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Estado de Minas

Colecionadores e designer analisam uniformes da Copa do Mundo

Pe�as que apresentam design e tecnologia marcam origens e s�o desejos que pesam no bolso dos apaixonados pelo esporte mais popular do mundo


postado em 05/07/2018 06:00 / atualizado em 05/07/2018 14:11

Marinho Monteiro precisou reservar um cômodo apenas para receber o acervo, que já chegou a 600 camisas(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS)
Marinho Monteiro precisou reservar um c�modo apenas para receber o acervo, que j� chegou a 600 camisas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS)
Trinta e duas sele��es, 64 jogos e craques (alguns nem tanto) desfilando futebol de categoria (nem sempre) em uniformes com design e tecnologia. A moda que desfila nos gramados da R�ssia exibe camisas bonitas, algumas de gosto duvidoso, outras cl�ssicas, mas certo � que os apaixonados pelo esporte prestam aten��o a cada detalhe, em tudo o que envolve o manto sagrado dos selecionados para a maior disputa do mundo da bola. Para quem coleciona camisas, ent�o, o desejo de mais uma pe�a torna-se irresist�vel, ainda que os pre�os assustem. A camisa oficial de jogo do Brasil, por exemplo, supera os R$ 400 no com�rcio. Agora, al�m da briga pela ta�a, os comandados de Tite e as sele��es de B�lgica, Uruguai, Fran�a, Su�cia, Inglaterra, R�ssia e Cro�cia entram em outra batalha, esta silenciosa: a disputa pela prefer�ncia dos colecionadores.


A camisa, objeto de maior cobi�a, geralmente carrega as cores que definem o pa�s de origem. Reflete a bandeira e a hist�ria. As fornecedoras do material desenvolvem o uniforme principal e o reserva, que, muitas vezes, tem estilo mais ousado, o que, no futebol, provoca discuss�es acaloradas contra e a favor. N�o entre colecionadores, j� que o inusitado carrega o diferencial de uma cole��o.


O servidor p�blico Marinho Monteiro, torcedor do Am�rica, come�ou sua cole��o na Copa de 1990, na It�lia, quando a Alemanha se sagrou tricampe�. Em 2008, o acervo j� chegava a 600 camisas. “Ganhei as primeiras de uma tia, dos times da Internazionale e do Ajax, o que me despertou o imagin�rio. O interesse aumentou e o levei para livros, fotos e p�steres. Tenho um c�modo na minha casa s� para as cole��es. No entanto, com a maturidade de colecionador, o foco e os crit�rios mudam. Hoje, reduzi � metade as camisas, mas todas t�m um grau maior de raridade e especificidade. Deixei de comprar em loja e s� tenho as usadas por jogadores.”


Das sele��es que continuam na disputa na R�ssia, Marinho tem camisas do Brasil e da Inglaterra – al�m de Argentina e Alemanha, que j� voltaram para casa –, sem contar as de clubes ingleses e sul-americanos. “Com 28 anos de experi�ncia, com comunidade de amigos e conhecidos, tenho interc�mbio para conseguir camisas especiais, at� via Ebay (empresa americana de com�rcio eletr�nico).” O americano ainda n�o tem modelo de 2018, mas sabe cada detalhe dos uniformes na Copa. “O material esportivo encontra a tecnologia do tecido e a evolu��o � enorme. Do algod�o, passou para o poli�ster e agora � o elastano, com outros componentes espec�ficos de cada marca”, explica.


As estrat�gias tamb�m variam de acordo com o fornecedor. “A Adidas, por exemplo, decidiu reeditar modelos da Copa de 1990 e da Copa Am�rica de 1993, com vi�s mercadol�gico que instiga o interesse, ao trazer a mem�ria afetiva relacionada �s conquistas. S�o os modelos da Alemanha e da Argentina, por exemplo. O dos alem�es faz refer�ncia ao t�tulo de 1990, o primeiro depois da reunifica��o. O dos hermanos tem rela��o com a �ltima grande conquista. S�o modelos da linha original, com perspectiva mais moderna e high-tech”, conta Marinho.


Para ele, as sele��es que vestem modelos da Nike usam as mais simples, cl�ssicas e com o mesmo padr�o. “A est�tica � a mesma, variando s� a cor e o distintivo. Se n�o interessa tanto ao colecionador, mercadologicamente � interessante pela produ��o em s�rie, alta capilaridade e poder de venda.” J� a Umbro, destaca, sempre prioriza a hist�ria. “Por anos vestiu a Inglaterra e, como marca brit�nica, privilegia a camisa que carrega tradi��o e aposta na beleza do simples.” Na R�ssia, a marca vestiu a Sele��o Peruana.

Marinho destaca que a camisa de uma sele��o representa a cultura de um povo e a linhagem hist�rica.

