O movimento dos caminhoneiros em Minas Gerais, que come�ou nas estradas, entrou definitivamente na rotina urbana dos moradores de Belo Horizonte e regi�o metropolitana. Entre tantos servi�os prejudicados, pessoas que dependem do transporte p�blico come�am hoje a sentir diretamente os efeitos do movimento, j� que o quadro de hor�rios das viagens de �nibus da capital mineira ser� cortado em 50% fora dos hor�rios de pico, devido � escassez de combust�vel. Tanto o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) quanto a BHTrans confirmam que ser� dada prioridade aos hor�rios de maior movimento: in�cio da manh� e fim da tarde. Das 9h �s 16h e das 20h �s 23h59, por�m, ser� feita apenas a metade das viagens. E a situa��o pode se tornar cr�tica a partir do fim de semana, caso os protestos dos transportadores de carga se mantenham. Contagem vai operar com metade da frota fora do hor�rio de pico. Em Betim, a oferta no entrepico ser� equivalente � de s�bados. No interior, pelo menos tr�s cidades anunciaram ajustes no transporte coletivo: Vi�osa, Muria� e Manhua�u, todas na Zona da Mata. Tamb�m a Pol�cia Militar vai alterar sua estrat�gia para reduzir gastos com combust�veis.

Trata-se de consequ�ncia direta do terceiro dia consecutivo de protestos dos caminhoneiros nas principais estradas dos pa�s, com bloqueio de transporte de produtos e combust�veis. Os manifestantes reivindicam a redu��o da carga tribut�ria sobre o diesel e que seja zerada a al�quota de PIS/Pasep e Cofins e da Cide (Contribui��o de Interven��o no Dom�nio Econ�mico). Segundo a categoria, os impostos representam quase a metade do valor do diesel na refinaria.
Diante da situa��o, a BHTrans autorizou, a partir de hoje, a redu��o de viagens fora do hor�rio de maior movimento, na tentativa de prolongar a dura��o dos estoques nas empresas de transporte e preservar a opera��o normal no hor�rio de pico. Agentes de tr�nsito devem intensificar a fiscaliza��o para garantir o cumprimento do quadro de hor�rios estabelecido. Ser�o disponibilizados �nibus extras nas esta��es, para eventualidades. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), respons�vel pelo metr�, j� foi notificada sobre a redu��o do n�mero de viagens de �nibus.

GRANDE BH O Sintram, que representa as companhias que fazem o transporte metropolitano, servindo aos deslocamentos das cidades da Grande BH para a capital, tamb�m divulgou nota relatando o processo de desabastecimento e fez um alerta: “A situa��o � grave e pode comprometer os servi�os de transporte prestados � popula��o da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte”, diz nota da entidade. Embora n�o fale em percentuais, o sindicato informou que a partir de hoje o servi�o intermunicipal ter� viagens reduzidas e que h� risco de entrar em colapso no fim de semana.
REFLEXO AMPLIADO Enquanto o transporte p�blico lida com a amea�a de uma “pane seca”, as manifesta��es dos caminhoneiros come�aram ontem a chegar �s vias urbanas de BH. A primeira afetada, ainda pela manh�, foi o Anel Rodovi�rio. O protesto provocou congestionamento no local, depois que centenas de caminh�es ocuparam a faixa da direita da pista no sentido Rio de Janeiro, na altura do Km 543 da BR-040. O movimento teve ades�o de pequenos ve�culos de transporte e at� de motociclistas. A Pol�cia Militar Rodovi�ria conseguiu negociar a retirada dos ve�culos da �rea de Belo Horizonte. No fim da tarde, foi a vez de a manifesta��o chegar � Avenida Amazonas, que liga a capital a Contagem. Dezenas de caminh�es pararam em fila na via, pr�ximo � Avenida Silva Lobo, na Regi�o Oeste da capital. O protesto provocou longos congestionamentos. Mais de 50 ve�culos participaram do ato, segundo a BHTrans.
Motoristas que trafegavam pela Amazonas tiveram que ter paci�ncia. “O tr�nsito estava todo parado. Eram v�rios ve�culos, principalmente carregando ca�ambas. Os motoristas estavam em fila e buzinando, soltando fogos de artif�cio”, disse a funcion�ria p�blica Rita de C�ssia Duarte. “Acho que tem que fazer manifesta��o mesmo. � um absurdo o pre�o da gasolina. Tinha que haver ades�o de outros ve�culos”, defendeu.
Na MG-010, liga��o de BH com cidades do Vetor Norte, condutores de ve�culos escolares tamb�m participaram de uma carreata contra a alta dos combust�veis na manh� de ontem. Segundo a Pol�cia Militar Rodovi�ria, as vans seguiram em baixa velocidade pela rodovia em dire��o a Pedro Leopoldo e voltaram para a Cidade Administrativa, na Regi�o Norte de BH. Eles ocuparam uma faixa e n�o prejudicaram o tr�nsito.
POL�CIA MILITAR A paralisa��o dos caminhoneiros tamb�m afeta os servi�os da PM. Um memorando ao qual o Estado de Minas teve acesso foi publicado pela corpora��o ontem determinando a diminui��o dos deslocamentos com as viaturas para reduzir gastos com combust�veis. “Minimizar os deslocamentos mantendo as atividades ostensivas de preven��o, por meio de ponto base em locais em visibilidade. Suspens�o dos deslocamentos em viaturas administrativas, exceto nos casos em que esteja caracterizado o suporte essencial � atividade operacional. Que ocorra sistem�tico controle e monitoramento dos estoques de combust�vel”, diz no documento.
Por meio de nota, a PM confirmou que foi feita a recomenda��o, “fundamenta nas poss�veis consequ�ncias da greve dos caminhoneiros”. “A PM reafirma o compromisso de utilizar estrat�gias para manter a prote��o aos nossos cidad�os”, refor�a o texto. * Estagi�rio sob supervis�o do editor Roney Garcia
Veja como fica o quadro de hor�rios dos coletivos em BH a partir de hoje
Da 0h �s 9h
Quadro normal
Das 9h �s 16h
Redu��o de 50% no n�mero de viagens
Das 16h �s 20h
Quadro normal
Das 20h �s 24h
Redu��o de 50% do n�mero de viagens
Fonte: BHTrans
N�meros de ve�culos
2.862�nibus que circularam em Belo Horizonte
693.065
viagens s�o feitas no m�s
13.485.335
quil�metros percorridos no m�s
200 mil
litros de diesel utilizados por dia
1,4 milh�o
de pessoas, entre moradores e visitantes, usam o servi�o por dia �til
32.975.632
usu�rios por m�s (um passageiro, se faz quatro viagens por dia, corresponde a quatro usu�rios)
Fonte: SetraBH