
Muitos nem eram nascidos quando a febre mundial do futebol tomou conta do Brasil, em 2014, ano em que o pa�s foi sede do maior evento esportivo da modalidade. Outros, ainda beb�s, se agarravam aos pais em cangurus, no colo ou ainda estavam a bordo do carrinho. Passados quatro anos, dribles, passes e roubadas de bola se tornaram, de repente, um grande evento para a gera��o que vive sua primeira Copa. Acostumados a tocar a bola entre colegas da escolinha e a ver, no m�ximo, a atua��o de clubes brasileiros, pequenos jogadores come�aram a entender agora que o futebol mobiliza todo o planeta. Re�ne pa�ses, � capaz de parar uma na��o inteira em frente da televis�o e, de tempos em tempos, se transforma em um espet�culo capaz de mobilizar torcedores de todos os continentes. Para esses estreantes no planeta bola, o Mundial n�o � apenas uma competi��o: � uma verdadeira descoberta. Nela, as aulas ganharam significado diferente, ficaram mais concretas e o esp�rito esportivo t�o lembrado pelo professor passou a fazer sentido.
O treino parece at� brincadeira. Mas, para os atletas com idades entre 3 e 6 anos da Escola Infantil Galileo Galilei, no Bairro Funcion�rios, Centro-Sul de Belo Horizonte, � coisa s�ria. E ai de quem disser o contr�rio. Os meninos est�o craques na bola e no tema Copa do Mundo. Tudo sob os ensinamentos do professor de educa��o f�sica Peter Voll Mayer, que mant�m, depois do hor�rio de aula, a escolinha de futebol para crian�as do maternal, 1º e 2º per�odos que querem se iniciar no esporte.

A din�mica envolve sempre um treino t�cnico, seguido de um ou mais jogos. Segundo o professor, o objetivo � estimular o desenvolvimento t�cnico e o aprimoramento f�sico, em pontos como coordena��o, ritmo, equil�brio, for�a, agilidade, velocidade, flexibilidade, precis�o e resist�ncia. “As aulas trabalham ainda o esp�rito esportivo, a disciplina, socializa��o e contribuem com valores �ticos e morais na forma��o das crian�as”, diz. Claro que o Mundial acaba auxiliando nessa compreens�o.

� o caso do garoto Lucas Andrade Vasconcelos Novais, de 6 anos, que nem tem a mem�ria do fat�dico 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil. Na �poca, tinha apenas 2 aninhos. Mas agora, em poucos minutos, � capaz de p�r o mais alheio a futebol a par de tudo o que ocorre h� 22 dias. N�o � para menos: aluno do 2º per�odo, vai a campo com o pai para ver as partidas do time mineiro de cora��o e faz do �lbum de figurinhas da Copa algo s�rio.

No Mundial de 2014, Pedro Ramos Brand�o, de 4 anos, tinha poucos meses. Hoje, com o irm�o Artur, � um dos melhores na quadra da escola. Para ele, a Copa � algo que est� sendo desvendado pouco a pouco. Ele diz que est� adorando e gosta mais da Sele��o Brasileira, mas quando perguntado sobre o melhor em campo at� agora, vai longe: “Paris Saint-Germain”.

Fim de papo. Apito do t�cnico, hora de ir para o jogo. Antes, momento de confabular. Abra�ados e em c�rculo, como os jogadores profissionais, combinam as estrat�gias. Quem est� do lado de fora tentando entender, ouve apenas murm�rios. Bola rola. Alguns chutes fortes a gol, outros nem tanto. Suam a camisa. A preferida, nesses tempos de tantas sele��es por a�, � a verde-amarela. Alguns homenageiam times de fora, como Fran�a e Su�cia. E, assim como deve ser na Copa, se entendem perfeitamente, numa mistura de diferen�as, respeito e amizade.