“A gente balan�a um pouco, mas pensa em um bem maior que � salvar uma vida. Ent�o, deixamos o medo de lado e vamos em frente.” A frase do soldado Michel da Silva Cruz, lotado no 9º Batalh�o do Corpo de Bombeiros de Pouso Alegre, no Sul de Minas, expressa a responsabilidade de cumprir uma das atividades do curso de salvamento, que na manh� desta ter�a-feira representou um desafio gigante em Belo Horizonte. Bombeiros que buscam especializa��o em ocorr�ncias envolvendo grandes alturas atravessaram um percurso entre dois pr�dios do Hipercentro de BH em um cabo erguido a 90 metros do ch�o. Al�m disso, os militares fizeram tamb�m um rapel do pr�dio do Hotel Othon Palace. Tudo isso com o objetivo de treinar procedimentos que podem ser usados para resgatar v�timas quando as sa�das de emerg�ncia de grandes edif�cios estiverem interrompidas ou elas estejam presas do lado de fora.
“� a primeira vez que fa�o uma travessia nessa altura. A sensa��o � muito boa porque completar a atividade traz o sentimento de dever cumprido”, diz o soldado Michel Cruz. Ele atravessou os edif�cios Helena Passig, cuja entrada fica na Rua Rio de Janeiro, e Ant�nio Braga, na Avenida Afonso Pena, preso apenas em um cabo erguido a 90 metros de altura. Cada pr�dio est� de um lado da Afonso Pena, bem na Pra�a Sete, no cora��o da cidade. Segundo o capit�o Rafael Neves Cosendey, coordenador do curso de salvamento em altura dos bombeiros, a travessia faz parte das atividades para especializa��o nesse tipo de resgate, principalmente quando h� v�timas. Participaram do treinamento 23 alunos e 13 instrutores.
“Esse � um treinamento do tipo rota de fuga que seria uma possibilidade de evacua��o de v�timas caso as sa�das de emerg�ncia estivessem interrompidas por um inc�ndio ou desabamento”, explica o militar. Esse procedimento chegou a ser pensado para a atua��o dos bombeiros paulistas no caso do pr�dio que pegou fogo recentemente no Centro de S�o Paulo, mas como a estrutura desabou, n�o foi poss�vel usar o m�todo. O capit�o explica que o militar que faz a travessia fica preso ao cabo suspenso com equipamentos de prote��o individual como mosquet�es e cadeiras presas �s pernas e ao tronco dos alunos. O sistema permite, inclusive, transportar v�timas inconscientes posicionadas em macas, caso seja necess�rio. “Os equipamentos usados s�o reconhecidos e homologados com padr�es internacionais voltados para a seguran�a da atividade de altura”, diz o capit�o.

O curso de salvamento prev� tamb�m um m�dulo de descidas de rapel, outra forma de resgate de v�timas. As descidas foram feitas do pr�dio do Hotel Othon Palace, no Centro de BH, que tem 25 andares. O sargento M�rcio Soares explica que, nessa possibilidade, h� v�rios perfis de v�timas que podem ser resgatadas: “Tentativas de suic�dio, pessoas que ficam presas na parte externa da edifica��o, normalmente faxineiras ou outras que mexem com limpeza e com obras”. O sargento lembra que quem controla o rapel � o militar que faz a descida, mas um bombeiro fica na parte de baixo de sobreaviso. “Se der alguma pane ou ele sentir um mal s�bito e soltar a corda, n�s simplesmente travamos a corda e o bombeiro para l� em cima”, explica. O cabo Felipe Carvalho diz que n�o sente medo na descida, mas sim emo��o, pois j� � experimentado nessa pr�tica. “Uma mo�a estava limpando uma janela do lado de fora (do pr�dio) e ficou um pouco agarrada. A gente desceu de rapel, colocou uma cadeirinha e terminou de desc�-la”, afirma.