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Estado de Minas

Serra do Espinha�o: a cordilheira domada pela sede do ouro

Considerada o embri�o do povo mineiro, a cadeia rochosa na qual Mariana, Ouro Preto e Ouro Branco nasceram, atraiu aventureiros e exploradores movidos pelo interesse econ�mico


postado em 11/03/2018 07:00 / atualizado em 12/03/2018 10:48

Ouro Preto – A descri��o do terreno inclui tantos obst�culos que seria capaz de repelir os mais confiantes desbravadores. “As serras s�o muito escarpadas. Os vales, extremamente fechados, de dif�cil circula��o. Os terrenos livres eram t�o hostis que lembravam um deserto rochoso, que os portugueses corromperam (linguisticamente) de desert�o, para sert�o”, conta o ge�logo e diretor do Museu de Hist�ria Natural da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ant�nio Gilberto Costa.



Essa �rea da cadeia de montanhas da Serra do Espinha�o, onde Mariana, Ouro Preto e Ouro Branco nasceram, n�o permitiria uma ocupa��o humana natural, mas a descoberta do ouro nos c�rregos que permeiam aqueles vales tornou a regi�o um destino lend�rio no mundo ocidental, especialmente no s�culo 18. “Foi o interesse econ�mico pelo ouro que fez os europeus vencerem as condi��es inadequadas para se estabelecer na regi�o. E foi esse povoamento o embri�o do povo mineiro como conhecemos hoje”, destaca o professor de Hist�ria da Arte e Iconografia do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), Alex Bohrer. 

Entre as cadeias montanhosas da regi�o das minas, a mais importante, na concep��o do professor Alex Bohrer, seria a Serra de Ouro Preto, onde floresceu o munic�pio que chegou a ser uma das cidades mais proeminentes e ricas do ocidente no s�culo 18. “A Serra de Ouro Preto era o caminho entre o distrito de Cachoeira do Campo, onde ficava o pal�cio do governador da capitania, e a sede de Ouro Preto, na �poca, Vila Rica, onde estava o pal�cio administrativo. Era, tamb�m, o caminho para se chegar ao Rio das Velhas, a rota natural para se atingir o Rio S�o Francisco e, assim, o mar”, define Bohrer.

A separa��o de Minas


Em 1720, estourou a Revolta de Filipe dos Santos, um portugu�s que liderou um levante contra a Coroa devido � instala��o das casas de fundi��o de ouro, � restri��o de circula��o desse metal precioso apenas em barras e � cobran�a de um quinto do ouro minerado como imposto. A execu��o de Filipe, ordenada pelo governador, o conde de Assumar, culminou com a separa��o de Minas Gerais de S�o Paulo, para ter um governo pr�ximo � regi�o das minas. Nesse mesmo ano foi constru�da a primeira estrada mineira sobre a Serra de Ouro Preto. 

Elias de Matos, de 75 anos, é um dos últimos habitantes da Serra de Ouro Preto e vive sem água encanada e luz elétrica(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Elias de Matos, de 75 anos, � um dos �ltimos habitantes da Serra de Ouro Preto e vive sem �gua encanada e luz el�trica (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


Os vest�gios dessa estrada ainda se encontram no alto da Serra de Ouro Preto. S�o 6,5 quil�metros onde os capins e arbustos dos campos de altitude exp�em algumas vezes pequenos trechos de cal�amento de pedras assentadas por escravos. Do alto, se v�, de um lado, a rodovia BR-356, que leva a Ouro Preto, e do outro, o vale do Rio das Velhas em meio a uma mata fechada e extensa. Um dos �ltimos habitantes da serra, antes da estrada, � um agricultor t�mido e muito simples, que mora no meio de uma das colinas numa pequena casa que ele mesmo construiu.

Sem energia el�trica nem �gua encanada, o senhor Elias de Matos, de 75 anos, experimenta diariamente os desafios e a falta de recursos que os pioneiros a habitar as serras de Ouro Preto enfrentaram. “Meus seis irm�os se mudaram para a cidade e eu fiquei aqui pelejando com a lavoura, criando os bois. Para ir a Ouro Preto, n�o uso mais o caminho da montanha, porque ningu�m mais sobe l� e a� � perigoso, pode ter bandidos ou algum acidente. Uma vez por ano preciso acordar �s 2h e ir andando at� Ouro Preto, pela rodovia mesmo”, conta.

Ver galeria . 7 Fotos Edésio Ferreira/EM/D.A.Press
(foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A.Press )

Refresco para os viajantes 

O caminho antigo era t�o sinuoso que, em 1782, o governador Dom Rodrigo de Menezes mandou construir nova estrada, 200 metros abaixo. “Foi uma via muito avan�ada para a �poca, contando com curvas de n�vel para eliminar curvas e declives. Tinha tamb�m um chafariz para abastecer os viajantes”, conta Bohrer. Atualmente, essa estrada se encontra semi-aparente, com trechos cobertos por deslizamentos de terra, outros alagados. Mas as marcas desse caminho centen�rio ainda est�o n�tidas na serra, incluindo o chafariz, que ainda funciona e passou por reforma recente. Na estrutura ainda se l�: “Esta fonte e este caminho mandou fazer o ilustr�ssimo e excelent�ssimo D. Rodrigo Jos� de Meneses, governador e capit�o general desta capitania de Minas Gerais em 1782”. (A LOJA ROTA PERDIDA/ROTA EXTREMA - www.rotaperdida.com.br - forneceu parte dos equipamentos usados nas expedi��es)

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