Risco de desabastecimento de �gua. Suspens�o da coleta de lixo. Falta de materiais nos hospitais. Postos sem gasolina e �lcool. Escolas, universidades e faculdades sem aula. Parques e zool�gicos fechados. Esses s�o alguns dos servi�os p�blicos prejudicados em Minas Gerais devido aos protestos de caminhoneiros contra a alta no pre�o dos combust�veis. Na lista que aumenta a cada dia, a mobilidade urbana tamb�m � atingida, e quem sofre � a popula��o. Ontem, em uma sexta-feira de caos, os �nibus circularam com quadro de hor�rio de domingo, fazendo viagens com intervalos maiores e com menos ve�culos rodando. O resultado foram longas filas em pontos de coletivos e nas esta��es do Move, muita revolta e protestos. Pneus foram queimados e a Esta��o Pampulha chegou a ficar fechada pelos manifestantes. Hoje, a BHTrans anuncia que manter� o esquema de circula��o com metade dos �nibus, o que serve de alerta para os usu�rios.

Logo nas primeiras horas da manh� de ontem j� era poss�vel perceber que o dia n�o seria f�cil para os moradores da capital mineira e cidades da regi�o metropolitana. Com os pontos lotados, alguns coletivos passavam sem parar, o que deixou passageiros indignados. Na Esta��o BHBus Pampulha, a revolta se transformou em protesto quando centenas de pessoas se uniram e atearam fogo a materiais inflam�veis nas pistas de entrada e sa�da dos coletivos. O servi�o ficou paralisado, o que provocou a interven��o da Pol�cia Militar, aumentando a tens�o ainda mais. A circula��o foi liberada depois de alguns minutos. Com metade dos �nibus e menos ve�culos rodando nas ruas da cidade, devido � dificuldade de abastecer, o tr�nsito somente ficou retido nos locais onde ocorreram protestos.
Revolta tamb�m por parte dos motoristas de vans do transporte escolar. Grupos fizeram carreatas com buzina�o e exibiram bandeiras contra o aumento dos combust�veis e dos impostos, complicando o tr�fego no hor�rio do almo�o. Em uma das manifesta��es, a categoria passou pela Avenida Amazonas, pelo cruzamento com a Avenida do Contorno e, em seguida, pela Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul de BH. Transportadores sustentam que a partir de segunda-feira se torna invi�vel colocar os ve�culos na rua, o que pode comprometer o funcionamento de mais escolas.
Motoristas sustentam que a paralisa��o das vans � inevit�vel. “Temos que protestar mesmo, ningu�m aguenta mais esse governo. Segunda-feira j� n�o tenho gasolina para rodar. N�o temos condi��o de pagar o pre�o do combust�vel nos poucos postos dispon�veis. E como a gente faz? A gente deve aumentar a mensalidade para os pais?”, questionou o condutor Edson Dantas, de 43 anos. O colega Edmar Louren�o, de 47, contou que em 14 anos de profiss�o nunca enfrentou quadro t�o delicado: “Nunca vi a situa��o t�o dif�cil. Temos que protestar, pois eu quero o melhor para mim e para toda a classe”.
O Sindicato dos Transportadores de Escolares (Sintesc-MG) esclareceu que tem “conhecimento e classifica como plenamente leg�tima a ocorr�ncia de manifesta��es aut�nomas de transportadores escolares descontentes com a alta dos combust�veis”. Hoje ocorre na sede do sindicato reuni�o com representantes, entidades e cooperativas de transporte escolar para definir o posicionamento ou medidas que ser�o adotadas em rela��o aos protestos contra o aumento do diesel. “Trabalhamos com a hip�tese de organizar uma manifesta��o pac�fica de apoio aos caminhoneiros, conjugada com a arrecada��o de �gua e alimentos para a distribui��o nos pontos de concentra��o nas rodovias”, destacou a entidade.
A educa��o superior tamb�m sofre com os protestos. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a PUC Minas entraram para a lista de institui��es de ensino que mudaram sua rotina devido � paralisa��o dos caminhoneiros. As atividades acad�micas e administrativas est�o suspensas nas duas institui��es desde ontem.
Em nota, a UFMG comunicou a suspens�o: “A reitora Sandra Goulart Almeida afirma que a administra��o central continuar� acompanhando os acontecimentos para outras delibera��es sobre a manuten��o das atividades”. A Pr�-Reitoria de Recursos Humanos determinou o abono de eventuais aus�ncias de servidores t�cnico-administrativos. A Assessoria de imprensa da PUC Minas informou que as atividades acad�micas e administrativas foram suspensas ontem � noite, situa��o que deve se manter pelo menos at� hoje. Na segunda-feira, a previs�o inicial � de que os servi�os sejam normalizados.

Bloqueio, fogo e furtos na BR-040
Na BR-040, na altura de Ribeir�o das Neves, na Grande BH, atos de moradores terminaram com carca�as de carros incendiadas, bloqueios de tr�nsito, den�ncias de assaltos a motoristas, interven��o da Pol�cia Militar e confus�o. Devido aos protestos que ocorreram em dois pontos, no km 511, no Bairro Liberdade, e no km 517, perto do trevo de Neves, o tr�nsito na 040, entre Belo Horizonte e Sete Lagoas, ficou congestionado desde a manh�, quando dezenas de pessoas fecharam pontos da rodovia.
A Tropa de Choque da PM tentou negociar com os manifestantes, sem sucesso. Logo em seguida, militares usaram bombas de g�s lacrimog�neo e de efeito moral para dispersar a multid�o. A corpora��o sustentou que os manifestantes n�o tinham liga��o com os protestos dos caminhoneiros e informou que furtos foram registrados durante os atos. Sete pessoas foram detidas. Entretanto, de acordo com moradores das vizinhan�as, que n�o quiseram ser identificados, o protesto aconteceu em apoio aos transportadores de carga.
Durante a manifesta��o, v�deos foram feitos pelos pr�prios moradores. Nas imagens, alguns manifestantes aparecem depredando �nibus e jogando pedras em viaturas da PM. “N�o permitiremos dist�rbios sociais e civis, n�o permitiremos balb�rdias nem aproveitadores que acabam entrando no direito de manifesta��o de outros”, informou o porta voz da PM, major Fl�vio Santiago.
*Estagi�rio sob supervis�o do editor Roney Garcia