A mineira Alinne Parreira, de 27 anos, que ganhou notoriedade ao ser convidada a proferir uma palestra sobre sua hist�ria de supera��o para professores doutores da Universidade da Cidade de Nova York, nos Estados Unidos, sexta-feira passada, n�o conseguiu barrar o preconceito de pessoas do pr�prio pa�s. V�tima de ataques racistas na internet, ela pr�pria denunciou a situa��o, divulgando em redes sociais uma nota de rep�dio em que manifesta sua indigna��o contra as mensagens ofensivas.
Nascida de pais pobres em Manga, �s margens do Rio S�o Francisco, no Norte de Minas, Alline, que � negra, passou por duas fam�lias adotivas. Logo cedo aprendeu a lutar contra o racismo e o preconceito, al�m de superar os obst�culos da vida. Como ela mesmo relata, para sobreviver, j� catou latinhas e vendeu cigarros e velas em porta de cemit�rio. Com 18 anos, deixou a cidade natal e morou em Bras�lia e em outras cidades brasileiras. Tamb�m viveu uma experi�ncia na �frica. H� dois anos, mudou-se para Nova York, onde trabalha como faxineira.
De acordo com Alinne, os ataques partiram de integrantes de um grupo intitulado “Brasileiros em Nova York”, que postou mensagens discriminat�rias e agressivas. “O racismo � causa de viol�ncia, exclus�o, discrimina��o, al�m do exterm�nio da juventude negra. As mulheres negras sofrem duplamente o preconceito causador do �dio da burguesia contra as que ocupam posi��es de ativista, como � o meu caso”, escreveu a mineira, que tamb�m recebeu mensagens de apoio. “Tenho claro que a principal ferramenta para superar o racismo � a partir do empoderamento que ocorre por meio da resist�ncia negra, reconhecimento de sua hist�ria, mem�rias, ra�zes e identidade. Meu cabelo n�o � ‘balaio’, ele � minha identidade, minha ancestralidade, ele cresce pra cima porque tem ra�zes e vai crescer pra onde quiser”, disse, em refer�ncia a uma das ofensas que recebeu.
“Fiz a nota de rep�dio, porque pessoas como eu, que recebem esses ataques, precisam saber como reagir a esse tipo de agress�o”, afirmou Alinne. Ainda na publica��o, ela solicita �s pessoas que souberem de outros coment�rios racistas que lhe comuniquem pela internet, “para que todas as provid�ncias legais sejam tomadas”.