
As mortes de quatro pessoas que trafegavam pela Avenida Vilarinho durante a tempestade do dia 15 trouxeram grande como��o e se traduziram numa mobiliza��o da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para tentar resolver o problema. Decretos municipais institu�ram situa��o de emerg�ncia, um grupo de trabalho foi criado para apresentar solu��es em 30 dias e at� uma concorr�ncia foi aberta para projeto e obra definitiva contra as cheias nessa que � uma das principais vias de Venda Nova. A ideia � que se tenha obras prontas at� o fim do ano que vem. Essa celeridade, que pode finalmente trazer mais tranquilidade para a regi�o, n�o � vista em outros pontos cr�ticos dentro das 82 �reas de alagamentos identificadas pela Carta de Inunda��es de Belo Horizonte. Para se ter uma ideia, a Avenida Francisco S� � a campe� de solicita��es relacionadas a enchentes, alagamentos e inunda��es feitas � Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Belo Horizonte (Comdec-BH), com 282 chamados desde 2008, � frente da Avenida Vilarinho (179) e da Avenida Teresa Cristina (150). Ainda assim, a continuidade das obras para solucionar os problemas da �rea, cuja primeira fase terminou em 2016, nem sequer est� prevista, uma vez que o projeto executivo para uma interven��o s� deve ser entregue no ano que vem.
A reportagem do Estado de Minas foi a v�rios pontos de alagamento em �reas diversas da capital e verificou problemas em comum, como grande quantidade de lixo sendo deixado pela via p�blica, que acaba entupindo as redes de drenagem. A avenida campe� de solicita��es de aux�lio da Comdec-BH durante as chuvas sofre com o problema cr�nico de lixo atirado nos passeios, sobre bueiros e no meio da via. Os sacos de lixo que se acumulam nas esquinas da Francisco S� acabam devassados por catadores de material recicl�vel e espalhados mais uma vez pela avenida. “Quando chove, as vias aqui viram um rio. Mesmo com um port�o feito para resistir � for�a das chuvas e das enxurradas, a gente acaba tendo preju�zos. Os carros descem boiando e batem no nosso muro, no port�o. Se uma correnteza dessas te pega no meio da rua, ningu�m aguenta resistir. Tem de fugir para sobreviver”, disse a empres�ria Leicimar de Souza.

Mesmo com todas essas amea�as, � comum ver pessoas depositando lixo em hor�rios inadequados, ou seja, muito antes daquele previsto para a coleta. Pelas normas, o dep�sito de entulho e sujeira s� pode ser feito durante a hora que antecede a passagem do caminh�o de lixo. Os res�duos tamb�m s�o removido e espalhado sem qualquer cerim�nia pelos catadores de material reciclado. De acordo com a Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU), os locais de grande ocorr�ncia de alagamentos t�m a��es e fiscaliza��o priorit�rias. “As avenidas Vilarinho, Francisco S�, Teresa Cristina, Cristiano Machado, Bernardo Vasconcelos e diversos outros pontos da cidade foram alvo dessas interven��es promovidas pelo Departamento de Pol�ticas Sociais e Mobiliza��o da SLU, em parceria com as unidades regionais de Limpeza e Infraestrutura Urbana e a Fiscaliza��o da Prefeitura”, informou a SLU.
Os mesmos problemas de inunda��es acabam agravados tamb�m na Avenida Cristiano Machado e Bernardo Vasconcelos e Tereza Cristina. “Recolho muitas garrafas PET e latas para vender nos dep�sitos de reciclagem, mas fico impressionado como as chuvas ainda conseguem trazer para dentro dos rios uma montanha de garrafas e de lixo”, observa o catador An�bal Alves Miranda, de 57 anos. O n�vel do C�rrego Cachoeirinha, que corre em leito aberto pela avenida, sobe em poucos minutos e por isso a �poca de chuvas demanda muita aten��o dos comerciantes. � frequente sobretudo para quem tem mesas e cadeiras do lado de fora do estabelecimento, acabar sendo pego de surpresa pelas enxurradas. H� 20 anos trabalhando em sua loja de materiais de constru��o, o comerciante Jos� Maria Luiz, de 65, lembra que esse drama come�ou em 1998. “A �gua passou por cima do guarda-m�o. De l� para c� quase nada foi feito. S� n�o temos mais preju�zos porque nos prevenimos. Refor�amos nossas portas com prote��es, mas precisa ser muito r�pido, porque se n�o o rio te engana e invade a loja”, conta.

Projeto para a pr�xima chuvarada
A primeira etapa da obra para recupera��o da galeria da Avenida Francisco S� foi conclu�da em 2016. De acordo com a PBH, o intuito do projeto � melhorar o escoamento das �guas de chuva no local. “Foram investidos R$ 2,7 milh�es, com recursos do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC). Foram captados pela atual gest�o recursos no Programa Avan�ar Cidades para elabora��o de projetos executivos com in�cio de elabora��o j� em 2019. Atualmente, a��es para reduzir os riscos de inunda��o nesses locais est�o concentradas no monitoramento cont�nuo e na intensifica��o da limpeza de bueiros e desobstru��o das galerias existentes”, informou a PBH, por meio da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).
Para mitigar os impactos das chuvas na Avenida Teresa Cristina, foram conclu�das a bacia de deten��o da primeira etapa do C�rrego Jatob�/Olaria e a do C�rrego Bonsucesso, ambas na Bacia do Ribeir�o Arrudas. “Tamb�m foram conclu�das as obras de recupera��o do canal do Arrudas, no trecho que vai da Rua Rio de Janeiro at� a Alameda Ezequiel Dias, numa extens�o de 1.500 metros”.
Foram retomadas pela atual gest�o e est�o em andamento obras de implanta��o de duas bacias no C�rrego T�nel Camar�es na regi�o do Barreiro. A primeira das bacias executadas j� apresentou funcionalidade nas chuvas do in�cio do ano, retendo volumes significativos de �gua. A segunda bacia prevista no local est� quase toda pronta e tamb�m apresentar� funcionalidade j� no pr�ximo per�odo chuvoso. Tamb�m est� em processo licitat�rio a implanta��o da bacia de deten��o no Bairro das Ind�strias, na regi�o do Barreiro, que ajudar� a reduzir os riscos de inunda��es na Tereza Cristina. Ser� licitada ainda a bacia de deten��o do C�rrego Olaria, que complementa a j� executada no C�rrego Jatob�. A previs�o de in�cio de obras de implanta��o dessas bacias � 2019. “Importante ressaltar que para reduzir o risco de inunda��es na Avenida Teresa Cristina tamb�m � necess�ria a conclus�o das interven��es no C�rrego Ferrugem, em Contagem, iniciadas pelo governo do estado.