses labirintos, quase sem trilhas demarcadas e dominados pela vegeta��o baixa, mas densa, de campos rupestres, se revezam gravuras de quatro tradi��es de pinturas rupestres. “Temos importantes estudos que mostram uma presen�a das tradi��es Planalto, Agreste, Montalv�nia e S�o Francisco. Mas � importante que estudos continuem sendo feitos, pois h� a expectativa de que muito ainda seja descoberto”, afirma o arque�logo do Iphan Reginaldo Barcelos.

Pico da Pedra Alta, no Parque Estadual da Serra do Cabral, nos municípios mineiros de Buenópolis e Joaquim Felício(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Pico da Pedra Alta, no Parque Estadual da Serra do Cabral, nos munic�pios mineiros de Buen�polis e Joaquim Fel�cio (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Popula��es que ali chegavam vindo de v�rias regi�es do estado e de fora tamb�m. Boa parte das inscri��es est� dentro do per�metro do Parque Estadual da Serra do Cabral, uma unidade de conserva��o com 22.500 hectares e altitudes que variam entre 900 e 1,3 mil metros de altitude. “Muita coisa ainda est� para ser descoberta. Conseguimos isso com a rela��o com os povos da regi�o, que nos mostram s�tios que s� eles conhecem. Nossa explora��o da �rea de manejo tamb�m permite descobrir os s�tios”, afirma o diretor de Unidades de Conserva��o Norte do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Jarbas Jorge de Alc�ntara.

Sem um bom guia, chegar at� as pinturas rupestres pode ser uma tarefa dif�cil. Algumas delas est�o praticamente camufladas nos emaranhados de espinhos. O solo arenoso alterna gr�os finos como farinha e outros mais grossos, de cristais brancos, uma das riquezas que foram extra�das por anos naqueles altos. Esse piso, no meio das trilhas, entre os pared�es de pedras e a floresta, permite a conserva��o de vest�gios animais que mostram por que os homens primitivos atravessavam �s vezes centenas de quil�metros para ali chegar.

Ver galeria . 24 Fotos Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press )

“Veja s�. Uma pegada com tr�s dedos grandes. � uma anta (Tapirus terrestris), animal em extin��o, que temos em grande quantidade”, observa Jarbas ao lado de dois guarda-parques, que s�o da regi�o e conhecem os animais da �rea. O trio ainda consegue identificar os rastros de outras antas, de um veado, de uma raposa e de seriemas. “Temos on�as-pardas e pintadas aqui tamb�m”, afirma Alc�ntara.

Região da Serra do Espinhaço guarda ricos sítios arqueológicos com lapas e pinturas rupestres(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Regi�o da Serra do Espinha�o guarda ricos s�tios arqueol�gicos com lapas e pinturas rupestres (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

A Serra do Cabral � uma chapada. Aparenta ser um s� monte compacto se erguendo sozinho da mata. Mas, de perto, se abre em um complexo de pared�es e corredores altos de rocha escura. Na base de um dos mais �ngremes mirantes, a chamada Pedra Alta (1.205 metros), riscos vermelhos mal percebidos a dist�ncia ganham, � proximidade, as formas de animais que eram rastreados e abatidos pelos homens primitivos.

O maior deles se assemelha a um veado-campeiro. Mas outros tra�os em amarelo, branco, azul e preto assumem formas de antas, tatus, pacas e bichos indecifr�veis. O s�tio arqueol�gico � chamado de Lapa da Pedra Alta e como tantos outros foi estudado e escavado por arque�logos. Infelizmente, apenas uma amostra das pe�as pertencentes aos primeiros habitantes de Minas ainda se encontra no parque. S�o pontas de flechas e l�minas de pedras lascadas ou polidas, cer�micas e materiais de pintura feita com a tritura��o de minerais e compostos de gordura e vegetais. A maioria dos artefatos foi levada para o Rio de Janeiro.
 
(A LOJA ROTA PERDIDA/ROTA EXTREMA – www.rotaperdida.com.br – forneceu parte dos equipamentos usados nas expedi��es) 


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