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Estado de Minas

Moradores do entorno da barragem em Congonhas seguem apreensivos

Teste apontou inefic�cia de sirenes instaladas no entorno da barragem. A 14 dias do treino de evacua��o, os moradores nem sequer foram contatados


postado em 15/07/2018 06:00 / atualizado em 15/07/2018 08:04

(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A.Press)
(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A.Press)
 

 

Congonhas – No prazo de nove meses desde que a Companhia Sider�rgica Nacional (CSN) informou que treinaria formas de evacua��o com as 4,8 mil pessoas que vivem em zonas amea�adas em caso de rompimento da barragem Casa de Pedra, a empresa teoricamente j� exportou 21,5 milh�es toneladas de min�rio de ferro. A quantia corresponde a 72% dos 30 milh�es que a mina situada em Congonhas produzir� neste ano, segundo a pr�pria empresa. Se todo esse min�rio fosse colocado em vag�es de trem com 15 metros de comprimento e 25 toneladas de capacidade, em linha reta, formaria uma fileira de 12.900 quil�metros, capaz de se estender de Congonhas at� Juneau, a capital do Alasca, no extremo da Am�rica do Norte. Os primeiros treinamentos foram acordados com a Prefeitura de Congonhas para o dia 29, mas, faltando duas semanas, nada ainda foi mobilizado e nem sequer material alertando para a popula��o sobre um treino de evacua��o chegou a circular na comunidade.

Pior do que isso, o �ltimo exerc�cio realizado pela empresa, em 16 de junho, foi o segundo acionamento de suas cinco sirenes, que na avalia��o da prefeitura, ainda n�o conseguiram desempenho suficiente para alertar todas as pessoas vulner�veis nas zonas de autossalvamento (onde cada um deve se salvar sozinho ou morrer) que um rompimento ocorreu. No primeiro teste, o equipamento n�o atingiu um volume satisfat�rio. “As sirenes ainda n�o tiveram um desempenho suficiente em toda a �rea necess�ria. Desta �ltima vez, foi usada tamb�m uma sirene m�vel, num carro. Vamos sugerir que se amplie esse m�todo de acionamento, usando tamb�m motocicletas para acessar �reas mais afastadas dos bairros”, disse o secret�rio de Meio Ambiente e representante da Coordenadoria Municipal de Prote��o e Defesa Civil de Congonhas (Compdec), Neylor Aar�o.

A expectativa � de que ocorra um simulado de evacua��o para a comunidade, que por enquanto mostra n�o saber como proceder caso a estrutura se comporte como a barragem do Fund�o, em Mariana, que se rompeu em 2015, matando 19 pessoas e devastando a bacia hidrogr�fica do Rio Doce e o litoral brasileiro. A �ltima previs�o divulgada pela Prefeitura de Congonhas marcava essa a��o para o dia 29. “Vamos tentar manter essa meta. Na oportunidade, deveremos reduzir a comunidade e treinar com um setor, posteriormente fazendo o mesmo simulado em outros setores at� abranger toda a popula��o”, diz o secret�rio de Meio Ambiente e representante da Compdec.

O soar da sirene que pode salvar as vidas de 4,8 mil pessoas que vivem praticamente debaixo da Barragem de Casa de Pedra atualmente � um ru�do que traz medo e confus�o. “Ouvimos o som do teste, mas na mesma hora ficamos apavorados, sem saber o que fazer. Ningu�m nos disse nada, se ter�amos de ficar dentro de casa, se � para correr. Se tivermos de correr, para onde vamos? Fiquei imaginando essa sirene tocando numa necessidade e a gente aqui, perdida”, questionou a aposentada Luiza Severina Vale, de 79 anos, moradora do bairro Residencial Gualter Monteiro, que tem moradias a apenas 250 metros do maci�o da barragem. O empreendimento preocupa por j� ter apresentado �ndices de estabilidade perigosamente baixos em 2013 e no ano passado, epis�dios que geraram compromissos da empresa em realizar obras de refor�o das estruturas, em acordos mediados pelo Minist�rio P�blico e �rg�os ambientais do poder p�blico. A Prefeitura de Congonhas avalia que as sirenes precisam ainda de mais intensidade e alcance, sugerindo tamb�m a implementa��o de aparelhos m�veis.

