Serra da Caveira foi o vale da morte dos bandeirantes em Minas
Montanha pr�xima a Cachoeira do Campo acumulou at� meados do s�culo 20 ossos de tropas que tentavam voltar para S�o Paulo e, perdidas, morreram de fome
postado em 11/03/2018 07:00 / atualizado em 12/03/2018 10:47
Os cr�nios, f�mures e esqueletos espalhados pelos campos rupestres assombraram o imagin�rio dos ouro-pretanos ao ponto de conferirem �s montanhas que se iniciam no Distrito de Rodrigo Silva o nome sinistro de Serra da Caveira. Os restos mortais ali ficaram desde o in�cio do s�culo 18 at� meados do s�culo 20. Resqu�cios das grandes fomes que se abatiam sobre as tropas de bandeirantes que tentavam voltar para S�o Paulo e se perdiam justamente naquela regi�o.
“Uma parte dos bandeirantes tentou plantar na regi�o de Cachoeira do Campo, que se tornou um polo de produ��o aliment�cia. Outra parte tentou voltar para S�o Paulo, justamente pela Serra da Caveira e pereceu”, conta o professor de Hist�ria da Arte e Iconografia do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), Alex Bohrer.
Serra da Caveira ainda � considerada mal-assombrada por muitos moradores de distrito pr�ximo (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
As caracter�sticas daquele sert�o ficaram famosas entre os viajantes, que passaram a evitar a rota por se tratar de um local extremamente hostil. “N�o h� muitas nascentes. N�o h� grandes �rvores ou fontes de alimenta��o. Dependendo do momento que tentassem retornar para S�o Paulo, os exploradores morreriam de fome e de sede dentro desse pequeno sert�o entre Ouro Preto e Ouro Branco”, afirma Bohrer.
A montanha do medo
O pr�prio Bohrer, cidad�o ouro-pretano, se recorda das hist�rias que a av� lhe contava sobre a serra. “Minha av� era do Distrito de Rodrigo Silva e contava que quando era crian�a tinha muito medo de passar pela Serra da Caveira, porque avistava facilmente esses peda�os de ossos.
As pessoas tinham medo de l�”, conta. Os vest�gios dos ossos desapareceram, restando apenas as belas montanhas escarpadas. Do alto, quase n�o se avistam moradias, apenas fazendas ocupando vastas extens�es de vazio territorial. Perdidos nesses sert�es, o fim dos paulistas pode ter sido acelerado pelo sol implac�vel e a falta quase que completa de vegeta��o para fornecer abrigo.
No s�culo 19, novas estradas foram abertas para ligar Ouro Preto ao Rio de Janeiro e essas vias tinham de passar pela regi�o. Assim foram abertos v�rios caminhos e constru�das pontes, que passam sob a Serra da Caveira, inclusive na regi�o chamada de Bico de Pedra, em Ouro Branco. “Algumas dessas estradas e pontes foram descritas pelos viajantes estrangeiros que estiveram em Minas Gerais no s�culo 19, como o naturalista franc�s Auguste de Saint Hilaire”, informa Bohrer. O �nico ribeir�o que nasce na serra tamb�m ficou conhecido como Ribeir�o da Caveira e da estrada MG-129, uma placa indica a Ponte da Caveira. (A LOJA ROTA PERDIDA/ROTA EXTREMA - www.rotaperdida.com.br - forneceu parte dos equipamentos usados nas expedi��es)