
A valoriza��o da pedra-sab�o para aperfei�oar pr�teses ortop�dicas e dent�rias e a ado��o de uma dieta balanceada para vencer as superbact�rias causadoras de doen�as como gota e gonorreia. Por meio de pesquisas desafiadoras sobre esses temas, as cientistas mineiras Ang�lica Vieira e Jaqueline Soares venceram categorias da 13ª edi��o do “Para Mulheres na Ci�ncia”, premia��o concedida pela L’Or�al Brasil em parceria com a Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco) e com a Academia Brasileira de Ci�ncias (ABC). A programa��o tem como principal objetivo estimular a participa��o da mulher no campo cient�fico, fator visto pelas vencedoras como fundamental. Para garantir o sucesso, elas concorreram com mais de 400 pesquisadoras inscritas e v�o ganhar uma bolsa-aux�lio de R$ 50 mil para investir em seus trabalhos.
Mais do que achar um meio de combater as enfermidades, a pesquisadora ressalta que � poss�vel manter uma dieta balanceada sem gastar muito dinheiro. “O problema � mais cultural que financeiro. As pessoas preferem gastar mais com comida processada, como fast-food, do que com a alimenta��o rica em fibras”, acredita. Al�m do L’Or�al, o trabalho da cientista j� conquistou outros dois pr�mio: o Thereza Kipnis, da Sociedade Brasileira Imunologia (SBI), e Pemberton, promovido pela Coca-Cola.
Quem tamb�m almeja uma solu��o barata para um problema recorrente � a professora do Departamento de F�sica da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Jaqueline Soares. Ela conquistou o t�tulo na categoria “F�sica” e usou nanoestruturas da pedra-sab�o, como o grafeno e o talco, para dar mais firmeza � hidroxiapatita, material usado para simular o tecido �sseo. Dessa maneira, a pesquisadora quer melhorar a vida �til das pr�teses dent�rias e ortop�dicas. “O desafio � aumentar a durabilidade dos implantes sem causar rejei��o do organismo”, conta a mineira.

DIFICULDADES Para alcan�ar os reconhecimentos, as duas pesquisadoras mineiras passaram por obst�culos semelhantes: o machismo e a falta de recurso financeiro, justamente os alvos mirados pelos organizadores do evento. De acordo com a professora Jaqueline Soares, a premia��o vem em boa hora para dar mais espa�o � mulher no desenvolvimento de pesquisas. “O evento contribui dando mais visibilidade e mostrando que temos trabalhos t�o bons quanto os dos homens, principalmente na f�sica, onde h� mais homens trabalhando. Meu projeto, ao lado da professora Ta�se Manhabosco, est� sendo conduzido por duas mulheres, o que ressalta ainda mais nossa pesquisa”, ressalta.
O obst�culo se amplia para quem est� de licen�a maternidade, caso da bi�loga Ang�lica Vieira. H� mais de 10 anos no ramo, ela pontua as dificuldades e preconceitos que enfrentou quando optou por engravidar. “No intervalo em que fiquei fora fui esquecida. As ag�ncias de financiamento se esqueceram do meu projeto e fui vista de maneira ruim pelos outros pesquisadores por n�o estar me atualizando. Mas se vou ao meu laborat�rio n�o tenho nem espa�o para amamentar minha filha”, conta.
Do ponto de vista financeiro, o “Para Mulheres na Ci�ncia” minimiza os danos causados pela falta de investimento no setor, segundo as duas pesquisadoras. Para Jaqueline, o problema n�o � somente das ag�ncias e das universidades, devido � crise financeira, mas o deslocamento de recursos para as �reas de sa�de e educa��o deveria ser prioridade do poder p�blico, conforme a professora da Ufop. Ang�lica Vieira concorda. Contudo, segundo ela, a sociedade tamb�m n�o tem cumprido seu papel. “A popula��o e o governo deveriam dar mais aten��o para os pesquisadores, porque conseguimos fazer boas pesquisas aqui, mas falta incentivo. Vimos cortes enormes no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico) e na �rea da educa��o”. De acordo com ela, o problema reflete no cotidiano da universidade. “Recentemente, v�rios alunos me procuraram querendo desistir da carreira, porque, a curto prazo, os pagamentos t�m atrasado. A gente vai ter uma evas�o muito grande de pessoas muito boas num curto espa�o de tempo, porque est�o todos desestimulados”, salienta.