As secretarias de Seguran�a de Minas Gerais e de S�o Paulo investigam conjuntamente o caso da troca de tiros entre policiais civis de Minas Gerais e de S�o Paulo, que terminou com a morte de um agente mineiro em Juiz de Fora, na Zona da Mata, na sexta-feira. O secret�rio de Seguran�a P�blica de Minas, S�rgio Barbosa Menezes, cogitou a abertura de inqu�rito pela Pol�cia Federal (PF), devido � apreens�o de R$ 15 milh�es em notas falsas na cena do tiroteio. A suspeita � de que os dois grupos tenham se encontrado para uma transa��o de troca de reais por d�lares entre empres�rios dos dois estados. Em depoimento ontem, entretanto, empres�rio paulista envolvido no caso negou o suposto c�mbio.
“Tenho conversado com o secret�rio de S�o Paulo. As institui��es est�o trabalhando de forma integrada. N�o pode ser diferente. Estamos produzindo informa��es necess�rias para esclarecer o caso”, disse o secret�rio S�rgio Menezes. “O inqu�rito policial, com certeza, vai dar um corpo probat�rio que vai esclarecer autoria, materialidade e a motiva��o dos fatos”, afirmou o secret�rio. Ele ainda sugeriu a entrada a Pol�cia Federal na investiga��o, no que se refere �s notas apreendidas. “Havia R$ 15 milh�es em c�dulas falsas. A investiga��o desse crime � de atribui��o da PF”, disse. Por meio de nota, a assessoria de imprensa da PF informou que a apura��o pela corpora��o “depender� de eventual decl�nio de compet�ncia da Justi�a Estadual para a Justi�a Federal, no caso de n�o se tratar de falsifica��o grosseira”. Se for grosseira, continuar� com a Pol�cia Civil, “por configurar crime de estelionato”.
Na tarde de ontem, al�m de afirmar que n�o portava d�lares quando foi a Juiz de Fora, o empres�rio de S�o Paulo Fl�vio de Souza Guimar�es, que estava envolvido na transa��o e fugiu da cena do tiroteio de t�xi-a�reo, disse � Corregedoria da Pol�cia Civil de S�o Paulo que foi a Juiz de Fora negociar empr�stimos para sua empresa. Com rela��o � escolta, alegou que contratava os servi�os da empresa de seguran�a de Jer�nimo da Silva Leal J�nior rotineiramente, dando a entender que n�o sabia que havia policiais na escolta.
Irm�o de policial, Jer�nimo Silva tamb�m estava no local do tiroteio, onde foi ferido, e � o suspeito de ter feito o disparo que provocou a morte do agente mineiro. Ele est� internado em Juiz Fora e, de acordo com a assessoria de imprensa do Hospital Monte Sinai, Silva recebia ontem tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da institui��o. O estado de sa�de dele � grave.
O depoimento do empres�rio Fl�vio Guimar�es ser� usado tanto no inqu�rito que apura a conduta administrativa dos policiais paulistas — impedidos de fazer “bico” por lei –, quanto na investiga��o criminal aberta pela Pol�cia Civil de Minas. Ele seria ouvido por meio de carta precat�ria, mas at� o in�cio da noite de ontem o documento n�o havia chegado � corregedoria paulista.
M�gino Alves, secret�rio de Seguran�a de S�o Paulo, afirmou que a apura��o da corregedoria vai al�m do fato de os agentes estarem fazendo trabalho extraoficial. “Todos n�s assistimos � grande quantidade de dinheiro que estava sendo transportada. Isso n�o permite dizer que era s� um trabalho de acompanhamento, de escolta. Era um trabalho de co-autoria com o crime que estava sendo cometido pelo particular”, declarou. “Comprovados desvios de conduta, os policiais envolvidos responder�o administrativa e criminalmente, de acordo com os atos praticados por cada um”, informou a secretaria por meio de nota.
Os quatro policiais paulistas tiveram a pris�o preventiva decretada na noite de domingo. Eles foram autuados por lavagem de dinheiro e podem ser implicados na morte do policial mineiro. Outros cinco agentes daquele estado foram ouvidos e liberados, mas a conduta deles ainda � investigada.
Tr�s policiais mineiros que estavam na cena do tiroteio foram indiciados por prevarica��o, por terem conhecimento da opera��o ilegal e n�o tomarem medidas, mas podem responder por outros crimes, pois tamb�m continuam sendo investigados. Eles n�o foram presos e se comprometeram a comparecer a audi�ncia marcado para novembro.
ESCOLTA A linha de apura��o da equipe da Superintend�ncia de Investiga��o e Pol�cia Judici�ria de Juiz de Fora � de que os policiais davam cobertura a uma transa��o possivelmente ilegal entre os dois empres�rios, marcada para ocorrer no estacionamento de um condom�nio de consult�rios que faz liga��o com o Hospital Monte Sinai. As informa��es j� obtidas pelos investigadores d�o conta de que os policiais faziam a escolta de Fl�vio Guimar�es entre S�o Paulo e Juiz de Fora com uma quantidade de d�lares, para realizar a troca da moeda no munic�pio mineiro. O neg�cio deu errado, aparentemente, quando se descobriu que parte das c�dulas em real que seriam usadas na transa��o era falsa.
O que j� sabemos sobre o caso
» Em 19 de outubro, houve tiroteio entre policiais civis de Minas Gerais e de S�o Paulo, no estacionamento de um condom�nio de consult�rios que faz liga��o com o Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
» Na troca de tiros, o policial civil de Minas Rodrigo Francisco, de 39 anos, morreu. Duas pessoas ficaram feridas. Um deles, Jer�nimo Silva, � dono de empresa de seguran�a particular que acompanhava o grupo de S�o Paulo e irm�o de um dos policiais paulistas. Ele segue internado. O outro paciente, Ant�nio Vilela, empres�rio de Juiz de Fora que estaria transportando R$ 15 milh�es em notas falsas, recebeu alta e foi preso
» O confronto ocorreu em meio a uma transa��o suspeita entre Vilela e Fl�vio Guimar�es, empres�rio de S�o Paulo. As apura��es dos investigadores indicam que policiais de Minas Gerais estavam apoiando o empres�rio mineiro, enquanto os de S�o Paulo garantiam a seguran�a do empres�rio paulista
» At� o momento, a investiga��o aponta que o tiro que matou o policial saiu da arma de um seguran�a particular que acompanhava o grupo do empres�rio paulista com oito policiais do estado vizinho, incluindo dois delegados
» Quatro policiais paulistas, sendo dois delegados e dois investigadores, foram autuados por lavagem de dinheiro. As pris�es em flagrante foram convertidas para preventivas em uma audi�ncia de cust�dia. Todos foram transferidos para a Penitenci�ria Nelson Hungria, em Contagem
» Tr�s policiais de Minas foram autuados por prevarica��o e liberados depois de assinar termo em que se comprometem a comparecer a audi�ncia em novembro
» Os dois homens que foram baleados na troca de tiros tamb�m tiveram as pris�es preventivas decretadas
» Do mesmo grupo de S�o Paulo, outros cinco policiais foram ouvidos e liberados.
» O empres�rio Fl�vio Guimar�es fugiu da cena e se apresentou ontem em S�o Paulo. Ele negou que estivesse transportando d�lares e disse que estaria no local para tomar empr�stimo. Indicou ainda que n�o sabia que havia policiais na escolta
» O empres�rio de Juiz de Fora que participaria do neg�cio, Ant�nio Vilela, foi baleado no p�. Ele recebeu alta na noite de domingo e ficou a cargo do sistema prisional