“Carrega a origem de forma simples, n�o beligerante, ao expor a disputa entre na��es n�o s� pela hegemonia no esporte, mas pelo interc�mbio cultural, com proposta de paz mundial e respeito entre todos. A camisa n�o � s� um produto, varia��o de cor ou modelo: � pe�a que carrega um contexto. O branco e preto presentes no uniforme da Alemanha, por exemplo, t�m origem no Reino da Pr�ssia (estado do Imp�rio Alem�o com in�cio no s�culo 18), mensagem subliminar.”

PAIX�O Rodrigo Fonseca, advogado, atleticano, come�ou a colecionar camisas em 2002, ap�s o pentacampeonato do Brasil. “Foi o ano em que me formei, comecei a trabalhar e pude passar a comprar. Mas minha paix�o pelos uniformes come�ou ainda crian�a, aos 10 anos, acompanhando o Campeonato Italiano e sempre pedindo de presente de anivers�rio, de Natal, e ganhando dos meus pais, padrinhos e amigos. Considero que tenho duas cole��es distintas, uma s� do Atl�tico e outra de clubes e sele��es. At� agora, s�o 400 camisas.”

O advogado Rodrigo Fonseca começou sua coleção de camisas em 2002 e já tem cerca de 400(foto: Túlio Santos/EM/D.A PRESS)
O advogado Rodrigo Fonseca come�ou sua cole��o de camisas em 2002 e j� tem cerca de 400 (foto: T�lio Santos/EM/D.A PRESS)


Rodrigo conta que uma das peculiaridades da sua cole��o � privilegiar camisas de sele��es menos conhecidas, como Andorra e Liechtenstein. “Mas, claro, tenho das tradicionais, como Argentina, Alemanha e Inglaterra. Tento sempre as camisas usadas nas partidas, mas, claro, se aparecer a oportunidade de ter modelos raros, como as da Isl�ndia e do Panam�, que disputam a primeira Copa na R�ssia, pode ser a da loja mesmo.”


Entre os modelos de 2018, Rodrigo elege a camisa da Nig�ria como a mais atraente, com cores pouco usuais em uniformes. “At� estranhei, j� que a Nike se concentra em estilo padronizado, produ��o em escala e n�o varia muito. Mas ousou desta vez. Gostei tamb�m do resgate de desenhos cl�ssicos, como nos modelos da B�lgica, de 1986, Espanha, de 1994, e Peru, de 1982, ano da sua �ltima participa��o. Uniformes que seguem uma �poca. Desta Copa, as camisas que mais quero s�o dos belgas, nigerianos e espanh�is.”


O advogado diz que sua primeira camisa oficial de sele��o foi a da Alemanha de 1990. “Do Brasil, a camisa mais bonita dos �ltimos anos foi a da Copa das Confedera��es de 2013, inspirada no modelo de 1990, com gola e punhos verdes”, elege. Ali�s, para Rodrigo, camisa de sele��o bacana � quando se usam todas as cores da bandeira, no conjunto, “como a Fran�a, na d�cada de 1980, Camar�es, na de 1990, e o Brasil, com camisa amarela, short azul e mei�o branco”. “Agora, quando a Fran�a usa tudo azul n�o gosto”, pontua.

DESIGN A designer ga�cha Virg�nia Barros, estilista de sapatos e roupas, concorda com a escolha de muitos torcedores e colecionadores, ao apontar o uniforme da Nig�ria como o mais fashion, diferente e fora do tradicional. “� a mais original. N�o � � toa que se tornou sucesso de vendas. Soube explorar a diferen�a de estampas geom�tricas de forma harmoniosa. A da Austr�lia tem um toque de design com que a brasileira n�o se preocupou. Mais uma vez clean, o Brasil se limita ao escudo e � marca do patrocinador. A do Jap�o ficou bonita, faz um belo efeito a dist�ncia. E, por �ltimo, destaco a da B�lgica, pela eleg�ncia de um leve xadrez no peito.”

O estilo de 2018

 

A camisa do Brasil tem design simples e tradicional no uniforme principal, com maior ousadia no modelo 2, que tem dois tons de azul e grafismos em forma de estrelas. Outra sele��o das quartas de final, a Cro�cia, que sempre chama a aten��o pelo quadriculado, na R�ssia exibe os quadrados em tamanhos maiores e as costas lisas. Outra novidade foi o uniforme reserva dos croatas, que mistura preto e azul-marinho, diferente do tradicional azul-royal. Entre os que ainda sonham com a ta�a, os ingleses deram destaque para o segundo modelo, com a cruz de S�o Jorge no centro.


A Isl�ndia, estreante que j� deu adeus ao Mundial e queridinha de muitos, quis destacar as mangas, que ganharam degrad�. Eliminados nas oitavas, os su��os fizeram homenagem aos Alpes em forma texturizada. A camisa da Costa Rica, advers�rio do Brasil na segunda rodada e que n�o passou da primeira fase, tem linhas finas entrela�adas, que lembram o DNA. O Panam�, que disputou sua primeira Copa e tamb�m saiu cedo, deu destaque ao uniforme reserva. Chamativo, era branco, com chevrons (forma gr�fica em V) azul e faixas nas mangas.

 


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