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Estado de Minas

Explora��o descontrolada das �guas subterr�neas � nova amea�a ao Rio S�o Francisco

O problema atinge o aqu�fero Urucuia, um dos principais respons�veis pelo volume de �gua do Velho Chico


postado em 05/06/2018 06:00 / atualizado em 05/06/2018 08:42

Retirada das matas ciliares e assoreamento em diversos pontos deixam a paisagem desolada, além de ser sinal de que o rio pede socorro (foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press - 20/8/17)
Retirada das matas ciliares e assoreamento em diversos pontos deixam a paisagem desolada, al�m de ser sinal de que o rio pede socorro (foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press - 20/8/17)

ARACAJU (SE) – Al�m das formas de degrada��o, como a retirada de matas ciliares e o assoreamento, o Rio S�o Francisco sofre efeitos de uma “a��o invis�vel” e que acaba com as nascentes e provoca a dr�stica redu��o do seu volume: a explora��o descontrolada de �guas subterr�neas na bacia, por meio da abertura de po�os tubulares, que abastecem lavouras irrigadas. O problema atinge o aqu�fero Urucuia, um dos principais respons�veis pelo volume de �gua do Velho Chico. A amea�a foi relatada pelo presidente do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio S�o Francisco (CBHSF), Anivaldo de Miranda Pinto, durante o II Simp�sio da Bacia Hidrogr�fica do Rio S�o Francisco, em Aracaju (SE), �s v�speras do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado hoje.

Aberto domingo � noite, o evento – promovido pelo CBHSF em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFSE) – prossegue at� amanh�, reunindo especialistas, professores e pesquisadores de universidades, com o objetivo de discutir e apresentar estudos voltados para as solu��es dos problemas ambientais ao longo da bacia, que nasce na Serra da Canastra, no Centro-Oeste de Minas Gerais, e percorre 2.800 quil�metros at� chegar ao Oceano Atl�ntico, atingido uma popula��o de 18 milh�es de pessoas, moradoras de 505 munic�pios de seis estados (MG, BA, GO, SE, PE, e AL) e do Distrito Federal. O tema central do encontro � “Desafios da Ci�ncia para um novo Velho Chico”. Domingo, dia 3, foi o Dia Nacional de Defesa do Rio S�o Francisco e tamb�m foi lan�ada na capital sergipana a campanha de mobiliza��o comunit�ria “Eu viro carranca para defender o Velho Chico”.

O aqu�fero Urucuia est� localizado no Cerrado, numa �rea total de 120 quil�metros quadrados, da qual entre 75 e 80% se concentra no Oeste da Bahia, com de trechos nos estados do Tocantins, Goi�s, Piau�, Maranh�o e Noroeste de Minas. O Urucuia tem import�ncia na regulariza��o da vaz�o dos rios que nascem na regi�o e que correm na dire��o do Velho Chico, sendo fundamentais para o abastecimento de cidades.

De acordo com Anivaldo Miranda, devido a “explora��o desordenada de �guas subterr�neas”, houve uma queda acentuada do chamado “escoamento de base da vaz�o do Rio S�o Francisco, ou seja, do volume de �gua que surge das nascentes e garante a manuten��o do n�vel do rio no per�odo da seca – de abril a outubro. Ele disse que a quest�o ainda depende de estudos, mas h� indicativos de que o “escoamento de base” do Velho Chico sofreu uma redu��o, medida a partir do reservat�rio da Usina Hidrel�trica de Sobradinho (BA), que pode ter uma grande varia��o. “Alguns especialistas falam que a queda foi de 100 metros c�bicos (m3) por segundo. Outros afirmam que foi de 400 m3 por segundo, considerando todo os afluentes da bacia”, assinala.

O presidente do CBHSF afirma ainda que a bacia do Rio S�o Francisco sofre as consequ�ncias da explora��o de �guas subterr�neas para a expans�o da fronteira agr�cola na regi�o do aqu�fero Urucuia, especialmente no Oeste da Bahia, onde avan�am as planta��es irrigadas de soja, milho, feij�o e outras culturas. “N�o temos nada contra (o agroneg�cio). � necess�rio ampliar a produ��o agr�cola, mas precisa ser feito de maneira sustent�vel. A press�o sob o aqu�fero est� preocupando todo mundo”, alerta.

