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Estado de Minas

Minas procura 734 pe�as sacras retiradas de igrejas, capelas e museus

Campanha iniciada em 2003 para localizar pe�as sacras do s�culo 18 segue forte. Em Itatiaia, Ouro Branco, comunidade est� mobilizada para recuperar objetos da Matriz de Santo Ant�nio


13/08/2018 06:00 - atualizado 13/08/2018 07:20

Nos últimos 15 anos, 269 joias do barroco foram resgatadas(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Nos �ltimos 15 anos, 269 joias do barroco foram resgatadas (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
 

Ouro Branco – O altar de Nossa Senhora do Ros�rio est� vazio h� 24 anos – e vai continuar assim at� que a imagem retorne a seu lugar na Matriz de Santo Ant�nio, joia barroca do distrito de Itatiaia, em Ouro Branco, na Regi�o Central de Minas. Diante do ret�bulo, o zelador e presidente da Associa��o Sociocultural Os Bem-Te-Vis, Wilton Fernandes Guimar�es, mostra a foto da pe�a e de outras roubadas do templo. “Temos esperan�a de que voltem”, diz o l�der de a��es nas redes sociais para encontrar os bens do s�culo 18. Tal sentimento move outras cidades de Minas, onde, h� 15 anos, come�ou a grande campanha para localizar pe�as desaparecidas de igrejas, capelas e museus, ficando como marco os “Anjos de Santa Luzia”, retirados por ordem judicial de um leil�o no Rio de Janeiro (RJ) ap�s den�ncia do Estado de Minas. Em 13 de agosto de 2003, fi�is rezaram no Santu�rio de Santa Luzia, na Grande BH, agradecendo pela volta dos objetos sacros, que chegaram, na v�spera, � sede do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha-MG), na capital.

“A campanha para resgate das pe�as sacras continua forte e o exemplo dos Bem-Te-Vis � muito importante, pois a comunidade de Itatiaia est� mobilizada e conta com nosso apoio. Nesses 15 anos, houve uma especializa��o de muitos profissionais do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) para combater esse tipo de crime, o roubo de pe�as sacras, e tamb�m para fazer um trabalho preventivo, como a capacita��o de conselheiros municipais do patrim�nio cultural”, afirma a titular da Coordenadoria das Promotorias de Justi�a do Patrim�nio Cultural e Tur�stico de Minas Gerais (CPPC), Giselle Ribeiro de Oliveira. A terceira edi��o da capacita��o (virtual) dos conselheiros come�ar� no dia 20.

“Verificamos tamb�m maior conscientiza��o dos moradores para prote��o dos acervos e, para se ter uma ideia, neste ano n�o registramos ainda nenhum furto”, afirma Giselle. As redes sociais vieram juntar for�as nesse trabalho, facilitando as den�ncias dos bens desaparecidos, tanto que o MPMG mant�m o blog patrimoniocultural.blog.br com um banco de dados atualizado constantemente e dispon�vel � popula��o. “Temos o banco de informa��es mais completo do estado, pois n�o cont�m apenas os bens tombados”, afirma a coordenadora da CPPC.

Altar de Nossa Senhora do Rosário está vazio desde que a imagem barroca foi roubada há 24 anos(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Altar de Nossa Senhora do Ros�rio est� vazio desde que a imagem barroca foi roubada h� 24 anos (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
As autoridades de Minas procuram 734 pe�as desaparecidas, a exemplo de imagens de santos, casti�ais, sinos, peda�os de altares e outras. Na lista, com objetos desaparecidos desde 1848, h� muitas atribu�das a Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814), o “mestre do barroco”. No per�odo de campanha, foram encontradas e devolvidas 269 e aguardam decis�o judicial mais de 250, fruto de apreens�es do MPMG, pol�cias Federal, Militar e Civil ou entregues espontaneamente.

“Nosso objetivo � devolver as pe�as a seus lugares de origem. N�o h� alegria maior, pois os moradores nunca perdem a esperan�a de rever seus objetos de devo��o”, diz Giselle, que, em junho, esteve presente � cerim�nia de devolu��o da imagem de Nossa Senhora do Ros�rio � capela de mesmo nome em Prados, na Regi�o do Campo das Vertentes. O retorno se deu gra�as a uma den�ncia ao MPMG: furtada em 1980, a pe�a foi identificada por uma pessoa em um site de leil�o de objetos de arte.

CONSCI�NCIA Foi aos 8 anos de idade que o l�der de Os Bem-Te-Vis de Itatiaia, Wilton Fernandes Guimar�es, viu de perto a dor pela perda de um patrim�nio. Numa madrugada de novembro, em 1994, 21 pe�as foram levadas da Matriz de Santo Ant�nio – desse total, foram recuperadas tr�s, em opera��es da Pol�cia Federal: as imagens de S�o Domingos Gusm�o e S�o Jo�o Batista menino, sendo que um crucifixo, resgatado em 2015, encontra-se sob guarda da Arquidiocese de Mariana.

Desde ent�o, Wilton, de 33, formado em turismo, tem se devotado de corpo e alma � cultura da sua terra. E foi com entusiasmo que lutou pelo restauro da matriz – a obra patrocinada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) contemplou parte estrutural e elementos art�sticos – e encabe�a agora a campanha para recuperar o pequeno tesouro. 


Zelador e presidente da associação Os Bem-Te-Vis, Wilton Fernandes Guimarães mostra o único castiçal que restou em 1994 (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Zelador e presidente da associa��o Os Bem-Te-Vis, Wilton Fernandes Guimar�es mostra o �nico casti�al que restou em 1994 (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
No interior da igreja, as lembran�as chegam vivas. “Dona Almerinda (antiga zeladora, hoje com 94 anos) chegou l� em casa, apavorada, pedindo ajuda a meu pai, Raimundo Fernandes Guimar�es Filho. Disse que estava tudo revirado dentro da igreja e tinham roubado as pe�as. N�o me esque�o daquele dia e tenho certeza de que vamos ter de volta nossas pe�as”, afirma Wilton, que faz um apelo a quem estiver com os objetos de devo��o: “Que tenham piedade da comunidade de Itatiaia e devolvam nossas pe�as, pois h� muitas pessoas ansiosas para que isso aconte�a”. Depois, na mesa do altar, ele mostra o casti�al de madeira original que restou.

 

EXPOSI��O EM BH Como forma de conscientizar cada vez mais a popula��o sobre a preserva��o e o resgate dos bens culturais, ser� relan�ada na pr�xima sexta-feira, na Pra�a Rui Barbosa (Esta��o), no Centro de Belo Horizonte, uma exposi��o sobre o patrim�nio de Minas. A a��o comandada pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) ficar� em cartaz ao ar livre, durante um m�s, e mostrar�, na forma de totens, imagens e outros tesouros desaparecidos.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


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