(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Umeis de BH ter�o aulas hoje ap�s tr�gua na maior greve da hist�ria do ensino infantil

Depois de 51 dias de greve, professores das Umeis de BH decidem voltar �s salas para retomar as negocia��es. Nova assembleia, amanh�, avalia se retorno ser� definitivo


postado em 13/06/2018 06:00 / atualizado em 13/06/2018 07:43

Representantes da categoria aprovaram trégua ontem, diante da sede da PBH (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Representantes da categoria aprovaram tr�gua ontem, diante da sede da PBH (foto: T�lio Santos/EM/DA Press)

A maior greve da hist�ria do ensino infantil e uma das mais longas do fundamental na rede p�blica de Belo Horizonte tem hoje um dia decisivo. � mesa, prefeitura, Minist�rio P�blico de Minas Gerais e professores se re�nem para tentar um acordo e, definitivamente, p�r fim � paralisa��o. Ontem, quando as educadoras completaram 51 dias de bra�os cruzados, a categoria decidiu em assembleia feita na porta da sede da PBH dar uma tr�gua na busca de uma concilia��o. O movimento foi suspenso por um dia, bem como o acampamento, organizado h� 20 dias em plena Avenida Afonso Pena, no cora��o da capital. Amanh�, em nova assembleia, os servidores definem se aceitam a proposta que deve sair do encontro de hoje.


Nesta quarta haver� aulas normalmente nas Unidades Municipais de Educa��o Infantil (Umeis). A suspens�o ocorre em meio a corte do ponto das professoras, que sofreram o baque j� com o sal�rio de abril, e preocupa��o com a reposi��o dos dias parados. A conjuntura resultou em redu��o na quantidade de grevistas: ontem, balan�o do Sindicato dos Trabalhadores em Educa��o da Rede P�blica Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede) dava conta de 30% das turmas paradas. J� segundo a prefeitura, 80% dos servidores do setor estavam trabalhando normalmente.


H� oito dias, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) declarou encerradas as negocia��es, ao anunciar que retiraria a proposta feita � categoria caso n�o houvesse volta �s aulas. Ontem, o l�der do prefeito na C�mara, vereador L�o Burgu�s, anunciou que os professores que voltarem �s salas de aula at� sexta n�o ter�o o ponto cortado – sob a condi��o de que as aulas perdidas sejam repostas. E mais: o compromisso assumido pelo prefeito de que se reuniria com a categoria em menos de 24 horas depois do retorno ao trabalho.


Diante do aceno, as professoras optaram pela suspens�o, em assembleia tensa e de resultado dif�cil de prever, j� que a categoria se mostrava dividida. Enquanto algumas pediam um voto de confian�a, outras invocavam o direito constitucional de negociar ainda em greve. Outro ponto discutido foi a reposi��o. “Com o corte dos dias parados de abril, que representa um ter�o do sal�rio, podemos optar por n�o repor. Se, por outro lado, a prefeitura pagar esses dias e n�o trabalharmos, teremos de devolver o dinheiro, descontando paulatinamente no sal�rio referente aos dias n�o repostos”, entende a professora Tha�s Tavares Lacerda, da Umei S�o Gabriel, no bairro hom�nimo, na Regi�o Nordeste da capital, integrante do comando de greve.


Al�m de aumento salarial, a categoria reivindica a equipara��o salarial dos professores do ensino infantil que t�m forma��o em n�vel superior com os do ensino fundamental. Atualmente, o sal�rio bruto da educa��o infantil � de R$ 1.451,93 e o do n�vel fundamental, de R$ 2,2 mil. Para quem se ocupa dos estudantes at� 6 anos, a PBH exige em concurso forma��o de n�vel m�dio, enquanto para as crian�as a partir dessa idade � exigido curso superior.