ESTUDOS CIENT�FICOS Miranda lembra que a explora��o exagerada de �guas do subsolo � um problema complexo, pois o levantamento de informa��es e as medias de controle dependem de estudos cient�ficos. “Em rela��o �s �guas superficiais, podemos medir as vaz�es existentes. Dentro do plano de gest�o de qualquer bacia, podermos detectar o potencial de �guas da superf�cie. Mas no aqu�fero n�o tem possibilidade de aferir isso (a quantidade de �gua dispon�vel visualmente)”, frisou. Outro fator complicador � a abertura de po�os tubulares clandestinos, cujo combate depende do refor�o da fiscaliza��o dos �rg�os ambientais.

Ele informou que j� est�o em andamento pesquisas para avaliar o impacto da explora��o de �guas subterr�neas para a agricultura irrigada, bem como sobre a redu��o do len�ol fre�tico e os reflexos para a Bacia do Velho Chico. Segundo Miranda, foram iniciados estudos pela Ag�ncia Nacional de �guas (ANA). A pedido da Associa��o dos Irrigantes do Oeste da Bahia, a quest�o tamb�m � objeto de estudos da Universidade Federal de Vi�osa (UV) e de uma institui��o estrangeira. Al�m disso, o CBHSF pretende contratar levantamentos a respeito da situa��o.

“A ANA vem fazendo estudos em profundidade, que ainda est�o em andamento. Ainda n�o existem afirma��es conclusivas. Mas, h� evid�ncias concretas de que a vaz�o do escoamento de base (nascentes do Rio S�o Francisco) est� em processo decl�nio”, observa o presidente do CBHSF. “Esse � um assunto que s� a ci�ncia pode resolver, para nos dizer que exatamente est� acontecendo de fato. As universidades podem nos ajudar com pesquisas, que venham contribuir para que seja estabelecido o uso equilibrado das �guas subterr�neas.” *O rep�rter viajou a convite do Comit� da  Bacia Hidrogr�fica do Rio S�o Francisco (CBHSF)

Problema em outras regi�es


Anivaldo de Miranda Pinto, presidente do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio S�o Francisco, salienta que o problema da retirada descontrola de �gua do subsolo afeta outras �reas do rio. Uma delas � a regi�o do aqu�fero Bambu�, que vai do Cerrado ao semi�rido, sobretudo, no Norte do estados. Sua �rea natural de recarga alcan�a uma superf�cie de mais de 180 mil quil�metros quadrados em Minas, Bahia, Goi�s e Tocantins. O presidente do CBHSF disse tamb�m que a abertura descontrolada de po�os tubulares atinge duramente o Rio Grande, um dos principais afluentes da bacia, que nasce na cidade de Bocaiuva e des�gua no S�o Francisco no trecho do munic�pio de Malhada (BA). “Em fun��o da superexplora��o de �guas subterr�neas na regi�o, o Verde Grande vem dando sinais de crise”, ressalta o ambientalista. Em 2017, Verde Grande ficou totalmente seco, no trecho a partir do munic�pio de Ja�ba, no Norte do estado.

Ainda segundo o presidente do CBHSF, no munic�pio de Lap�o, no interior da Bahia, regi�o do Rio Jacar� – t�mb�m na bacia do Velho Chico –, os efeitos da explora��o desenfreada de �guas subterr�neas s�o t�o severos que, diante do rebaixamento do len�ol fre�tico, as consequ�ncias est�o sendo sentidas na superf�cie, com o surgimento de fendas no ch�o e rachaduras nas paredes das casas, al�m do desaparecimento de nascentes. O Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Velho Chico, em parceria com a Prefeitura de Lap�o, vai encomendar estudo geol�gico da regi�o, para avaliar o fen�meno.


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