Nem a imobilidade, nem as sucessivas cirurgias e muito menos a aposentadoria precoce tiram a f� e a esperan�a de Breno Sales de Freitas, de 37 anos, portador de doen�as raras que o prendem � cadeira de rodas. Sonhos e planos tamb�m continuam em alta, tanto que o morador de Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, graduado em sistema da informa��o, leva adiante uma campanha para conseguir recursos e fazer um tratamento em Barcelona, na Espanha. Al�m de usar as redes sociais, Breno recebe a ajuda dos amigos e familiares para a vaquinha virtual, rifas, festas, incluindo uma a fantasia, e outras formas de atingir a import�ncia de R$ 200 mil.
Casado com a professora Ana Carolina e residente na casa dos pais no Bairro S�o Geraldo, na cidade vizinha, Breno contou, ontem, um pouco da sua hist�ria, que come�ou a mudar de forma radical aos 23 anos. Na �poca, trabalhando numa empresa de metalurgia, ele come�ou a sentir dorm�ncia na m�o direita. “Minha adolesc�ncia foi normal, nunca tive nada. Gostava de jogar bola, andar de bicicleta, ent�o fiquei surpreso demais com tudo isso”, afirmou. Na consulta com um neurologista, recebeu o diagn�stico de siringomielia – uma cavidade dentro da medula espinhal, que afeta as c�lulas nervosas; como a cavidade central deixa a medula com um aspecto de flauta (syrinx, em grego), a doen�a ganhou esse nome.
Na �poca do diagn�stico, Breno j� namorava Ana Carolina. “S�o 15 anos de relacionamento, sendo cinco de casados.” Hoje tetrapl�gico, ele diz que a mulher tem demonstrado um amor incondicional e, sem ela e os pais, seria muito dif�cil conduzir a vida. Pouco antes de a reportagem chegar � casa, a m�e lia para o filho trechos da biografia de Cazuza. “Gosto muito de livro, de ficar na internet e conversar com os amigos, que est�o sempre por perto”.

SEM DORES Em 2005, os problemas de sa�de de Breno se agravaram, e o m�dico deu um novo diagn�stico, que veio se somar � siringomielia. Dessa vez, era a s�ndrome de Arnold-Chiari, que tamb�m afeta a medula espinhal e o cr�nio. “S�o doen�as cong�nitas e degenerativas, que surgem no in�cio da fase adulta e n�o t�m car�ter heredit�rio. Felizmente, n�o sinto dores, a n�o ser uma certa falta de ar devido � press�o na coluna”, explica.
Mas a vontade de viver fala mais alto e Breno n�o perde a confian�a na ci�ncia. Procura daqui, busca dali, ele descobriu na internet um tratamento em Barcelona, com uma t�cnica inovadora que permite a descompress�o na regi�o sacral (base da coluna) e libera a press�o medular. “N�o � a cura, mas o tratamento estabiliza a doen�a. Se conseguir viajar para a Espanha, poderei respirar melhor. N�o perco a f� de jeito nenhum”, resume, adiantando que dever� ficar de 15 a 20 dias em Barcelona com um acompanhante.
J� s�o quase 11h e os pais se preparam para levar Breno ao hospital em BH. Marly segura os envelopes com os exames recentes e Aguinaldo vai empurrando, cuidadosamente, a cadeira de rodas. No rosto, Breno traz acesa a chama da esperan�a. E n�o perde o bom humor. Quando o rep�rter pergunta se ele j� est� estudando espanhol, brinca: “ Um poquito”.