Faixa alerta sobre sirenes, não ouvidas em parte dos bairros à beira da barragem(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Faixa alerta sobre sirenes, n�o ouvidas em parte dos bairros � beira da barragem (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)


D�VIDAS

A falta de a��es mais sistem�ticas junto � popula��o faz com que in�meras d�vidas pairem sobre a efetividade do plano de evacua��o. As sirenes que podem dar o alarme acabaram distribu�das em �reas pouco povoadas, segundo lideran�as comunit�rias. Apenas uma estrutura fica dentro de uma das comunidades, no bairro Lucas Monteiro, e serviria para alertar tamb�m moradores do mais exposto dos bairros, o Residencial Gualter Monteiro. Foi justamente esse equipamento que falhou no primeiro teste p�blico, em 26 de novembro. “Muito question�vel essa instala��o de sirenes em parques industriais e tamb�m em �reas de pastos, no meio do mato. A falta de clareza sobre o plano traz essa desconfian�a. At� agora, n�o ocorreu nenhum simulado e as informa��es s�o divulgadas de forma pouco eficiente, com carros de som e nas redes sociais”, critica o diretor da Uni�o das Associa��es Comunit�rias de Congonhas (Unaccon), Sandoval de Souza.

Quanto � falta de informa��es, o secret�rio informou que dentro de 10 ou 15 dias ser� divulgado o Plano Municipal de Seguran�a de Barragens. “Muito se fala sobre Casa de Pedra, mas temos outras 26 estruturas que precisam de um plano de resposta em caso de emerg�ncia e isso precisa ser integrado. Em caso de emerg�ncia, as a��es devem ser �nicas. Esse plano vai orientar o planejamento dos empreendimentos”, afirma o representante da Compdec.

Luiza e Efigênia têm muitas dúvidas sobre o plano de evacuação(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Luiza e Efig�nia t�m muitas d�vidas sobre o plano de evacua��o (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)


“A gente sabe que essa barragem j� teve problemas antes e n�o confia que n�o v� voltar a ter. N�o d� para confiar 100% porque � a nossa vida e nossa seguran�a que est�o em jogo”, disse o motorista Gl�ucio S�rgio Mol Gon�alves, de 36, morador do bairro Lucas Monteiro, que fica pr�ximo � sirene. “A gente s� quer viver em paz aqui, mas ficamos nessa agonia, sem saber se um dia vai descer essa lama toda e se algu�m vai nos acudir, tirar a gente de casa e levar para outro lugar”, pondera a aposentada Efig�nia Marques, de 84, que mora no Residencial Gualter Monteiro.

A CSN foi procurada pelo Estado de Minas por tr�s oportunidades, nos �ltimos 30 dias, mas at� o fechamento desta reportagem a empresa n�o respondeu aos questionamentos feitos sobre os planos de seguran�a que envolvem a opera��o de sua barragem e a seguran�a das pessoas amea�adas por essa atividade.

 

 


Linha do tempo


» Novembro de 2013
 CSN e Minist�rio P�blico assinam Termo de Ajustamento de Conduta ap�s detec��o de problemas na obra de alteamento da Barragem Casa de Pedra. Quest�es teriam sido sanadas

» Novembro de 2016
 Infiltra��es s�o detectadas na barragem Dique de Sela, parte da Casa de Pedra, voltada para tr�s bairros de Congonhas

» Outubro de 2017
Em fiscaliza��o da Feam, foram detectadas infiltra��es no corpo da barragem do Dique de Sela. Semad
e DNPM informados

» 14 de outubro de 2017
 Minist�rio P�blico do Trabalho determina paralisa��o das atividades da mina Casa de Pedra

» 9 de novembro de 2017
 O Estado de Minas obt�m documentos que mostram que o governo federal criou for�a-tarefa para tra�ar um projeto pr�prio de evacua��o em caso de rompimento do Dique de Sela

» 26 de novembro de 2017
 CSN e Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Congonhas anunciam simulado do plano de seguran�a de barragens, mas tudo praticamente se reduz ao teste p�blico de duas sirenes. Uma delas falhou. Placas para rotas de fuga s�o instaladas e sele��o de locais seguros � feita

» 30 de novembro de 2017
 CSN protocola laudo de seguran�a da Barragem de Casa de Pedra no Minist�rio P�blico, garantindo que os dois lados do Dique de Sela superaram o fator de seguran�a m�nimo 1,5, chegando
    a 1,6 e 1,8

» 12 de abril de 2018
 EM divulga laudo do MP que garante a estabilidade
  da barragem

» 16 de junho de 2018
 CSN, Prefeitura de Congonhas, Bombeiros, Pol�cia Militar e demais �rg�os de defesa civil fazem novo teste de acionamento de sirenes. Prefeitura sugere ajustes e implementa��o de sirenes m�veis em carros e motos


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