
A proposta do Minist�rio da Educa��o (MEC) para a Educa��o Integral e Integrada do Ensino M�dio � de fortalecimento do protagonismo da juventude no desenvolvimento de seus projetos de vida. Minas Gerais leva ao grupo de trabalho (GT) criado pelo minist�rio para debater a quest�o um projeto inovador: Di�logos com as Cidades, no qual estudantes s�o convidados a sair da escola, observar os problemas, desafios e potencialidades de suas cidades.
Com essa proposta, a Secretaria de Estado de Educa��o, em parceria com outras institui��es de ensino p�blicas e privadas, incluindo universidades, trouxe a Belo Horizonte 3 mil estudantes dos 14 mil matriculados no estado no Ensino M�dio Integral e Integrado, para um “Di�logo com a Capital”. Acompanhados por 260 professores representando as 62 das 79 escolas p�blicas estaduais que abrigam essa modalidade de educa��o, eles visitaram em tr�s dias os principais espa�os p�blicos e tur�sticos de BH, que serviram de refer�ncia para a aulas de todos os conte�dos curriculares.
“Ningu�m tem projeto de vida se n�o conhece as coisas, se n�o experimentou. Um projeto de vida diz respeito ao capital cultural adquirido: ao livro lido, ao filme a que se assistiu, � m�sica ouvida, ao espa�o visitado e, a� sim, o jovem pode decidir por aquilo que mais lhe chamou a aten��o”, explica a representante mineira no GT do MEC e coordenadora da Educa��o Integral e Integrada no Estado, Cec�lia Resende.
A organiza��o para execu��o dessa proposta foi resultado de 60 dias de trabalho envolvendo 42 superintend�ncias regionais de ensino (SREs) e 79 escolas no estado na sele��o dos alunos e de quatro professores de cada institui��o de ensino, priorizando aqueles que nunca tinham estado na Capital ou que nunca vivenciaram a cidade de forma acad�mica. Adriana Rocha, professora de hist�ria da MPB na Escola Estadual Lauro Fontoura, de Uberaba, ficou encantada com o conjunto arquitet�nico da Pampulha e contou que veio algumas vezes a trabalho a Belo Horizonte, mas nunca havia tido a chance de ver a cidade de forma acad�mica. “Esse olhar, al�m de pedag�gico, � uma forma de trabalho encantadora”. Segundo ela, seus alunos estavam “maravilhados” com as aulas fora do ambiente escolar e em outro contexto. O programa de fomento ao ensino integral � totalmente financiado com recursos federais, por meio do MEC.
Os estudantes movimentaram tamb�m a rede hoteleira da capital, distribu�dos por 21 estabelecimentos da cidade. Em dois meses, as superintend�ncias fizeram licita��o por meio de preg�o eletr�nico para contrata��o do transporte e as escolas no sentido de garantir a documenta��o permitindo a viagem dos 3 mil jovens, todos com autoriza��es dos pais registradas em cart�rio e cart�o de vacina��o (obrigat�rio em alguns parques da capital).
Para vencer resist�ncia de alguns respons�veis pelos alunos, a secretaria promoveu videoconfer�ncia com todas as escolas, professores e representantes dos pais, discutindo o projeto e a log�stica de transporte e de hospedagem na capital.
A expectativa dos organizadores � que a experi�ncia inspire di�logos abertos nas demais cidades. “Foi uma forma de mostrar que � poss�vel fazer forma��o continuada de professores em servi�o vivenciando as aulas juntos com os estudantes”, observa Cec�lia Resende, para quem o projeto � uma forma de sair da concep��o de forma��o acad�mica “com algu�m falando sobre uma experi�ncia. Estamos plantando a semente”, concluiu.

Colet�nea de sensa��es novas
A vibra��o sentida pelo corpo aos primeiros acordes de uma orquestra – a Filarm�nica de Minas Gerais –, uma aula de matem�tica que ao final foi aplaudida por 400 alunos presentes no Mineirinho ao promover a descoberta que a arquitetura pode ser resultado da soma entre c�lculos matem�ticos e a harmonia – presentes nas obras de Niemeyer no conjunto arquitet�nico da Pampulha –, a sensa��o de descobrir marcos de mem�ria do nascimento, crescimento e cultura de uma cidade e seus habitantes em t�mulos que registram m�ltiplas hist�rias, no Cemit�rio do Bonfim, o mais antigo da cidade. Tudo isso foi vivenciado por estudantes e professores do Ensino M�dio Integral e Integrado do interior de Minas durante tr�s dias de visita a Belo Horizonte.
Vitor Hugo Teixeira Santos, de 17 anos, e Matheus Marques, de 18, colegas de turma no terceiro da Escola Estadual Nossa Senhora das Gra�as, em Campina Verde, viajaram 10 horas para pisar pela primeira vez no solo de BH. “Olha, ao chegar � Sala Minas Gerais, as instala��es me deixaram boquiaberto, mas ao ouvir a orquestra Filarm�nica me senti em transe. Nunca imaginei que fosse t�o bonito. Confesso que cheguei com sono, mas foi de arrepiar, e me despertei para a maravilha que foi o concerto”, relatou Vitor Hugo. Matheus se disse impressionado com a beleza tanto do recinto quanto da apresenta��o proporcionada pelos m�sicos.
Para os amigos Leandro Monteiro Cassino, de 15, e Matheus de Souza Barroso, de 17, da Escola Estadual Em�lio Esteves Marques, em Carangola, a iniciativa de vir a BH foi “muito bacana”. E foi com a palavra “at�nitos”, que eles expressaram a sensa��o de estar numa cidade grande.
Na entrada do Cemit�rio do Bonfim, os historiadores Marcelina Almeida, da Uemg, Roberto Fernandes da rede municipal de ensino de BH, e o tenente reformado da PM J�lio C�sar organizavam a visita dos alunos da cidade de Piranga ao cemit�rio mais antigo da cidade, que surgiu antes mesmo da inaugura��o da capital.
Para Roberto Fernandes, � a oportunidade de as pessoas de conhecerem a hist�ria da cidade e cada um dos personagens ali sepultados. “Aqui temos entre outras coisas o entendimento do processo de imigra��o no in�cio da cidade e a continuidade durante seu crescimento, com a vinda de italianos, s�rios, libaneses. Cada t�mulo guarda um universo da mem�ria da capital e o espa�o � uma colet�nea das artes pl�sticas”. A professora de espanhol da Escola Estadual Coronel Jos� Idelfonso, em Piranga, C�tia de Souza, disse que foi uma oportunidade “�nica para os alunos professores”. Segundo ela, o cemit�rio “teoricamente � dedicado aos mortos mas tem muito a ensinar aos vivos”.
Durante tr�s dias, estudantes e professores visitaram e assistiram a aulas no Parque Ecol�gico e Funda��o Zoobot�nica – Zool�gico, Parque das Mangabeiras, Circuito Liberdade – Biblioteca P�blica Estadual Luiz de Bessa, Museu Mineiro, Centro Cultural Banco do Brasil, conjunto arquitet�nico da Pampulha e aos Concertos Did�ticos Filarm�nica – Sala Minas Gerais.