
O avan�o da febre amarela em Minas bate o recorde da temporada anterior no estado, considerada at� ent�o a pior j� registrada no pa�s, e dispara alerta para o pr�ximo per�odo epidemiol�gico, j� que cerca de 1 milh�o de pessoas, integrantes do p�blico-alvo para a vacina��o, continuam sem prote��o imunol�gica. Agora tratado como epidemia, o avan�o da virose na temporada 2017/2018, que termina daqui a um m�s, tem 475 casos confirmados e 166 mortes, superando a temporada anterior (2016/2017), que contabilizou o mesmo n�mero de infectados, mas 162 �bitos. O quadro pode ser ainda pior, pois h� exames de 12 pacientes que perderam a vida ainda sob investiga��o.
Diante do quadro, a principal preocupa��o � com as pessoas que ainda n�o se vacinaram e continuam vulner�veis. Embora o estado esteja bem perto de atingir a meta de cobertura de 95% de prote��o (a atual � de 94,5%), segue sem prote��o uma popula��o que equivale praticamente � soma das popula��es de Contagem e Betim, as duas maiores da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. As doses da vacina est�o dispon�veis, gratuitamente, nas unidades do Sistema �nico de Sa�de (SUS).
A Secretaria de Estado de Sa�de sustenta que o avan�o da virose foi ocasionado pela circula��o do v�rus por regi�es mais populosas e que n�o tinham sido atingidas na temporada anterior. O in�cio do atual ciclo da febre amarela em Minas come�ou de forma t�mida, com os primeiros casos sendo confirmados em janeiro deste ano. Os dois pacientes, moradores de Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de BH, come�aram a sentir os sintomas em dezembro. Um deles morreu no fim do m�s. � medida que o tempo passou, os casos come�aram a se espalhar rapidamente, at� atingir n�meros nunca antes vistos no estado. Mesmo com o aumento da cobertura vacinal em rela��o ao per�odo 2016/2017, centenas de pessoas foram acometidas pela doen�a.
Uma avalia��o est� sendo feita pela Sa�de estadual para tentar identificar fatores que levaram ao aumento no n�mero de mortes e � alta contamina��o da popula��o. O que j� foi comprovado � a diferen�a em �reas onde o v�rus circulou. “O que temos observado de diferen�a em rela��o ao per�odo anterior � a �rea de ocorr�ncia. Na temporada passada, a doen�a atingiu o Vale do A�o, Te�filo Otoni, e cidades menores no interior de Minas. Este ano, ao contr�rio, tivemos aproxima��o com grandes centros urbanos, como a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte e Juiz de Fora (Zona da Mata). Se somarmos a popula��o com casos confirmados, antes t�nhamos 2 milh�es de pessoas em risco. Em 2017/2018 s�o 7 milh�es, contingente muito maior. Provavelmente esse fator interferiu”, afirmou Marcela Lencine Ferraz, diretora de Vigil�ncia Ambiental da Secretaria de Estado da Sa�de.
O �litmo balan�o divulgado pela pasta de fato demonstra que cidades populosas apresentaram grande n�mero de casos. Munic�pios ligados �s regionais de Sa�de da capital e de Juiz de Fora seguem como os que mais apresentam moradores infectados pelo v�rus. Juiz de Fora e Mariana s�o os que apresentam n�meros de casos: 38 cada. A primeira cidade registrou 10 mortes e a segunda, sete. Nova Lima, na Grande BH, tamb�m teve 10 �bitos.
A maioria dos casos da doen�a registrados na temporada 2017/2018 acometeu homens, que representam 86,9% do total de pacientes. Apenas 13 mulheres morreram ap�s contrair a febre amarela, o que representa 7,8% dos casos fatais. A letalidade da virose est� em 34,9%.
Em rela��o � cobertura vacinal, a Sa�de estadual quer que as doses se aproximem da totalidade da popula��o mineira que n�o t�m restri��o para tomar a vacina. “Continuamos observando que h� circula��o do v�rus. A meta de 95% de imuniza��o � o m�nimo preconizado. O ideal � que todas as pessoas se vacinem, principalmente as mais expostas ao v�rus. Queremos chegar o mais pr�ximo de 100% de prote��o para o p�blico-alvo”, afirma Marcela Ferraz. O desafio � atingir, especialmente, homens dos 15 aos 59 anos, os que menos se vacinam e os mais afetados pela doen�a.
Na temporada atual foram registradas 11 notifica��es da doen�a em pessoas com hist�rico de vacina��o. Uma comiss�o, com participa��o do Minist�rio da Sa�de, levanta informa��es cl�nicas e epidemiol�gicas fundamentais para conclus�o das notifica��es. “A comiss�o est� reunindo informa��es. Os casos s�o investigados de maneira profunda, com exames laboratoriais complementares, por isso leva mais tempo”, afirmou a diretora estadual de Vigil�ncia Ambiental.

�REAS VERDES Aos poucos, �reas verdes que foram fechadas devido a circula��o do v�rus da febre amarela est�o sendo reabertas. Ontem, uma das quatro interditadas em Belo Horizonte voltou a receber visitantes ap�s quatro meses. A visita��o no Parque Aggeo Pio Sobrinho, no Bairro Buritis, na Regi�o Oeste, entretanto s� poder� ser feita mediante comprova��o da imuniza��o contra a doen�a. As pessoas devem apresentar cart�o de vacina��o original, indicando que a dose foi tomada pelo menos 10 dias antes da visita, al�m do documento de identidade.
Segundo Marcela Ferraz, a reabertura dos parques ser� avaliada por cada munic�pio. “Neste per�odo h� queda do n�mero de casos e epizootias (mortes de macacos) at� pelas caracter�sticas clim�ticas. Mas continua a recomenda��o no sistema de vigil�ncia de manter a aten��o para ver se o v�rus ainda circula nas �reas”, alertou. Seguem fechados em BH, os parques das Mangabeiras, da Serra do Curral e das �guas.
Palavra de especialista
Dirceu Greco, infectologista do Hospital das Cl�nicas da UFMG
Desafio � chegar aos rinc�es
“A alta nos n�meros de mortes por febre amarela refor�a a necessidade de as pessoas se vacinarem. O governo federal ampliou este ano a campanha de vacina��o, o que foi eficaz, mas o maior desafio � expandir a cobertura sobre as popula��es em situa��o de vulnerabilidade, que moram em regi�es afastadas e de mata. A situa��o � ainda mais alarmante quando se pensa na diminui��o do teto de gastos para a sa�de. Em um pa�s com mais de 207 milh�es de habitantes, restringir ainda mais os gastos com o setor representa um risco. Estamos em um per�odo em que precisamos nos concentrar na prote��o das popula��es em situa��o vulner�vel, e a redu��o de verba complica a solu��o do problema, porque reduz as chances de que os agentes de sa�de consigam chegar at� essas pessoas. Apesar disso, a alta cobertura vacinal em Minas indica que o problema foi enfrentado corretamente. A expectativa � de que haja redu��o dos casos.”