No Plano Nacional de Educa��o (PNE), aprovado em 2014, a meta de n�mero 17 estabelece a valoriza��o dos profissionais do magist�rio das redes p�blicas de educa��o b�sica, de forma a equiparar seu rendimento m�dio ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente, at� 2020. Pelas contas da prefeitura, 70% das professoras do infantil s�o graduadas. No munic�pio, a carreira de professor tem 24 n�veis, sendo o 1º para quem inicia na educa��o infantil e o 10º para quem come�a no ensino fundamental. A partir disso, as mudan�as v�o ocorrendo conforme tempo de servi�o e n�veis de forma��o.


Na �ltima proposta, a PBH chegou a sinalizar com at� 20% de reajuste, o que significaria passar automaticamente servidores do n�vel 1 para o 4, al�m de retomar na C�mara Municipal a tramita��o do substitutivo ao Projeto de Lei 442, que estabelece as mudan�as, mas apenas caso a greve fosse encerrada. A proposta n�o foi aceita, sob argumento de que os 20% n�o contemplariam todos os professores, e que, na pr�tica, o reajuste seria inferior a dois d�gitos na maioria dos casos. O sindicato alega ainda que a proposta n�o resolve a quest�o, que � a equipara��o.


A Secretaria Municipal de Educa��o foi procurada para se manifestar sobre as negocia��es, mas n�o retornou os contatos.

AS GREVES MAIS LONGAS DA EDUCA��O EM BH

» Educa��o infantil
2012 – 45 dias
2018 – 51 dias (at� ontem)

» Ensino fundamental
2001 – 56 dias

20 dias sem �gua e encarando o frio


No mais longo protesto desse tipo no Centro de BH, professoras acamparam por quase três semanas na Avenida Afonso Pena (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
No mais longo protesto desse tipo no Centro de BH, professoras acamparam por quase tr�s semanas na Avenida Afonso Pena (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)

Do g�s lacrimog�nio e �gua do primeiro dia at� ontem, foram 20 dias no acampamento montado em plena avenida Afonsso Pena, o mais longo da hist�ria das greves na capital. Durante esse tempo, professoras revezam-se em 13 barracas, usando uma cozinha improvisada, banheiros qu�micos e recebendo doa��o de mantimentos.


Cerca de 100 pessoas fizeram turnos nas barracas. Bem-humoradas, contam que a inten��o era estar sempre a postos, caso o prefeito decidisse receb�-las. Dois seguran�as ficavam � noite e um durante o dia. A pr�tica da sala de aula foi levada para a rua, para que as pessoas pudessem ver um pouco do trabalho feito com as crian�as. At� filhos de educadoras entraram na onda e tamb�m participaram do camping em plena �rea central, espalhando brinquedos pelas barracas.


Questionada sobre os perigos,  a professora Tha�s Tavares Lacerda, da Umei S�o Gabriel, no bairro hom�nimo, na Regi�o Nordeste da capital, n�o titubeou: “As mulheres que est�o aqui s�o mais guerreiras e fortes que muitos homens”. Se sobrava comida, moradores de rua eram servidos. Dif�cil foi enfrentar o frio – embora a lona colocada embaixo das barracas cumprisse um papel t�rmico – e a falta de �gua corrente.


Professora na Umei Vila Maria, no Bairro Jardim Vit�ria, tamb�m na Regi�o Nordeste, Suely Regina Silva Santos, de 51, trabalha h� tr�s anos na educa��o infantil e h� 16 na rede municipal. Antes, foi auxiliar de biblioteca. Ela dormiu no acampamento na ter�a-feira da semana passada. “Foi muito tranquilo, porque meus filhos me conhecem nessa luta h� muito tempo. Sempre estive nos movimentos, lutando por condi��es melhores de trabalho, desde os tempos de biblioteca”, afirma. Ela relata que a noite n�o teve sustos. “Em outra greve, voltei para casa �s 2h30. N�o consegui dormir. Nesta foi tranquilo.”


Suely diz que gostaria de completar 20 anos de rede municipal sem abrir m�o de direitos trabalhistas. “Hoje, somos s� 30% paradas, e quem desistiu teve seus motivos, que devem ser respeitados. Mas, se f�ssemos os 85% de antes, essa greve j� teria acabado. A prefeitura adotou a estrat�gia de nos cansar”, avaliou.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)