
As obras de menos de um quil�metro de via, que constituiria uma importante op��o de tr�fego entre a Avenida Nossa Senhora do Carmo, na sa�da para a BR 356, e a Barragem Santa L�cia, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, avan�am a passos lentos, travadas sobretudo por impasses na desapropria��o de 12 im�veis. A estrutura, chamada Via do Bic�o, integra projeto de urbaniza��o que prev� ainda a constru��o de 588 unidades habitacionais – 410 delas entregues – e � parte do programa Vila Viva no Aglomerado Santa L�cia.
O conjunto de interven��es deve beneficiar cerca de 4 mil fam�lias, a um custo de R$ 157 milh�es, segundo a Prefeitura de BH. A previs�o � de que os trabalhos sejam finalizados no primeiro semestre de 2021, mas muitas das indeniza��es necess�rias � viabiliza��o das obras est�o sendo discutidas na Justi�a, em a��es que n�o t�m prazo para acabar. Um obst�culo para que seja poss�vel estimar uma data para a implanta��o da nova via, uma liga��o de 600 metros de extens�o unindo as avenidas Artur Bernardes, que contorna a Barragem Santa L�cia, e Nossa Senhora do Carmo (veja mapa).
A Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) trata a nova via mais como uma alternativa de acesso para os moradores da regi�o do que como nova op��o de tr�fego. Por�m, o tra�ado vai unir duas �reas com tr�nsito pesado, em um trajeto que hoje tem como op��es apenas ruas secund�rias e �ngremes, por dentro de bairros da regi�o, muitas vezes percorridas at� por ve�culos de carga, o que n�o raro resulta em acidentes.
Na comunidade, enquanto h� quem veja as novas obras como uma possibilidade de melhorar a vida dos moradores e at� desafogar o tr�nsito de uma das vias de maior fluxo da cidade, tamb�m h� quem se sinta desamparado pela desinforma��o e pela preocupa��o relacionada � mudan�a de endere�o compuls�ria. O aglomerado � composto pelas vilas Estrela, Santa Rita de C�ssia e Barragem Santa L�cia – distribu�das em uma �rea de 447 mil metros quadrados.
As obras da Via do Bic�o fazem parte do Programa Vila Viva, que incluem a implanta��o e infraestrutura urbana e sanit�ria com a abertura e amplia��o do sistema vi�rio local, implanta��o de redes de drenagem, esgotamento sanit�rio e abastecimento de �gua, tratamento de encostas, implanta��o de espa�os de conviv�ncia, como parques e pra�as e a constru��o de unidades habitacionais para reassentamento das fam�lias.
A dona de casa Nayara Duarte da Silva, de 22 anos, mora h� seis anos na regi�o e h� pelo menos dois come�ou a negociar a mudan�a de endere�o. Ela � uma das pessoas que precisar�o ter a casa desapropriada para a continua��o do trabalho das m�quinas. “J� foi retirada a maioria das casas que ficavam no ‘mur�o’ (a estrutura de conten��o abaixo da Avenida Nossa Senhora do Carmo, que passou por obras, depois de come�ar a ceder). Elas conseguiram um apartamento e j� se mudaram para o conjunto habitacional. Mas, no meu caso, a prefeitura prop�s indeniza��o e eu n�o aceito receber R$ 16 mil. Como construo uma casa com isso?”, questionou.
Ela acredita ter direito a um apartamento nos conjuntos que fazem parte do projeto. “Se eu estou onde eu estou n�o � porque eu quero, � porque preciso. Tenho dois filhos para criar e quero ter uma moradia para viver. L� tem apartamento sobrando”, argumentou. No projeto, o local onde Nayara mora deve se transformar em um parque ecol�gico, o Parque do Bic�o.

A VIA De acordo com a Urbel, o principal objetivo da Via do Bic�o � melhorar a qualidade de vida dos moradores da regi�o. Como anunciou o prefeito Alexandre Kalil (PHS), o corredor vai facilitar o acesso ao aglomerado de ambul�ncias e viaturas. Por�m, uma preocupa��o dos moradores � a mudan�a do perfil de tr�fego na comunidade. “Queremos uma sinaliza��o adequada, porque a rua vai passar por dentro da favela. J� temos tr�nsito aqui e temos medo de que venha um ‘carr�o’ em alta velocidade transitar por aqui, da mesma forma que ocorre na Avenida Nossa Senhora do Carmo, e atropele uma crian�a, por exemplo”, disse o presidente da associa��o de moradores, J�lio Fessor.
O morador Lucas Luciano Viana, de 24, questiona a funcionalidade da nova via, que j� tem trechos implantados, mas n�o tem liga��es nas duas pontas: “J� temos outras ruas de acesso, n�o acho que deveriam tirar casas para construir a rua. Temos outras prioridades aqui”, avalia ele, que tamb�m tem ordem de despejo e proposta de indeniza��o de R$ 4 mil.
Mas o presidente de associa��o, apesar das preocupa��es com o novo perfil de tr�fego, acredita que o projeto vai, sim, beneficiar a comunidade. “Qualquer progresso � bem-vindo, e a obras j� est�o 70% conclu�das. No fim, acreditamos que vai ser bom para os moradores”, disse J�lio Fessor.